terça-feira, 11 de setembro de 2012

Assassino de Evo Fernandes foi condenado em tribunal português

Canal de Correspondência
por Henrique Nota

Contrariamente ao que escreveu Fernando Couto


Xavier Chagas confessou ser o autor do crime em que foi vítima, em Portugal, o então SG da Renamo, por instruções do SNASP chefiado por Mariano Matsinhe. O diplomata de Moçambique em Lisboa, Rafael Custódio Marques, foi expulso de Portugal. Paulo de Oliveira escreveu no livro dele que a operação de assassinato do Dr. Evo Fernandes foi planeada pela D-13, a Divisão das Operações Externas do SNASP, na altura quando o Ministério da Segurança-SNASP era dirigido por Sérgio Vieira.

Maputo (Canalmoz) - Ao Director do Canamoz – Maputo. Li com atenção e interesse numa edição recente do Canalmoz a carta do Senhor Adelino das Serras Pires sobre o caso do médico espanhol morto durante um ataque dos guerrilheiros da Frelimo, descrito no livro intitulado, Moçambique 1974 – O fim do império e o nascimento da nação, da autoria do escritor Fernando Amado Couto.
O livro menciona um outro episódio que foi a morte do ex-secretário geral da Renamo, o Dr. Evo Fernandes, que teve lugar em Portugal em 1988. Surpreendido fiquei de ler que o autor do livro afirmasse que as causas da morte do Dr. Evo Fernandes nunca foram esclarecidas. As causas do assassinato do Dr. Evo Fernandes são bem conhecidas. Primeiro, o autor material do assassinato, Xavier Chagas, foi condenado por um tribunal português depois de ter confessado a sua culpabilidade. Segundo, o autor do crime confessou também que tinha recebido instruções do SNASP, ou Serviço Nacional da Segurança Popular, que era o Ministério da Segurança de Moçambique, chefiado por [Mariano de] Araújo Matsinhe.
A polícia da investigação criminal portuguesa, PJ, desejou aprofundar as investigações com fundamento na confissão do Xavier Chagas e pediu ao governo de Moçambique o levantamento da imunidade diplomática do funcionário do SNASP que trabalhava na Embaixada de Moçambique em Lisboa, Rafael Custódio Marques, para assim prestar declarações à PJ.
O governo de Moçambique negou o pedido de levantamento da imunidade diplomática de que o funcionário do SNASP ao serviço da Embaixada de Moçambique, Rafael Custódio Marques, beneficiava para desenvolver as suas actividades em Portugal.
Ao recusar o pedido do governo de Portugal, o governo da República Popular de Moçambique reconhecia o seu envolvimento na prática do crime, tal como confessado pelo Xavier Chagas, durante os interrogatórios efectuados pela PJ.
Por causa da recusa, o governo português declarou o funcionário do SNASP, com estatuto de diplomata, destacado na Embaixada da República Popular de Moçambique em Lisboa, Rafael Custódio Marques, como a pessoa não grata e por essa razão foi expulso de Portugal.
A participação da Embaixada de Moçambique, em Lisboa, no assassinato do ex-secretário geral da Renamo, Dr. Evo Fernandes, também foi confirmada pelo agente do SNASP, Paulo de Oliveira. O Paulo de Oliveira escreveu no livro dele que a operação de assassinato do Dr. Evo Fernandes foi planeada pela D-13, a Divisão das Operações Externas do SNASP, na altura quando o Ministério da Segurança-SNASP era dirigido por Sérgio Vieira.
Assim, está lucidamente claro que as causas da morte do Dr. Evo Fernandes foram bem esclarecidas.
Agradeço a publicação desta carta.

Obrigado,
Henrique Nota
Beira, Província de Sofala (x)