segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O Dhlakama errático e país hipotecado


Quando regressou da “parte incerta”, Afonso Dhlakama era um homem sensato. Ele havia se reencarnado numa figura menos belicista. Havia mudado de postura. Fez uma campanha eleitoral mais madura, com um discurso progressista e de defesa do Estado e, no seu primeiro pronunciamento depois da votação do dia 15 de Outubro, surpreendeu meio mundo com uma postura de estadista, fazendo abordagem concisa e clara na interpretação da economia política das eleições em África, incluindo uma análise exímia sobre o alcance das missões de observação eleitoral (a qual se limita a abordar o dia da votação, deixando de lado as grandes irregularidades que se verificam no processo de apuramento dos resultados).
Nesse discurso, quando se esperava que a Renamo levantaria logo o machado de guerra, Dhlakama foi conciliador, travando até predisposições mais violentas dentro das suas hostes, tal como a que o seu porta-voz, António Muchanga, já ensaiava.
As eleições nao foram totalmente isentas, diga-se, mas a Renamo teve a sua quota parte com a sua incapacidade de fiscalizar plenamente o processo, mesmo estando ela nos órgãos eleitorais. A postura dos seus vogais na CNE foi duvidosa (nem sempre em defesa do Partido) e ainda falta trazer à luz do dia os meandros do concurso público que atribuiu a logística eleitoral a empresas ligadas a membros proeminentes Frelimo (Académica e Escolpil).
Seja como for, Dhlakama aceitou a casa que o Governo lhe paga na Sommerschield II e um estatuto especial aprovado na AR. Era um alívio para o moçambicanos. Mas ei-lo agora com o machado da guerra em punho. Primeiro, o governo de Gestão, depois o “Moçambique do Centro e do Norte”, o boicote ao Parlamento e às Assembleia Provinciais e, agora, ontem, mais radicalizado, a tomada das capitais das provinciais onde a Renamo teve a maioria e a separação de Moçambique pelo Rio Save. É uma declaração de guerra que os moçambicanos não querem ouvir.
No fundo de tudo isto está uma tal inclusão económica (mais do que política) que a Frelimo não consegue proporcionar à Renamo. Ao mesmo tempo que desagrada-me o recurso à guerra para se ter voz (nas actuais circunstâncias políticas de Moçambique) creio que é preciso haver um arranjo urgente para que a distribuição da riqueza dos recursos naturais não se limite às elites da Frelimo mas abranja também as elites da Renamo. Acredito que os moçambicanos fecharão os seus olhos e aprovarão esse arranjo, para que tenhamos paz e menos sangue das estradas. O Dhlakama errático como estava ontem mete meto. E dó.
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O QUE DIZEM OS LEITORES - Hum… “papá”, assim não dá!
Terça, 20 Janeiro 2015 00:00 |

