terça-feira, 10 de março de 2015

A “Unidade Nacional” vestida de batina

Eis a minha posição em relação à mensagem da Conferência Episcopal de Moçambique. Quem quiser discutir comigo os méritos das questões que coloco é bem vindo. Quem quiser desviar-nos desse propósito será afastado do meu convívio. O acordo e o desacordo são bem vindos. Os ataques pessoais e a deturpação não são.
A “Unidade Nacional” vestida de batina
A filosofia deve muito à religião mesmo se em alguns momentos tiver havido divergências. E esta é uma maneira “soft” de colocar as coisas. Como acontece com toda e qualquer instituição humana, quando um grupo de pessoas percorre o mundo convencido de que está do lado da razão e tem o poder para se impor, a religião, em forma institucional, portanto como igreja no caso do Cristianismo, pode ser extremamente intolerante. A Igreja Católica não foge a esse padrão na sua história. Mas um teólogo que admiro bastante e sobre quem gosto de ler, sempre que posso, é Tomás de Aquino. Viveu no século XIII e a sua obra constitui um dos momentos mais marcantes da evolução do pensamento filosófico. São várias as coisas que admiro em Aquino. Para já, gosto da forma como ele se apropriou da filosofia de Aristóteles (cuja filosofia, nos primeiros anos de vida de Tomás de Aquino, era hostilizada pela Igreja Católica), desenvolveu-a e tornou-a relevante mesmo para a própria Igreja Católica. Gosto também da distinção que ele fez entre o saber revelado (da Bíblia) e o saber natural (a razão), este último condição essencial do diálogo entre pessoas que creem em deuses diferentes. Essa distinção é para mim uma das maiores afirmações da importância do debate na base dos méritos das questões. Gosto também, e isto é importante para esta reflexão, do que ele disse em relação à consciência. Segundo Aquino nem sempre somos obrigados a obedecer à nossa consciência. Curiosamente, ele concede que desobedecer à consciência é errado, mas nem todo o acto que resulta da obediência à consciência é correcto. Acho este pensamento fenomenal e em linha de sintonia com o seu recurso ao pensamento ético de Aristóteles que insistia na virtude como garante duma vida que vale à pena viver.
Faço esta breve incursão para indicar, desde já, as balizas do meu desacordo profundo com a intervenção recente da Conferência Episcopal de Moçambique. Num curioso documento publicado no dia 26 de Fevereiro com o título estranho (e já explico porquê) “Mensagem do Concelho Permanente da CEM, (sic) às comunidades cristãs, (sic) e a todos os moçambicanos de boa vontade, (sic) sobre os actuais desafios da unidade nacional” os Bispos moçambicanos lançam um apelo em defesa da unidade nacional que consideram estar sob ameaça em resultado (a) da instrumentalização do discurso da unidade nacional por certos grupos para seu próprio benefício, (b) da partidarização das instituições do Estado que torna difícil a prossecução de objectivos importantes da Constituição e, finalmente, (c) da reluctância em promover um diálogo inclusivo com todas as forças vivas da sociedade. Está mais do que claro quem é o visado nisto tudo, nomeadamente a ideia da Frelimo que se tem no País, uma Frelimo todo-poderosa responsável por todos os males duma comunidade política em formação. A “mensagem” é, para mim, extremamente pobre do ponto de vista intelectual, baseia-se numa análise populista da situação política do País e é, pelo tom e pela forma, muito infeliz e inoportuna. Já vou explicar porquê. Mas antes quero explicar porque considero o título estranho.
Não percebo porque uma mensagem que é dirigida às “comunidades cristãs” não as exorta a fazerem isto ou aquilo, mas fala do que terceiros (políticos) não estão a fazer. Tratando-se duma instituição particular se ela emite uma mensagem aos seus membros ela tem que colocar as responsabilidades desses membros no centro da sua proclamação. Isso significa analisar uma determinada situação com base nos preceitos morais que eles partilham e exortá-los a adoptarem o tipo de conduta que vai tornar a mudança (ou melhoria) possível (foi assim que Tomás de Aquino fazia e chegou até a inspirar Vladimir Lénine!). É o que eu faria se, por exemplo, fosse chefe duma associação. Analisaria a situação e apelaria aos membros para se comprometerem ainda mais com os princípios que a nossa associação defende. Não iria de modo nenhum limitar toda a minha análise à descrição do que penso que não-membros não estão a fazer bem e que deveriam mudar. Mesmo partindo do princípio de que alguns membros do partido no poder possam ser também cristãos a minha mensagem, como associação privada, seria dirigida à sua consciência como cristãos.
Também não percebo porque a mensagem é limitada “aos moçambicanos de boa vontade”. Sei que se trata dum recurso retórico, mas num contexto em que se destaca a má conduta de alguns seria importante começar por esclarecer o que é um moçambicano de boa vontade. É aquele que acredita em Deus? É aquele que respeita a constituição? É aquele que se preocupa com os outros? E se for isso, porque uma instituição que se arroga o direito de falar para a consciência das pessoas não se quer dirigir aos moçambicanos de má vontade? Porque em nome da unidade nacional fomenta o divisionismo…? Se os que a mensagem critica são de má vontade porque devem eles escutar o que o CEM tem para dizer? Já agora, eu que não concordo com a mensagem sou moçambicano de má vontade? Eu acho o título estranho.
