domingo, 2 de setembro de 2012

DESFAZENDO O “SEGREDO” DOS 16 ANOS DE GUERRA CIVIL, EM MOÇAMBIQUE




- O veterano fundador da FRELIMO fez esta revelação num debate radiofónico a
propósito do papel do malogrado Presidente Samora Machel na construção da Nação Moçambicana, avançando que a RENAMO foi uma criação de Ken Flower e de outros rodesianos, mas que, com o desenrolar da guerra, a RENAMO foi aconselhada pelos americanos a transformar-se em partido político com a finalidade de concorrer nas primeiras eleições multipartidárias.
Marcelino dos Santos reconhece que era impossível vencer militarmente a RENAMO
Paulo Machava
(Maputo) O histórico da FRELIMO, Marcelino dos Santos, revelou que, com o desenrolar do fim
do conflito armado de 16 anos, o seu partido acabou chegando à conclusão de que era impossível vencer militarmente a RENAMO, daí que se tenha iniciado um processo com vista à assinatura do Acordo Geral de Paz e consequente realização das primeiras eleições multipartidárias.
Sem entrar em detalhes, o veterano fundador da FRELIMO, Marcelino dos Santos, remeteu uma
explicação mais detalhada para o seu partido, mas fez questão de sublinhar que a RENAMO também foi aconselhada pelos americanos a transformar-se em partido político de modo a concorrer às eleições presidenciais e legislativas, mas, devido à imaturidade e génese da própria RENAMO, Marcelino dos Santos foi igual a si mesmo ao afirmar que “a RENAMO foi criada por Ken Flower e por outros rodesianos como atestam os vídeos e outro material disponível na posse das autoridades moçambicanas, incluindo a Televisão Pública Moçambicana, TVM”.
Acrescentou que o que os rodesianos pretendiam inicialmente era criar um grupo de recolha de informações em Moçambique pós-independência e não necessariamente uma alternativa política ao Governo da FRELIMO. Mas desenvolvimentos posteriores levaram à adopção de outros métodos mais violentos, nomeadamente mortes, destruição de infra-estruturas e pilhagem de bens da população, em suma, desestabilizar o País e criar descontentamento popular.
Falando à estação pública, Rádio Moçambique, no programa radiofónico “Linha Directa” a propósito do papel do Presidente Samora Machel na construção da Nação Moçambicana, Marcelino
dos Santos foi, mais uma vez, categórico ao qualificar a RENAMO de bandidos armados.
Sobre o papel de Samora Machel nos seus 14 anos de governação, antes da sua trágica morte em Mbuzini a 19 de Outubro de 1986, Marcelino dos Santos assumiu que, quando Samora Machel morre, este já tinha dado luz verde para o início do Programa de Reabilitação Económica sem com isto significar uma viragem do País para o capitalismo.
Num programa onde participaram, igualmente, o economista António Souto, o sociólogo Manuel
Macie, o médico Eduardo Munhequete e a deputada Elga Mondlane, o veterano da Luta de Libertação de Moçambique, insistiu que Samora Machel era um dirigente programático capaz de ouvir para fazer as devidas correcções caso fossem necessárias para imprimir uma governação mais eficiente.
Aliás, o economista António Souto realçou a capacidade interventiva do Presidente Samora Moisés Machel e a sua visão sobre os problemas do povo e a forma de solucioná-los, incluindo as aldeias comunais hoje questionadas, mas que, na altura, foram consideradas como forma de organização do povo moçambicano.
Os outros convidados ao debate radiofónico da Rádio Moçambique realçaram as capacidades de liderança do malogrado Presidente Samora Moisés Machel, a construção da moçambicanidade e da justiça social.
DIÁRIO DE NOTÍCIAS (Maputo) – 10.10.2006