sexta-feira, 6 de março de 2015

MODELO DE ESCOLHA DOS CANDIDATOS A DEPUTADOS DO MpD


A Direção Nacional do MpD, realizada no último fim de semana, aprovou o MODELO DE ESCOLHA DOS CANDIDATOS A DEPUTADOS que, segundo fiquei a saber, visa dois objetivos: 1) ter “uma lista que transmita confiança ao eleitorado” e 2)- ter “um Parlamento com a qualidade exigida pela consolidação da democracia”.
Analisando o modelo aprovado, a conclusão é óbvia: vai continuar tudo na mesma.
E porquê?
Segundo fiquei a saber, o modelo aprovado consiste em:
1.- O Presidente do MpD (neste caso, Ulisses Correia e Silva) escolher diretamente 34 candidatos (24%);
E
2. Os restantes 110 candidatos (76%) serem escolhidos por sondagens.
Aparentemente parece uma grande descoberta, um Graaaaannnnnnde contributo à Democracia e à “participação da sociedade cabo-verdiana na escolha dos candidatos”.
Infelizmente não é assim. Bastaria ver que o MpD tem hoje 33 deputados (salvo erro) e o novo modelo propõe que 34 sejam escolhidos diretamente pelo Presidente do Partido.
Este modelo não trás alterações de fundo ao sistema, muito pelo contrário mantém o sistema, apesar de tanto alarido à volta da questão. É caso para se dizer que se investiu demais para se fabricar um modelo que não inova em nada, senão na teoria.
Houvesse já, em 2011, este modelo, com grande probabilidade teríamos hoje os mesmos parlamentares que o MpD tem no Parlamento.
E porquê?
É que segundo o modelo agora descoberto pela Direção do MpD:
a)- Os Cabeças de Listas dos círculos eleitorais no país, em número de 10, são escolhidos pelo Presidente do MpD (Em 2011 os 10 cabeças de lista foram eleitos);
b)- Todos os candidatos dos círculos eleitorais da diáspora, em número de 6, são escolhidos pelo Presidente do MpD (Em 2011 os três cabeças de lista foram eleitos). Portanto já teríamos 13 deputados eleitos pelo Presidente;
c)- Um núcleo de competências técnico-políticas em áreas identificadas, em número arredondado de 18, serão escolhidos diretamente pelo presidente. Ora estes escolhidos deverão merecer lugares de destaque nas listas, pois seria um contra senso não ser assim. E portanto, já teríamos 31 deputados escolhidos pelo Presidente no Parlamento;
d)- E como se isso não bastasse, os poucos lugares elegíveis restantes serão preenchidos “com base em sondagens que apurarão, caso a caso, o seu grau de notoriedade, intenção de voto e grau de rejeição no seu círculo eleitoral”. Já se sabe quem tem maior notoriedade.
CONCLUSÃO: certo, certo, o Presidente teria escolhido, em 2011, 31 deputados dos 33 (salvo erro) eleitos. E a probabilidade de ter sido o presidente a escolher também os outros dois deputados eleitos é muito grande.
É caso para dizer: a montanha pariu um ratinho, para não dizer tornou-se estéril.
Por tudo isso, é minha opinião que não valeu apena o investimento. O modelo aprovado, para além de falsear a realidade, o que é péssimo porque faz passar uma imagem enganadora do líder do partido, o que não combina, em nada, com o Ulisses que conheço, só vem criar uma série de problemas ao MpD. Desnecessariamente. Foi uma péssima opção.
Este modelo é um exemplo acabado de quem sabe que está a vender gato por lebre, pois quem o concebeu sabe e bem que está a pretender enganar os cabo-verdianos…, os eleitores... Está a querer dizer que é democrata sem o ser realmente.
Pode até ser verdade que os cabo-verdianos escolham (através das sondagens) 110 candidatos (76%), mas é falso que serão os cabo-verdianos (através das sondagens) a escolher 76% dos deputados do MpD. O mais certo, é que com este truque, os cabo-verdianos não escolham sequer 10% dos deputados do MpD.
Gosto ·  · 
  • Centeio Pedro gosta disto.
  • Arnaldo Lopes Concordo com esta analise, do ponto de vista teorico. Em termos praticos a ser diferente, em que eventualmente se iria escolher novos ilustres e figuras estranhas ao partido e ao seu presidente seria no minimo, 1) o atual lider UC S revelar-se um grande ingenuo, a ter que rodear-se de deputados que mal conhece politicamente e 2) se iria correr o risco semelhante a situacao do inicio dos anos 90 em que se fez muita aventura em termos de pensamento e modelo de exercicio democratico, em nome da procura da inovacao, muita das vezes baseado num voluntarismo e inexperiencia, sem precedentes ou, mesmo, do tipo di "deja vu". Quero querer que estiveram muito bem os conselheiros ao nao meterem nesta "nova aventura renovadora".