Mas pior do que o título é a própria mensagem, e aqui vou explicar o meu desacordo. Volto a Tomás de Aquino e ao que ele diz sobre a obediência à consciência para contextualizar melhor o meu desacordo. Não há dúvidas que com esta mensagem o CEM, como instância moral que ela julga ser (pelo menos para os crentes), obedece à sua consciência quando fala do que está mal e errado. Seria uma grande falha não obedecer à sua consciência quando ela exige que a Igreja fale e se coloque ao lado daqueles que precisam do seu amparo. O problema, contudo, é que a intervenção da Igreja é acima de tudo uma intervenção política. Quando ela acusa um pequeno grupo de monopolizar a unidade nacional, de partidarizar o Estado e de recusar o diálogo (e torna claro que está a falar do partido no poder) ela faz mais do que simplesmente ouvir e responder à sua consciência. Ela produz uma interpretação política que lhe retira a neutralidade que devia observar para manter o seu estatuto de instância moral. Isto é tanto mais problemático quanto a análise que faz é deficiente. Uma análise superficial da situação em Moçambique mostra naturalmente que se instrumentaliza a unidade nacional, que se partidarizam as instituições do Estado e que há falta de diálogo. Mas a questão não é constatar isto apenas. É também tentar perceber que condições é que contribuem para que seja assim. E uma análise dessa natureza pode mostrar que a distribuição de culpas não é assim tão linear como o CEM supõe. Quando ele usa um recurso retórico gasto como “para quem tem olhos de ver” (isto é quando fala das injustiças no país; diz que elas estão bem patentes para quem tem olhos de ver) revela, em minha opinião, a natureza superficial da sua abordagem. A situação do país não requer quem “tem olhos de ver”. Requer uma análise mais profunda que a “mensagem” não oferece. A chamada de atenção feita por Aquino é importante: nem todo aquele que obedece à sua consciência tem razão. Pessoalmente, acho que a mensagem é um exemplo paradigmático disso.
O outro aspecto que gostaria de referir tem a ver com o conceito de política que o CEM tem, aliás, com a ausência dum conceito de política no seu pensamento. Isto começa logo com o uso que faz da noção de “unidade nacional”. Primeiro preciso de esclarecer que pessoalmente tenho reticências em relação a esta noção devido ao seu enraizamento num discurso político totalitário. Uma instituição cristã devia ter sensibilidade para isto, bastando para isso olhar para a sua própria história e ver como a elevação de certos valores doutrinários conduziram à intolerância. O CEM teria sido mais feliz falando de “convivência sã” ou algo parecido. “Unidade nacional” é que não, pior ainda quando numa mensagem publicada em Fevereiro deste ano a deplorar que ela esteja ameaçada não diga nada, mas nada mesmo, sobre aqueles que ameaçaram dividir o País! Enfim.
O CEM caracteriza a “unidade nacional” como um bem comum e explica (passo a citar; o original tem sublinhados): “De facto, ela é um bem árduo de alcançar e, por isso mesmo, exige uma capacidade de total renúncia dos interesses meramente egoístas e a busca constante do bem-estar do outro como se fosse próprio. A «unidade nacional», portanto, constrói-se todos os dias, com a participação de todos os moçambicanos: homens e mulheres, crianças e velhos, jovens e adultos, sem exclusão de ninguém”. Isto é, na melhor das hipóteses, perplexidade e, na pior, papo do mais trivial que existe. Um bem comum que precisa de “total renúncia dos interesses meramente egoístas” para ser alcançado dificilmente pode servir de valor com utilidade prática para a acção política. Este é o discurso ingénuo da indústria do desenvolvimento e da sociedade civil profissionalizada. O desafio em Moçambique não é lograr a renúncia de “interesses meramente egoístas”, mas sim a criação de condições dentro das quais a prossecução desses interesses não impeça os outros de fazerem o mesmo, ou no mínimo, não implique que os outros fiquem a perder. Esse é o objecto da política e alcança-se não apenas com apelos morais, mas sim, e acima de tudo, com lutas sociais (no sentido positivo do termo “luta”) e com a acção política que toma em consideração os diversos interesses que fazem a nossa sociedade. Neste sentido, o CEM perdeu uma excelente oportunidade de apelar à consciência da oposição para se comprometer mais ainda com o jogo político, único garante das condições que vão diminuir os efeitos nefastos dos “interesses meramente egoístas”.