TINHA decidido não voltar a falar mais sobre o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, ou melhor a falar sobre os seus actos. Mas em cada dia que passa ele surpreende pela negativa e face a isso, não consigo guardar mutismo.
Dhlakama esteve há dias em Tete, numa digressão pelo país que se destina a propalar o tal governo de gestão e o nascimento de uma tal “república do centro e norte de Moçambique”, auto proclamando-se presidente.
Sobre estas duas matérias não vou comentar pois, disse várias vezes tratar-se de actos inconstitucionais e que se destinam a matar o processo democrático em aprofundamento em Moçambique e também a promover a divisão entre os moçambicanos, o tribalismo, o regionalismo, enfim, tudo em afronta directa a lei-mãe.
Afonso Dhlakama gozando não sei de que imunidades prossegue com discursos incendiários tendentes a mobilizar o povo à violência e desobediência civil, numa altura em que o Governo saído das eleições toma posse e está prestes a trabalhar em prol do bem estar do povo.
O líder da Renamo prometeu num comício em Tete reagir dentro de uma semana caso o partido vencedor das eleições presidenciais e legislativas de 15 de Outubro passado, não aceite a sua proposta de criação de um governo de gestão.
“Eu não vou ajoelhar-se à Frelimo porque não fui eu que roubei os votos. A Frelimo é que se vai ajoelhar a mim porque vou responder dentro de uma semana caso eles continuem a brincar com o povo” – estava a citar as declarações de Afonso Dhlakama.
A pergunta que faco a este dirigente político é a seguinte: de que povo ele se refere? Povo moçambicano há apenas um, do Rovuma ao Maputo. É esse mesmo povo que foi as urnas e votou massivamente em Filipe Jacinto Nyusi, como Presidente da República e no partido Frelimo para a Assembleia da República.
Importa referir que dentro deste mesmo povo, uma franja, não pouco significativa, votou em Afonso Dhlakama e na Renamo e outra franja em Davis Simango e no seu Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e uma outra ainda noutros partidos. São franjas em miniatura cujo somatório dos votos não supera aos acumulados pela Frelimo e seu então candidato. Democracia é assim mesmo, tem regras as quais devem ser cumpridas.
Admira-me pois, que Afonso Dhlakama continue a mobilizar o povo para desacatos. Então o líder da Renamo é todo-poderoso a ponto de afirmar que “nenhum presidente neste país pode competir com Dhlakama” e, mais ainda que “o que a Frelimo está a fazer é uma brincadeira e desta vez nós vamos reagir porque o povo está connosco”. Nalgum momento chego até a duvidar da sanidade do Presidente da Renamo.
A mais incendiária declaração de Afonso Dhlakama foi quando afirmou perante os que o assistiam que “podemos tomar este país”. Em que qualidade vai ele tomar este país” quem lhe terá outorgado esse direito? Povo moçambicano é só um. Moçambique é só um. Uno e indivisível. De que povo está a falar Afonso Dhlakama? Hum!!! “Papá”. Assim não dá.
Ao mobilizar a gente do centro e norte para a criação de tal república, o líder da Renamo pratica um crime previsto e condenável nos termos da lei. Quer dizer, ele pretende tomar o poder pela via da forca. Diz que a sua Renamo não quer mais a guerra, mas volta e meia ameaça tomar o poder.
O povo moçambicano obedece a apenas um comando. O comando constitucional. E que zela por fazer respeitar este comando é o Presidente da República, o Chefe do Estado, o Comandante-Chefe das Forcas de Defesa e Segurança, no caso, Filipe Jacinto Nyusi.
Este é um mandato que lhe foi conferido pelo povo e, acredito, Nyusi não vai deixar impune o líder da Renamo porque bem o disse no seu discurso de tomada de posse, a 15 de Janeiro, “em Moçambique ninguém está acima da lei”.
Uphiwa Uphinda
TINHA decidido não voltar a falar mais sobre o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, ou melhor a falar sobre os seus actos. Mas em cada dia que passa ele surpreende pela negativa e face a isso, não consigo guardar mutismo.
Dhlakama esteve há dias em Tete, numa digressão pelo país que se destina a propalar o tal governo de gestão e o nascimento de uma tal “república do centro e norte de Moçambique”, auto proclamando-se presidente.
Sobre estas duas matérias não vou comentar pois, disse várias vezes tratar-se de actos inconstitucionais e que se destinam a matar o processo democrático em aprofundamento em Moçambique e também a promover a divisão entre os moçambicanos, o tribalismo, o regionalismo, enfim, tudo em afronta directa a lei-mãe.
Afonso Dhlakama gozando não sei de que imunidades prossegue com discursos incendiários tendentes a mobilizar o povo à violência e desobediência civil, numa altura em que o Governo saído das eleições toma posse e está prestes a trabalhar em prol do bem estar do povo.
O líder da Renamo prometeu num comício em Tete reagir dentro de uma semana caso o partido vencedor das eleições presidenciais e legislativas de 15 de Outubro passado, não aceite a sua proposta de criação de um governo de gestão.
“Eu não vou ajoelhar-se à Frelimo porque não fui eu que roubei os votos. A Frelimo é que se vai ajoelhar a mim porque vou responder dentro de uma semana caso eles continuem a brincar com o povo” – estava a citar as declarações de Afonso Dhlakama.
A pergunta que faco a este dirigente político é a seguinte: de que povo ele se refere? Povo moçambicano há apenas um, do Rovuma ao Maputo. É esse mesmo povo que foi as urnas e votou massivamente em Filipe Jacinto Nyusi, como Presidente da República e no partido Frelimo para a Assembleia da República.
Importa referir que dentro deste mesmo povo, uma franja, não pouco significativa, votou em Afonso Dhlakama e na Renamo e outra franja em Davis Simango e no seu Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e uma outra ainda noutros partidos. São franjas em miniatura cujo somatório dos votos não supera aos acumulados pela Frelimo e seu então candidato. Democracia é assim mesmo, tem regras as quais devem ser cumpridas.
Admira-me pois, que Afonso Dhlakama continue a mobilizar o povo para desacatos. Então o líder da Renamo é todo-poderoso a ponto de afirmar que “nenhum presidente neste país pode competir com Dhlakama” e, mais ainda que “o que a Frelimo está a fazer é uma brincadeira e desta vez nós vamos reagir porque o povo está connosco”. Nalgum momento chego até a duvidar da sanidade do Presidente da Renamo.
A mais incendiária declaração de Afonso Dhlakama foi quando afirmou perante os que o assistiam que “podemos tomar este país”. Em que qualidade vai ele tomar este país” quem lhe terá outorgado esse direito? Povo moçambicano é só um. Moçambique é só um. Uno e indivisível. De que povo está a falar Afonso Dhlakama? Hum!!! “Papá”. Assim não dá.
Ao mobilizar a gente do centro e norte para a criação de tal república, o líder da Renamo pratica um crime previsto e condenável nos termos da lei. Quer dizer, ele pretende tomar o poder pela via da forca. Diz que a sua Renamo não quer mais a guerra, mas volta e meia ameaça tomar o poder.
O povo moçambicano obedece a apenas um comando. O comando constitucional. E que zela por fazer respeitar este comando é o Presidente da República, o Chefe do Estado, o Comandante-Chefe das Forcas de Defesa e Segurança, no caso, Filipe Jacinto Nyusi.
Este é um mandato que lhe foi conferido pelo povo e, acredito, Nyusi não vai deixar impune o líder da Renamo porque bem o disse no seu discurso de tomada de posse, a 15 de Janeiro, “em Moçambique ninguém está acima da lei”.
Uphiwa Uphinda

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