terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Polícia liberta líderes dos “madgermanes”, mas não lhes informa por que estavam detidos

Detidos na sexta-feira

Hoje, segunda-feira, os dois líderes deverão comparecer na 1.a Esquadra da cidade de Maputo
A Polícia da República de Moçambique libertou na manhã de ontem, domingo, os dois líderes dos “madgermanes” que estavam detidos em conexão com o protesto que fizeram contra uma notícia falsapublicada pelo jornal pró-governamental ”Domingo”. A Polícia não informou por que razão os dois estavam detidos. Hoje, segunda-feira, deverão comparecer na 1.a Esquadra da cidade de Maputo, local onde foram ouvidos na sexta-feira e daí encaminhados para as celas do porto.
Estavam detidos Arnaldo Mendes e Zeca Cossa, que foram notificados na passada quinta-feira para comparecerem na 1.a Esquadra. Quando lá chegaram, em vez de serem ouvidos, foram encaminhados para as celas da 8.a Esquadra, no recinto do porto de Maputo. 
Ao “Canalmoz”, o porta-voz da Polícia, Orlando Mudumane, desmentiu que os dois haviam sido detidos. “Foram notificados por um inspector da Polícia de Investigação Criminal afecto à 1.a Esquadra da PRM, para serem ouvidos.”
Modumane confirmou que a notificação está relacionada com “a invasão da Sociedade do “Notícias’”, na passada quarta-feira. “Esta empresa sentiu-se lesada e apresentou uma queixa contra esses dois indivíduos devidamente identificados”, disse Orlando Mudumane.

Mas, contrariamente ao que diz Mudumane, Mendes e Cossa estavam mesmo detidos desde as primeiras horas de sexta-feira. 
Recorde-se que, na passada quarta-feira, os “madgermanes” foram exigir a reposição da verdade de uma notícia falsa publicada pelo jornal “Domingo”, segundo a qual a insistência daquele grupo em marchar pela exigência dos seus direitos era pró-Renamo e estava a ser instigada pelo embaixador alemão em Maputo, que até teria contratado um advogado para o grupo, no sentido de pressionar o Governo da Frelimo. Por várias vezes, os “madgermanes” tentaram contactar o chefe da Redacção do “Domingo”, para a reposição da verdade, mas este sempre se mostrou indisponível. Na quarta-feira, os “madgermanes” foram todos ao “Domingo” procurar pelos responsáveis do jornal. Os responsáveis aceitaram reunir-se com os “madgermanes”, tendo reconhecido que a informação era falsa e prometido um pedido de desculpas na próxima edição. Mas tudo indica que, antes do pedido de desculpas, o jornal “Domingo” e a Polícia organizaram detenções. 
Não é a primeira vez que os órgãos pró-governamentais inventam notícias sobre marchas, violência e embaixadores, com vista a desacreditar a comunidade internacional e os grupos de pressão, que incluem a oposição. Em finais do ano passado, a RM, o jornal “Público” e a TVM também inventaram uma reunião de concertação de marchas e de encontros entre o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, o presidente do MDM, Daviz Simango, e o embaixador dos Estados Unidos da América, alegadamente para os instruir para não aceitarem os resultados das eleições de 15 de Outubro do ano passado e desencadearem uma vaga de manifestações violentas. O embaixador apenas lamentou o sucedido.
CANALMOZ – 26.01.2015

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