Portanto, o que se constrói todos os dias não é a “unidade nacional”, mas sim os termos de convivência sã. É como dizia Ernst Renan: a nação é um plebiscito de todos os dias. Eu que não sou político, nem tenho compromisso com nenhum programa político em especial posso dizer aqui e agora que não vejo a manutenção da integridade territorial de Moçambique para todo o sempre como um valor que mereça o meu investimento especial. Em princípio, e apesar de lamentar que haja discursos secessionistas, não vejo nenhum problema que partes de Moçambique se constituam em novos países desde o momento que o processo que conduza a essa situação seja respeitador dos preceitos que sustentam a convivência sã. Se for a vontade duma maioria devidamente legitimada de se afastar do convívio que nos constitui como nação, quem sou eu para desejar o contrário? Quem é o CEM para desejar o contrário? Quem somos nós para desejar o contrário? Insistir nisso como valor politicamente útil é revelar a postura política totalitária que está na base duma boa parte dos problemas que temos como comunidade política. Mas também seria de estranhar que logo uma religião institucionalizada fosse capaz de ver essa incoerência…
Num momento em que o País precisa de mais vozes que apelem para a importância da acção política dentro do quadro definido pelo espírito e letra da constituição democrática que temos aparece um grupo de homens vestidos em batinas com um discurso moral absolutista que promove, ao invés de eliminar, justamente o tipo de postura que nos cria problemas. É, no mínimo, estranho. Eu acho estranho e não percebo, sinceramente, porque algumas pessoas consideram esta intervenção útil e oportuna. Mas é para isso que estamos aqui. Vamos discutir.
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  • Cremildo Chitará Concordo. A mensagem analisada não difere, em minha opinião, de muitas outras que aquela instituição foi emitindo ao longo dos tempos. Sempre me deu a sensação de se tratar de "defesa" dos que, por (de)mérito próprio, não conseguem alcançar o poder e um ataque ao poder (nalgum momento tido como hostil à igreja, sobretudo esta que se apegava muito à Concordata, para exercer o "seu outro" poder).
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  • Bayano Valy o diabo não me passou procuração para ser o seu cardeal. mas só pelo debate vou falsificar uma.


    por que é que quando a conferência episcopal de moçambique obedece a sua própria consciência (moral) não está a agir de forma correcta? é o acto de obediência que não está correcta ou são os argumentos (superficiais) que avança sobre o que ela vê como um problema que não são muito correctos (plausíveis)?
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  • Ergimino Mucale Caro Prof. Elísio Macamo, tenho lido, sempre que possível, os teus textos. Louvo a tua iniciativa de debate via Facebook. Do teu recente «post» reagindo à mensagem da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM), tenho 4 pontos a considerar. (Nota: não entrarei em debate das tuas teses, dado que não li a mensagem da CEm, tendo-me limitado a ouvir notícias sobre ela).

    1. O que justifica que a CEM deva deixar de criticar o que ela acha estar mal ou não estar bem para se dedicar, como me parece sugerires, (apenas?) «a colocar as responsabilidades» dos «membros no centro da sua proclamação»? – Elísio estará a tentar a re-ajustar a vocação e missão da Igreja Católica em geral e da CEM em particular?
    2. O que explica a acusação: há «ausência dum conceito de política no seu (da CEM) pensamento»?
    3. «Uma instituição cristã devia ter sensibilidade para isto, bastando para isso olhar para a sua própria história e ver como a elevação de certos valores doutrinários conduziram à intolerância». Em lógica, este seria um bom exemplo de «argumentum ad hominem». Penso que quando se fala da Igreja Católica, em Moçambique, há que se pensar nas diferentes fases da mesma e nos principais actores envolvidos. Não me parece uma atitude sensata repreender a catolicidade de hoje – muito liderada por moçambicanos – por causa da catolicidade intolerante do passado, encabeçada por alguns cúmplices de sistemas totalitários e imperialistas.
    4. Para mim, é intelectualmente relevante a ideia que avanças, segundo a qual «Um bem comum que precisa de “total renúncia dos interesses meramente egoístas” para ser alcançado dificilmente pode servir de valor com utilidade prática para a acção política». Aguardo mais desenvolvimentos desta tese. PS: espero não ser removido do teu convívio.
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  • Luisa Fernando Uachisso Senti o desconforto de ao invés da habitual homilia depois da leitura do Evangelho, ouvir o arcebispo a ler a mensagem no Domingo passado. Conforta me acreditar que a igreja eh Santa e pecadora e quer me parecer que a mensagem do Conselho Permanente da CEM resulta de uma inspiracao mais humana do que divina! Dirigir a mensagem para as comunidades cristãs e para as pessoas de boa vontade contraria o princípio da não discriminação defendido e praticado por Jesus Cristo que conforme se lê na Bíblia, sentou-se à mesa com os pecadores, perdoou as prostitutas arrependidas, curou os doentes de lepra que por força das crenças na altura estes adoeciam por castigo e mereciam um total isolamento, que também disse "que não tinha vindo só para os bons". È por eu acreditar nestes princípios que acho que os líderes religiosos devem fazer tudo para ajudar a converter os corações dos fiéis e de toda a humanidade. Como já referí aqui neste espaço em algum momento, tenho a convicção de que Jesus Cristo foi crucificado porque não se aliou a nenhum dos poderes da época. Criticou os sacerdotes que se achavam mais próximos de Deus mas que agiam contra os príncipios de justiça, amor ao próximo e tudo aquilo que coloca o ser humano em primeiro lugar sem distinção do que quer que seja. Critcou o governo e os doutores da lei que ignoravam ou não pautavam a sua conduta de acordo com o projecto de Deus! É curioso que mesmo passados milhares de anos o cenário se mantenha. O egoísmo, o protagonismo e ganância do homem continua a ser a razão de guerras, assassinatos, injustiças etc...Continua a ser perigoso observar em voz alta que os discursos de certos dirigentes sejam eles políticos ou religiosos são agradáveis de escutar porque coincidem com o que está escrito nos respectivos estatutos ou na Bibília mas as accções não coincidem com o que dizem! O Papa critica algumas atitudes da igreja ( formada pelos homens) quando fecham as portas por exemplo para as mães solteiras..... e porque é o que um cidadão não pode criticar uma mensagem de um Conselho Permanente da CEM?