    2/3 às 20:04 · Gosto · 1
  • Arnaldo Lopes A haver inovacoes, igual para todos os atores politicos em presenca, seria ao nivel da lei Eleitoral em que se podia recorrer a introducao do sistema de preferencias, feita pelos eleitores na escolha dos seus legitimos representantes. Dificilmente a iniciativa de modelos inovadores surgira de dentro dos partidos politicos. O ato competitivo de acesso ao poder assim nao permite, por iniciativa isolada e autonomamente.
    2/3 às 20:15 · Gosto · 3
  • Marco Além O povo é burro... não sabe, não tem capacidade para escolher os seus representantes. Ainda bem que temos estes ungidos...
    3/3 às 13:01 · Gosto · 1
  • Joao Monteiro Monteiro Como então assim. tás a passar o povo de um atestado de incompetência?
  • Daniel Soares Penso que o povo não é burro! Cabo Verde precisa sim, conquistar mais um patamar em matéria de evolução. É precisamente aquilo que Dr. Gualberto havia dito na rua de Lisboa, aquando da campanha para as legislativas para 2001. Cito, com mais palavra ou menos palavra: " O terceiro mandato do MpD, caso fosse eleito, era trabalhar para as famílias adquirirem a liberdade económica, pois, sem ela a democracia em Cabo Verde não funcionará com normalidade". Fim de citação!
    3/3 às 17:20 · Gosto · 1
  • Marco Além Se o povo não é burro, então digam lá ao Sr. Ulisses Correia E Silva que o povo prescinde da sua boa vontade. 
    Façam lá esse favor e deixem que seja o povo a escolher quem quer no parlamento... ou será que esses 23% são para aqueles que precisam de imunidade???
    3/3 às 17:40 · Gosto · 3
  • Manuel Rodrigues O modelo é o melhor, assim todo o macaco saberá o peso e o tamanho do seu rabo. Há muita boa gente que fez carreira politica e que se fosse pelo actual método, nem teria hipóteses de candidatar dentro da sua própria casa.
    3/3 às 18:41 · Gosto · 1
  • Daniel Soares Senhor Marco Além.Ele quer fazer diferente a fim de obter resultados diferentes para melhor em Cabo Verde, para que os caboverdianos tenham uma vida mais aliviada. Será que nós nos entendemos?http://kdfrases.com/.../frase-insanidade-e-continuar....
  • Daniel Soares Obviamente, há alguns que estão bem, é querem manter o "statu quo". Mas há outros que querem condições mais favoráveis para viverem em Cabo Verde! Salvo opinião contrária!
  • Joao Brito Caro Daniel Soares o post fala de inovação da escolha de deputados!! Mas é uma inovação teorica, pois na pratica vai ser mais do mesmo!! E para todos os efeitos, o que conta é a pratica...por tanto, a voz do povo não vai ter nenhum efeito pratico nas escolhas dos candidatos ao deputado na lista do MPD!! Por tanto, não vejo nada de diferente que permitirá ter resultados diferentes!!!
    4/3 às 1:27 · Gosto · 1
  • José Casimiro Pina Uma pessoa individual a escolher tanta gente? Mas isso é democrático? É que nem é um Conselho Nacional ou uma Direcção Nacional ou um grupo de amigos (que vai dar tudo ao mesmo), é uma pessoa, a escolher quase um terço de gajo(a)s. E o resto é decidido em "sondagens". Quantas sondagens ninguém diz. Porque não umas directas? Não era mais fácil e mais transparente? "Sondagens"? 
    Eu não acredito que seja verdade. Muito sinceramente.
    4/3 às 1:33 · Gosto · 4
  • Helena Fontes ahahahahahahhahaha amei a democracia do MpP! Vou partilhar! ahahahahhahahahhahahah amei!
  • Marco Além Sr, Daniel Soares não, não nos entendemos. 
    Nem vale a pena tentar reforçar o que diz com frase do querido Einstein até porque para todo o dito há um contradito.
    Se Ulisses Correia E Silva quer fazer diferente, que faça. Mas sem apego.
    Ulisses foi eleito presidente de um partido com menos de 2% dos votos dos caboverdeanos, e quer ter a ambição de escolher 23% dos candidatos do partido a que pertence? 
    O que aqui digo serve não só para o MpD mas também para o PAICV , para a UCId etc etc e tal.
    4/3 às 2:58 · Gosto · 1
  • Marco Além José Casimiro Pina, vais-me dizer que é diferente nos outros partidos?
  • Daniel Soares Pois, Sr Marco Além. Não vale a pena reforçar o que eu disse com frase do Einstein para nos entendermos, portanto, fico por aqui. Abraço e obrigado pelo diálogo|
    4/3 às 8:50 · Gosto · 1
