sábado, 10 de janeiro de 2015

Cercos de Paris terminam com morte de atacantes e de quatro reféns

 
(actualizado às )

Reféns foram mortos na Porta de Vincennes. Terão sido abatidos antes do assalto das forças policiais à mercearia kosher onde se barricou o atacante que pertenceria ao mesmo grupo extremista que os atiradores do Charlie Hebdo. Hollande descreveu o ocorrido como um "terrível acto anti-semita".


Os suspeitos de terem levado a cabo o ataque ao jornal satírico Charlie Hebdomorreram na operação policial desencadeada nesta sexta-feira na gráfica onde estavam barricados e onde tinham feito um refém, confirmaram fontes governamentais à Reuters e à AFP. Foi também morto o homem que estava barricado numa mercearia kosher na zona oriental de Paris e quatro dos seus reféns.

Depois de horas de tensão a subir desde que, de manhã cedo, surgiram as primeiras notícias relativas aos dois irmãos que roubaram um carro e se barricaram numa gráfica, a situação parece ter-se resolvido com rapidez: explosões e trocas de tiros na gráfica, em Dammartin, seguidas, pouco depois, de trocas de tiros e explosões numa mercearia kosher (que vende comida que respeita as regras da religião judaica) junto à Porta de Vincennes, na zona oriental da capital francesa.

A polícia confirmou que os dois irmãos suspeitos do ataque ao Charlie Hebdo, Chérif et Said Kouachi, morreram.


O diário Le Monde faz um resumo do que é certo até este momento: para além da morte dos irmãos, um dos sequestradores da mercearia foi morto, vários dos seus reféns foram libertados mas quatro foram mortos. Quatro polícias que participaram nas operações junto à Porta de Vincennes ficaram feridos.

Uma das dúvidas que permanecia ao fim do dia era se Amady Coulibaly, identificado como o atacante da mercearia, actuou sozinho ou se havia um segundo sequestrador. Outra incógnita era o destino de Hayat Boumedienne, a sua companheira.

Coulibaly é também o principal suspeito da morte, na quinta-feira, de uma agente da polícia. Num contacto com a BFM TV, a meio da tarde, afirmou que havia "quatro mortos" na mercearia o que, a confirmar-se, significaria que os reféns não teriam sido mortos antes do assalto das forças de segurança.

Foi um final rápido para três dias de choque e comoção em França e de uma enorme operação antiterrorismo que juntou 88 mil agentes, que começou com o ataque no Charlie Hebdo na quarta-feira e que se complicou com um segundo ataque, na manhã de quinta-feira, que deixou uma agente da polícia morta e um funcionário municipal ferido. Já esta sexta-feira ocorreu o caso na mercearia kosher.

Ao final do dia, o Presidente francês, François Hollande, referiu-se a esta última ocorrência como um "terrível acto anti-semita". Ao falar dos acontecimentos dos últimos dias em França disse que "aqueles que cometeram esses actos terroristas, esses fanáticos, não têm nada a ver com o Islão".

O primeiro-ministro, Manuel Valls, pronunciou-se no mesmo sentido. "Começámos uma guerra contra o terrorismo, não uma guerra contra a religião, e não contra o Islão". O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, foi o primeiro a falar depois do fim das operações. Prestou tributo ao “trabalho excepcional” das forças de segurança.

O ataque da mercearia kosher levou o chefe do Governo de Israel, Benjamin Netanyahu, a pedir a François Hollande para manter um nível de protecção elevado das instituições judaicas em França, disseram à AFP fontes governamentais israelitas.

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