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  • Guilherme Mussane Aqui está o EM a pôr a dedo na ferida de ausência de método. Este texto está na linha do anterior poste que apela ao debate do mérito das ideias. Será que a Nossa Santa Madre Igreja Católoca Apostóllca Romana que nos habituou a ouvir e a lêr discursos cheios de sabedoria, esqueceu-se do seu lugar e seu papel na sociedade?
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  • Sousa Mabote Analise interessante do Professor Elisio Macamo.
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  • Fernando Ernesto Ketulo Há aqui, a meu ver, um pensamento que considero perigoso. O de que… e cito (Se for por vontade de uma maioria devidamente legitimada, de se afastar do convívio que nos constitui como nação, quem sou eu para desejar o contrario). Já houve na história mi...Ver mais
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  • Armistício Mulande O que me parece estranho na sua analise, Elisio Macamo, eh que nao tenha aludido ao facto de a Igreja ser, ela mesma e tambem, uma instituicao politica. Os crentes sao um rebanho que precisa ser politicamente conduzido e a Igreja Catolica eh das que melhor sabe fazer isso. Este exercicio da CEM deve ser entendido nessa perspectiva politica que tenta lancar nuvens cinzentas ao imaginario dos crentes. A ideia de dividir os mocambicanos em "os de boa vontade" e os outros me parece ser mesmo "biblica". Lembra a historia de Caim e Abel, filhos de Adao e Eva la' no Jardim do Eden, ou nas suas redondezas ja' que o criador os expulsou de la'....
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  • Carlos Viegas Nunes Meus PArabes caro Elisio pela reflexao que fez sobre um assunto tao importante para a sociedade civil e militar deste pais. Eu queria dar-lhe a minha visão sobre o assunto , mas como o texto e grande vou deixar para logo à noite, porque agora estou submetido aos meus deveres profissionais que me tiram tempo ! MAs deu para ler a ideia geral !
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  • João Barros Parabéns mais uma vez Professor. Tal como refere a Luisa Fernando Uachisso, e como muitos fiéis na comunidade, fiquei irritadissimo ouvir a leitura do comunicado no final da missa de domingo. Muitas vezes aqueles homens esquecem que não vamos a Igreja para adora los mas sim ouvir a Palavra do Senhor que mesmo contextualizada não se coaduna com golpes baixos!
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  • Elisio Macamo Bayano, acho que a tua pergunta é importante. permite-me pelo menos clarificar esse ponto. não digo, no texto, que a cem age incorrectamente ao responder à sua consciência. também não é isso que aquino diz. o que ele diz, e eu apoio-me nele nisso, é que obedecer à consciência em si não é suficiente para se ter razão em alguma coisa. repare que escrevi que aquino ele próprio diz que seria errado não responder à consciência. agora, isto tem a ver com toda uma abordagem filosófica de aquino que me parece quase ímpar na teologia cristã (mas não ponho as mãos no fogo). ele rejeita (pelo recurso a aristóteles) toda a abordagem consequencialista da moral. e exige que os nossos actos sejam susceptíveis de justificação dentro duma razão mais abrangente do que aquela que a fé nos confere. eu uso aquino para argumentar contra a cem que não é o facto de ela ter respondido à sua consciência (como instância moral) que faz com que o seu posicionamento seja correcto. os termos desse posicionamento devem ser interpelados. e eu interpelei-os e achei-os problemáticos. espero ter esclarecido o ponto.
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  • Elisio Macamo caro Ergimino Mucale, obrigado pela sua interpelação. não vejo, por enquanto, nenhum motivo para o retirar do convívio. creio que coloca questões justas e que precisam de ser discutidas. naturalmente que em algum momento vai precisar de ler a "mensagem" para não depender apenas do meu resumo aqui e poder melhor enquadrar a sua interpelação. a seguir respondo os seus pontos pela ordem que os colocou. ponto 1: em nenhum momento digo que o cem deve deixar de criticar o que está mal. o que digo é que acho estranho que numa mensagem aos seus membros se concentre apenas na crítica dos outros. é como eu mandar uma mensagem à minha família em que só falo mal dos vizinhos. faria mais sentido para mim que o cem exortasse os seus membros a fazerem a diferença como membros responsáveis da comunidade moçambicana mais alargada. só isso. o direito que a igreja tem de abordar o que está mal mantém-se incólume no meu texto. ponto 2: não faço nenhuma "acusação. constato a ausência de conceito político e explico isso com recurso à análise problemática do conceito de "unidade nacional" com a qual pareceu-me concordar como proposta de tese a discutir (no seu ponto 4). ponto 3: não tenho a certeza se temos o mesmo entendimento de argumento "ad hominem". ad hominem é quando rejeito a tese do adversário com recurso a uma característica pessoal desse adversário. neste caso não é isso que faço. digo apenas que pela história que a própria igreja tem ela devia ser sensível em relação ao uso de certos conceitos que abrem espaço para o totalitarismo. não disse que é por causa dessa história que o cem está equivocado. está equivocada porque um bem comum que exige o tipo de coisas que o cem exige dos governantes parece condenado ao fracasso. espero que estejamos agora em sintonia de onda.
