quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

"Senso & Sensibilidade" ou "Indignação Selectiva"?




No dia do anuncio do acórdão do CC sobre as eleicções de 15 de Outubro, o Presidente Guebuza agradecendo aos eleitores que depositaram a confiança na FRELIMO e no seu candidato que a vitoria havia sido "arrancada". Arrancada com todo o sentido lirico e figurado que a palavra comporta e encerra, ate porque ninguém andou engalfinhado com boletins de voto na mo a tentar "arrancar" de outrem como a imagem de "puxa-puxa", "arranca-arranca" que nos passa agora pelas mentes sugere.

"Arrancada" como se arranca a colheita da terra, o peixe do mar, a energia do rio e todo qualquer resultado fruto de trabalho, empenho e suor dos que apostam no trabalho para obter rendimentos. Ate porque a Oposição demonstrou estar presente no processo.

Ora bem, em todo discurso do Presidente apenas foi equacionada a palavra "arrancada" e dela se fez toda, (de novo) um "Auto-de-Fe" debatendo a palavra despida do seu contexto lirico e figurativo, assim se debateu o falso e fazendo disso outros "assunto nacional". Bem, sao estrategias e cada qual usa as suas.

Ha dias, o excelso lider da Oposicao, usou um termo que cabe no linguajar, do mais baixo que se pode usar em condicoes normais, e impensavel de ser referido por um politico que se preze e ainda por cima lider do maior partido da Oposicao que clama ter vencido as eleicoes: "Se brincam vao levar Porrrada!!" comentando as nomeacoes do novo governo.

Ha uns dias mais atras, conversava a convite do meu amigo Milton Machel as eleicoes na Zambia e ao facto de os zambianos haverem conseguido realizar um debate com os sete candidatos presidenciais (entre eles uma senhora) e a eterna comparacao com o caso domestico e a conclusao corcunda de "lack of democracy". Defendia na altura, e agora mais ainda, que o debate nao e algo estetico mas sim qualitativo, que depende, e muito, da qualidade do discurso dos intervenientes. Outros argumentos foram arrolados, mas insistindo no estetico aspecto do fenotipo.

Ora, depois deste elucidativo comentario volto a perguntar aos meus amigos na seguinte ordem:
1o. "Porrada" mesmo? O que ha de lirico e figurativo na expressao "Porrada"?
2o. Espero que percebam agora quando me referia a`a qualidade do discurso politico. Quem diz porrada a falar `a imprensa o que dira/fara ao seu adversario politico?

Para falar a verdade nem estou a espera de respostas. Olho triste e pesaroso o desnivel da nossa qualidade de debate. Usamos argumentos quantitativos ou meramente reflexivos (Sindrome de Pavlov) para demonstrarmos uma pretensa qualidade na nossa democracia, que permanecera, nos moldes em que a criamos, e a cada dia mais pejada de violencia que se sedimenta como principal argumento politico.

O anti-Frelismo doentio de alguns apodrece o debate e empesta o discurso politico da Oposicao. Esse sentimento nao ajuda nem tao pouco a percepcao das realidades nacionais e os tais usam as dinamicas politicas para "encavalitarem" as suas frsutracoes e alvejarem a FRELIMO com tudo que lhes chega aos ouvidos, maos e a boca. O resultado esta aqui: uma falsa e hipocrita massa critica que se indigna com o que nao percebe e assobia para o lado fingindo nao ver o pior.
 — with Marcelo MosseTomás TimbaneLi Pain and 14 others.
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