quinta-feira, 20 de setembro de 2012

REFLEXÃO FEMININA

REFLEXÃO FEMININA


A uma mulher, sempre é dado o direito de esperar.
E assim o amor nos chega (ou não chega): à espera, de espera,
Muitas vezes áspero de cansaço,
Outras vezes mirrado pelo calor dos dias.
Vezes tantas, quase nem chega,
Como se debochasse da nossa ilusão.


A uma mulher, sempre é dado o direito esperar.
Quem sabe um olhar amável, um pequeno revés de ciúme,
Migalhas.
A uma mulher, sempre é dado o direito de ver enigmas que não existem,
Possibilidades incorretas e abstratas e loucas.
Uma mulher pode, sempre, ver razão para amar
Mesmo sem nada receber em troca.
Sonhar com mãos que não a tocam,
Ver desejos em olhos pífios
Ver força na fraqueza de homens vieram a nada
E por nada ficaram.

A uma mulher sempre é dado o direito de ficar à espera
À espreita, desejo e sonho represados.
Fingir que não sente,
Fazer-se de moderna e morna e morrer de amor por dentro,
Afogada de encantos tortos e verdades intocadas.


Mas a mediocridade da espera não gera .
A uma mulher, força e feliz tecelã da existência humana,
É dado, ainda, o dever de desesperar o século
E fazer florir, na cratera de todas as eras,
Um amor concreto e desmedidamente seu.