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  • Elisio Macamo numa passeata rápida pelo facebook deparei com um "post" que sem se referir directamente a mim acha lamentável que intelectuais se ponham a criticar a igreja por levantar a questão da unidade nacional. curiosamente, esse mesmo "post" não vê que aquilo que ele próprio levanta como questão é o que estou a fazer no meu "post". não posso mais com esses golpes baixos. tirei essa pessoa do meu convívio.
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  • Ergimino Mucale Obrigado pelo retorno. Na verdade, sinto-me no dever de ler a «mensagem», que, independentemente de algumas justas limitações que possa ter, revela um grande acto de coragem de «tocar na ferida». Julgo que uma crítica equilibrada deve apreciar os aspectos positivos bem como questionar os aspectos não propriamente positivos.
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  • Elisio Macamo caro Fernando Ernesto Ketulo, a sua intervenção concentra-se no supérfluo, sinceramente. essa questão é tão marginal para este post. e não tem nada de perigoso. não sei como consegue associar este argumento ao extermínio de minorias por maiorias. francamente.
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  • Elisio Macamo certo, Ergimino Mucale. pessoalmente vejo pouco mérito nesta intervenção da igreja. pouco mesmo. não tocou na ferida. está a abrir uma ferida. felizmente, não é só a minha condição de ateu que me leva a pensar assim a julgar pela reacção da Luisa Fernando Uachisso, do João Barros ou mesmo do Cremildo Chitará que pertence a outra malta...
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  • Elisio Macamo bom, Armistício Mulande, eu estou a tentar deixar de fora a minha falta de musicalidade em questões de fé...
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  • Manuel Viriato Segundo o professor Elisio Macamo citando Aquino " Nem sempre somos obrigados a responder a nossa consciência" é uma frase bastante elucidativa sobre a realidade actual da maioria dos moçambicanos quando são enfrentados pela possibilidade de perder o poder que lhe permite se mostrar como seres superiores aos outros.

    A religião não distingue cores partidárias e acredito eu que a quando da leitura do documento membros dos diferentes partidos partilhavam o mesmo tecto pelo que a mensagem foi destinada a todos. Posso concordar que a mesma parece direccionada a um determinado partido mas, ai a velha mística de carapuça que serve na pele dos que a sua consciência pesa deve prevalecer.
    Professor nem todos que trabalham para o governo tem comportamentos e praticam actos de exclusão conscientemente. o que a mensagem apela é para que antes de praticar algum acto que pode ser de exclusão, os moçambicanos particularmente os católicos pensem no bem comum e nas gerações vindouras e que percebam se estão contra ou a favor de sua consciência.
    A FRELIMO como partido pode não ser a "responsável por todos os males de uma comunidade politica em formação", no entanto, um grupo de pessoas em nome da Frelimo tem estado a não permitir a evolução da comunidade politica Moçambicana que esta em formação. Quando alguns membros em nome da Frelimo dentro dos bairros (onde estão as igrejas) afirma que este país é da Frelimo porque a mesma é que o libertou das mãos do colonialismo o que esse grupo pretende deixar transparecer para os membros de outros partidos e ou os apartidários?
    Diz que a mensagem é baseada numa analise populista? Concordo e admito que assim deve ser pois a mesma é para a população que muitas vezes se sente abandonada até pela igreja.
    "Moçambicano de boa vontade" na visão da igreja me parece todo aquele que se preocupa com o bem comum e estar dos Moçambicanos e das gerações vindouras. A igreja apela a que não se faça da exclusão um dia-à-dia dos Moçambicanos. Apela a que todos sejamos vigilantes para que o governo do dia possa olhar por todos e não apenas para uma minoria. O facto do governo do dia ser a Frelimo não garante que a mensagem foi feita para a mesma (volto a dizer que a carapuça poderá servir para alguns membros que tem ido contra a sua própria consciência e que tem percebido que os actos que resultam da desobediência da mesma não são correctos). 
    "O desafio em Moçambique não é lograr a renúncia de “interesses meramente egoístas”, mas sim a criação de condições dentro das quais a prossecução desses interesses não impeça os outros de fazerem o mesmo, ou no mínimo, não implique que os outros fiquem a perder. Esse é o objecto da política e alcança-se não apenas com apelos morais, mas sim, e acima de tudo, com lutas sociais (no sentido positivo do termo “luta”) e com a acção política que toma em consideração os diversos interesses que fazem a nossa sociedade."