  • Arnaldo Lopes Sr.Marco Alem podias rever a tua bizarra informacao de que UCS foi eleito por um partido que representa 2% dos votos dos CV's? Os teus dados sobre o universo do eleitorado sao um desastre. Upgrade, precisa-se! Veja o site portal do governo CV na parte da Dgape sobre resultados eleitorais das legislativas de 6 de fevereiro de 2011. Depos pa ka dzide ma Nha Gregorio eh mau!
    4/3 às 10:09 · Gosto · 1
  • Marco Além Sr. Arnaldo Lopes, o que eu afirmei é que UCS foi eleito presidente pelos militantes do MpD em efectividade de funções, não pelo universo eleitoral caboverdeano. E tanto quanto sei, todos os militante juntos não chegam a 2% da população com capacidade de voto em Cabo Verde.
    Bizarro não é...
    4/3 às 11:39 · Gosto · 3
  • Arnaldo Lopes Explicou melhor e bem. Obrigado e estamos entendidos. Abrassuuusss, caro Marco Além.
    4/3 às 12:44 · Gosto · 3
  • César Correia E Silva 2% de 300.000 = 6.000. Só para confirmar.
    4/3 às 12:45 · Gosto · 2
  • Manuel Rodrigues No MPD, as cabeças de lista sempre sairam da CP e CN, quer isto dizer que dificilmente um deputado de 91 deixaria de ser deputado. Sou pela escolha de cabeça de lista pelo proprio Presidente para evitar a Depputação Perpétua e Labanta Braçu. Os restantes da lista devem sim, ser escrutinados ou sondados de modo a evitar o corporativismos nas Concelhias. Se me perguntarem se o metodo ou sistema é democrático, digo que, é melhor que o anterior que promoveu muitos incapazes e tantos outros preguiçosos. Com 23 anos de Democracia e armados em Campeões de Mundo em Democracia, pergunto: de quem é o Mandato, do Deputado ou do Partido?
    4/3 às 13:01 · Editado · Gosto · 1
  • Arnaldo Lopes César Correia E Silva qual eh o total dos inscritos, atualmente?
    4/3 às 13:06 · Gosto · 1
  • César Correia E Silva Cerca de 30 mil
    4/3 às 13:13 · Gosto · 2
  • Marco Além em efectividade de funções, ???
  • César Correia E Silva Militantes inscritos. Último recenseamento de militantes feito em 2013. Não sei o que quer dizer com "efetividade de funções".
    4/3 às 13:20 · Gosto · 2
  • Marco Além Com capacidade para votar... quotas pagas. etc... Já agora quantos votaram nas ultimas eleições
    4/3 às 13:22 · Gosto · 1
  • César Correia E Silva Votaram cerca de 21 mil militantes. Desses 95% votaram UCS para presidente. 
    Já agora diz-me, como chegou aos 2%?
    4/3 às 14:01 · Gosto · 3
  • Arnaldo Lopes Nha migo Cesar 2% foi um lapsus verbis! Ka frontam nha migo Marco Alem. Abrassuuss!
    4/3 às 14:50 · Gosto · 2
  • Marco Além 21 mil são mais coisa menos coisa 4% da população...
    4/3 às 14:55 · Gosto · 1
  • Arnaldo Lopes Mesmo nos paises Europeus a expressao do numero de militantes relacionado com o total da populacao eh quase sempre a este nivel, ou seja muito baixo. O grau de participacao dos populares nos partidos politicos eh uma chamada de atencao global nas democracias liberais. Nos sistemas de partidos Unicos, tipo comunista, a coisa vai de vento em popa! Fingimento dja nhos ka odja!
    4/3 às 15:04 · Gosto · 1
  • Marco Além Sintomático...
    4/3 às 15:16 · Gosto · 1
  • José Casimiro Pina O que terá acontecido de Agosto de 2013 a esta parte? 
    1 - Em 2013, Miguel Monteiro, Deputado eleito pelo MpD, postou a seguinte informação, que reproduzo na imagem que se segue, prometendo, e cito-o, "primárias para os cargos de presidentes de câmaras, deputados...";

    2 - Em Outubro do ano passado, o presidente do partido, em entrevista ao jornal A Semana e relativamente à questão da escolha dos candidatos às legislativas de 2016, dizia o seguinte, e cito: 
    "Partimos de uma orientação para um sistema misto de escolha, em que um terço dos candidatos são indicados pela COMISSÃO POLÍTICA NACIONAL e os restantes através de primárias realizadas por sondagens uninominais..."

    3 - Agora temos que "a DN aprovou a capacidade do presidente do partido e da Câmara Municipal da Praia, Ulisses Correia e Silva, escolher directamente 34 candidatos (24%) enquanto os restantes 110 (76%) serão escolhidos através de sondagem."

    Uma "evolução" notável: 
    De primárias para todos os candidatos (2013), passamos a um misto, onde a DN escolhe um terço (2014) e, finalmente, onde, afinal, é o presidente que escolhe 24% (2015). 
    Até 2016 o que poderemos ter? O presidente a escolher todos?
    4/3 às 20:55 · Gosto · 3
  • César Correia E Silva Inverte a cronologia dos acontecimentos e veja qual é que faz mais sentido.
  • José Casimiro Pina Tipo Benjamin Button? 
    1 h · Gosto

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