    Como pode ser materializado o que diz, sem que as pessoas escutem a voz de sua consciência e a obedeçam caso realmente tenham intenção de proteger o futuro das gerações vindouras e não unicamente o egoísmo de proteger os seus? 
    As lutas sociais são desiguais quando o nosso adversário é capaz de manipular todos os meios disponíveis para aceder as informações que não me permitam sair a perder ou que tenha igual chance de concorrer a determinado beneficio.
    Desculpa posso não estar a altura de responder adequadamente ao seu post por não ter a sua eloquência mas, vamos ao debate...
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  • Alvaro Simao Cossa Movido por valores morais um homem, que viu uma ancia encravada no lodo correu para socorre-la, ao fim ele tambem ficou encravado e sem querer, ao apoiar-se da ancia em dificuldades, piorou a situacao da velha e ela afogou-se totalmente. Moral da historia: O CEM pode nao ter feito esta intervencao com fins de piorar a situacao em que estamos, porem, por nao ter tido tacto, desculpa amigo Elisio Macamo por esta expressao (tacto) por ser problematica, ele (CEM) acabou metendo mais confusao neste assunto. Mas pode ser intencional esta intervencao do CEM neste formato completo, como "voz santa" daqueles que em varias ocasioes vem discursando com os mesmos vocabulos.
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  • Bayano Valy Elisio o teu ponto foi esclarecedor. e eu não ponho em causa a tua argumentação. acho as razões apresentadas pela cem um pouco bombásticas, para além de pensar que não se olhou para o quadro todo. 


    agora, também me quero recordar que a igreja sempre arrogou-se o direito de falar para a “urbi et orbe”. quem sabe não seria dentro deste contexto que a cem fala, ie, a mensagem é sim para os crentes mas também para os não-crentes – os mo’iumioun e kuffars do meu islão. é possível que seja dentro deste espírito que a cem exarou a carta pastoral. mas como disse, não ponho em causa o teu argumento. aliás, justamente porque falam para a “orbe” reservamo-nos o direito de interpelar a mensagem. 

    no entanto, avanço que achei interessante a caracterização de “unidade nacional” que a cem faz não porque concordo com a mesma. é que me parece que pode ser um ponto de partida ao debate sobre “unidade nacional”. até aqui temos a definição (se é que se pode chamar de definição porque parece mais uma vontade) de um grupo político. esse conceito surgiu dentro de um contexto muito problemático e na altura podia significar alguma coisa. mas será que a unidade nacional que se defendia então pode continuar a ser a mesma de hoje? como definirmos unidade nacional num contexto de “boom”, de descobertas e exploração de recursos naturais? como definirmos unidade nacional num contexto multipartidário, por exemplo?
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  • Bayano Valy bem, vejo que alguém se referiu ao ponto de "urbi et orbe", tendo ficado eu ultrapassado.
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  • Raul Chambote Caro Prof. Elisio Macamo, os pontos estão devidamente colocados e voce acaba enviando mensagem profética aos bispos membros do CEM que deixaram de ser proféticos e perderam a excelente oportunidade de ficarem calados. Escrevi em 2008 que os lideres rel...Ver mais
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  • Clayton Johnam Caro Professor, em relação ao título, acho que tratou-se mesmo de retórica, no fundo me parece que a mensagem do CEM é para todos os moçambicanos, incluindo os que supostamente são de “má vontade”, arrisco a dizer que até é mais para estes últimos. Perdoe-lhes a aparente incoerência. Já lhe ouvi dizer aqui, corrija-me se estiver enganado, que o posicionamento de quem quer que seja não deve necessariamente ser neutro, mas comprometido com a objectividade. Neste sentido porquê que o CEM deveria ser neutro? Não lhe basta ser objectivo nas suas observações, ainda que possam ser interpretadas como estando equivocadas? Sugere que as lutas sociais e uma acção política que toma em consideração os diversos interesses são os mecanismos que levariam a minimização dos efeitos nefastos dos interesses meramente egoístas. Mas como seria possível materializar isso num aparente clima em que se hostilizam as pessoas que pensam diferente? Será que o professor não esta romancear numa ideia que no terreno tem pouca ou quase nenhuma utilidade. Eu julgo que o País precisa de reformas políticas profundas, de uma fortificação das suas instituições (o discurso de Nyusi parece que vai nesse sentido), conferindo as estas o exercício pleno dos seu poderes dentro de um quadro normativo democrático e que não se cinjam meramente no espelho das reivindicações da Renamo ou de qualquer outro partido político, mas de uma postura que deve ser adoptada por quem deve fazer essas reformas que, possibilitariam um maior exercício da cidadania que tanto se deseja. No meu ponto de vista o CEM não está a ter nenhum posicionamento moralmente absolutista, esta a pronunciar-se num campo em que conhece bem os actores que nele se digladiam. Concordo consigo, que ele também deveria apresentar um posicionamento sobre a actual postura do líder da Renamo (talvez lhe conferisse a tal neutralidade de que fala), mas isso só não traria a solução do problema que todos sabemos que existe.
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  • Luisa Fernando Uachisso Partilhando a minha opinião sobre a unidade nacional, tenho dificuldades de analisar este conceito considerando apenas as extensões de terra desprovidas de população! Tenho a impressão de que alguns políticos ou líderes de opinião deturpam os factos para tirarem algum proveito! Para mim a unidade nacional num país traduz-se pelo facto de eu viajar ou fixar residência em qualquer canto e conviver pacificamente com os meus vizinhos/concidadãos ! Felizmente tive e tenho a oportunidade de conviver com moçambicanos de todas as províncias e percebo que para a maioria da população a unidade nacional não está em causa! É comum encontrar na mesma família parentes oriundos de outras partes , aliás arrisco me a afirmar que principalmente nas zonas urbanas onde se levanta esta questão grande parte das famílias está misturada e os filhos são apenas moçambicanos porque náo são nem da zona de origem do pai ou da mãe e nem dos avôs paternos ou maternos! Desafio os sociólogos a fazerem um estudo sobre as características da população residente nas zonas urbanas a começar pela capital do país para encontrar respostas a perguntas de por exemplo, quem vive nas zonas mais luxuosas? São apenas os naturais da zona sul? E nas zonas suburbanas? E nas zonas rurais o que é que o camponês da zona sul, centro ou norte tem que o torna mais moçambicano que o outro? As Vezes eu questiono se os que alegam a ausência de unidade nacional se tivessem que separar os favorecidos dos desfavorecidos de acordo com o local de nascimento, não teriam que começar nas rpróprias casas! Para terminar só queria chamar a atenção sobre as dificuldades de estabelecimento de critérios de distinção dos moçambicanos do sul, centro ou norte porque há casos de moçambicanos que nasceram numa província mas cresceram noutra e na mesma casa há filhos que nasceram e ou cresceram em províncias diferentes!
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  • Elisio Macamo caro Manuel Viriato, são tantos pontos que levanta! creio que o mais importante é o que diz respeito à materialização do desiderato da política, mesmo ponto levantado pelo Clayton Johnam. tenho em mim que a política não é feita apenas de apelos morais. creio também que está como está entre nós porque ainda não estamos a abordar a política como ela verdadeiramente é. os homens são egoístas, arrogantes, agressivos, bondosos, etc. fazer política é negociar constantemente os termos da convivência procurando sempre domesticar o que é mau no homem no interesse duma vida melhor para os outros. em todas as sociedades haverá grupos mais fortes do que outros (por serem mais espertos, por levarem vantagens materiais históricas, etc.). pode parecer injusto dizer isto, mas quem se encontra do lado fraco tem que aceitar isso como o seu ponto de partida e ir à luta política dentro dos meios que tem ao seu dispôr e são legítimos. se a oposição em moçambique tivesse maior discernimento tiraria maior proveito da insatisfação popular do que está a fazer. foi isto que tentei reflectir no texto sobre o mdm. não há nenhuma romantização das coisas neste ponto de vista. há uma atitude pragmática que estou a tentar transmitir e que a oposição (ou os críticos do poder) têm muita dificuldade em adoptar. romantizar é pensar que apelos morais resolvem o problema. não resolvem. voltando às outras questões levantadas pelo manuel viriato diria que a sua reacção peca por estar, como aliás a mensagem do cem também peca, cheia de falácias. 1. apelo à omnisciência: toda a gente sabe que o país vai mal por causa dum grupinho de gente. não, não é verdade. a situação é mais complexa do que isso. mesmo uma instituição religiosa como o cem precisa de fazer uma análise mais cuidada dos assuntos. 2. apelo popular: arrola-se tudo o que está mal e parte-se do princípio de que com essa sentimentalização toda fica provada a culpa do grupinho e demonstrada a necessidade de mudar seja o que for; 3. apelo às consequências: a ideia de que os males que vemos hoje na nossa sociedade são resultado da acção desse grupinho. eu acho que não. as coisas são muito mais complexas do que isso; 4. falsa dicotomia: ou a pessoa é a favor do bem estar do povo ou não é. também não é verdade; 5. viés de confirmação: acreditar apenas no que se quer acreditar. a caracterização desse grupinho como sendo hostil ao diálogo é errónea, pois guebuza fez tudo para a renamo participar nas eleições e nyussi também tem se desdobrado para que a renamo faça parte do processo político; etc. etc. não sei por onde pegar o seu comentário por causa destes problemas todos. e só uma coisinha: a ideia de que quem reage criticamente a esta mensagem corresponderia ao ditado sobre a carapuça que serve é naturalmente fatal. partindo daí nenhuma discussão seria possível, pois se alguém não concorda é porque se sente acusado e culpado. é mais eloquente do que pensa!
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  • Elisio Macamo Bayano, tenho grandes reticências em relação à noção de unidade nacional. reconheço que pode ser argumentativamente audaz da parte do cem usar justamente esse termo para falar do que não está bem. só que é uma noção horrível porque ao invés de abrir o campo para a política fecha-o. é um termo que requer unanimidade. releia a descrição que eles fazem: renunciar ao egoísmo e trabalhar pelos outros. esta foi a base do totalitarismo da frelimo gloriosa. tu não podes criticar uma postura política preservando o tipo de ideias que são a sua causa. essa é a minha questão aqui. se o cem quer realmente ir para além do que está mal no nosso país tem que rejeitar essa noção. aí vamos começar a conversar seriamente. mas lá está ele não tem um entendimento útil da política. faz recurso a uma retórica politizada como bem diz o Raul Chambote, mas não parece fazer a mínima ideia do que isso é e significa.
  • Elisio Macamo só para recuperar uma outra questão levantada pelo Clayton Johnam. creio que está explicado o sentido em que gostaria de ver maior neutralidade da parte do cem. a frase em questão tem uma limitação: como instância moral! isto não implica que ela não seja objectiva (que não é porque toda a mensagem, pelo menos como eu a vejo, é uma crítica equivocada do poder), mas sim que ao se pronunciar na sua condição de instância moral não tome partido. ela toma partido pela má qualidade da crítica e também por falar de ameaças à unidade nacional e não dizer uma única palavra sobre os planos da renamo de dividir o país. já agora, quando falei da necessidade de sermos objectivos referia-me aos intelectuais e académicos, não se tratava duma norma geral...
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  • Elisio Macamo sim, "tacto" fez-me perder alguns amigos virtuais Alvaro Simao Cossa... eu vou mais longe: a mensagem é inoportuna!
  • Clayton Johnam Obrigado professor pelo esclarecimento!
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  • Elisio Macamo Luisa, os textos que já escrevi sobre esse assunto! o problema é que estamos a absolutizar noções relativas. uma república autónoma vai ter o seu sul, centro e norte também. e se o sul dessa república autónoma também se autonomizar volta a ter sul, centro e norte. "moçambicano" é uma categoria conceitual complicada. a coerência que "moçambicano do norte" tem hoje é sólida por causa da existência do "moçambicano do sul". desaparece o "moçambicano do sul" o que vai restar é o "moçambicano do norte" que é cristão, católico, rural, urbano, comerciante, mulato, da renamo, etc. há muita ingenuidade no tratamento destas questões. quando vejo as "multidões" que exigem a nova república ao líder divirto-me com as imagens porque sei que assim que estiverem entre eles vão ter de inventar as mesmas animosidades...
  • Mensagem do Conselho Permanente da Conferência Episcopal de Moçambique
    "…a injustiça gritante da pobreza esmagadora da maioria, enquanto alguns enriquecem desonestamente e vivem no fausto; a ausência de transparência na exploração dos recursos naturais e o total desrespeito do meio ambiente; a extorsão de terras aos camponeses nacionais para a implantação de megaprojectos que só favorecem as multinacionais estrangeiras e uma minoria insignificante de cidadãos moçambicanos; aambição desmedida de funcionários públicos que fazem da corrupção, da pilhagem e do branqueamento de capitais o seu modus vivendi, para o próprio enriquecimento; o recurso à força, arrogância e intolerância para impor as próprias ideias e opiniões; os pleitos eleitorais feridos frequentemente de irregularidades, reduzindo assim a sua atendibilidade e anulando a participação do povo na escolha dos governantes do país; a exclusão social, económica e política de tantos moçambicanos; tudo isso torna a nossa «unidade nacional» cada vez mais tremida e nos impede de ser uma verdadeira família, onde cada membro se ocupa pelo bem-estar do outro".
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    • Alberto Elias Essa messagem vindo dos Bispos é triste porque estão a atirar lenha para fogueira. A messangem correcta seria "apelamos que os nossos lideres se sentem e conversem como irmão para discutirem melhores formas de distribuição da riqueza entre os moçambicanos e inclusão de outros partidos na governção"....
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    • José de Matos Alberto Elias, cada um tem a sua opiniao, a minha é que é muito triste alguem insinuar que os bispos estao a atirar lenha para a fogueira, nao ha fogueira nenhuma na discussao dos problemas! Eu li bem a carta e esta la o apelo para a Paz e para a resoluçao de varios problemas! Aconselho que leia a carta!
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    • Alberto Elias Muito obrigado José de Matos pelo seu esclarecimento. O trecho que que postou não tem nada de apaziguador e é sempre bom por o documento completo para evitar falhas de interpretação. Mesmo assim este não é o momento certo para enviar estas cartas a apontar o dedo porque a situação não esta boa, é momento de tentar juntar as partes em divergência...
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    • José de Matos Alberto Elias, a verdade por vezes incomoda, mas é sempre prudente lermos e percebermos o contexto antes de comentarmos, essa carta foi muito divulgada! So acrescento que a carta é o resultado da Conferencia Episcopal e a Igreja teve sempre um papel importante na Paz! Em vez de criticarmos sem sabermos exactamente o contexto, seria melhor pararmos um pouco para reflectirmos!
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    • Alberto Elias Caro José de Matos muito obrigado pelo seu aconselhamento, simplismente sou de opnião de que a verdade é uma boa forma de exercitar a demogracia mas não é o momento oportuno para fazer referência (existe uma tensão no momento) . Abraço
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    • Ameri Sabino Sabino Me revejo nessa mrnsagem dos Bispos.
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    • Jorge Antonio Calane Kito Nao sei se desta vez vao chamar os bispos de espioes italianos, n sei nao.
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