sexta-feira, 6 de março de 2015

Nunca é tarde

Uma mensagem que recebi no meu inbox de Jorge Matine a perguntar se estou bem levou-me a fazer esta reflexão... longa, obviamente!

O homicídio que vitimou Gilles Cistac traz de volta à memória, se é que alguém tinha esquecido, que há muita coisa que não está bem no nosso País. Há muita hipocrisia, muito oportunismo, muita perplexidade e, infelizmente, poucas pessoas comprometidas seriamente com o Estado de Direito. Pessoalmente, mas aceito que possa estar equivocado, não tenho a impressão de que no nosso País se assassine quem pense diferente. Isso pode ter sido o caso nos conturbados tempos da “Luta Armada” e da “gloriosa” revolução socialista. Se, de facto, houvesse a prática de matar quem pensa diferente haveria, hoje, pouca gente, mas muito pouca mesmo, para sair à rua e se indignar de forma veemente contra este bárbaro acto de que todo o nosso tecido social foi vítima. Mesmo a ideia algo patética segundo a qual o modus operandi consistiria em matar poucos para silenciar muitos não me parece suficientemente plausível para sustentar a tese de que críticos correm perigo de morte violenta em Moçambique. Na verdade, até pela estrutura sociológica da nossa cultura política o maior perigo que alguém corre vem de dentro da sua própria afiliação do que de fora, mas reconheço que se trata duma hipótese que necessitaria de maior elaboração.
Isto não quer dizer que não haja razões para supor que tenha havido motivos políticos por detrás do ocorrido. Pessoalmente, achei inoportunas, infelizes – e um golpe baixo ao Estado de Direito – as declarações do finado a propósito das exigências dum partido político que atentou contra o estado de direito, politizou a administração eleitoral e, perdendo as eleições, enveredou pelo caminho da promoção insensata de sentimentos secessionistas. Sempre concordei com ele, e isso já escrevi, quanto à necessidade da limitação dos poderes do Chefe do Estado, um dos maiores perigos à consolidação duma cultura política íntegra, transparente e servidora do interesse público. Mas não concordei com a sua intervenção, e no momento em que essa intervenção foi feita, a respeito das “regiões autónomas”. Faltou-lhe tacto, algo que mesmo o mais isento dos intelectuais precisa de observar, sobretudo em momentos políticos sensíveis. Escusado será dizer que nada disto justificaria a sua liquidação assim como a observação de tacto não deve ser feita em atenção à possibilidade de se ser liquidado. Igualmente, as diatribes que lhe foram dirigidas em vida, sobretudo na sequência do seu posicionamento foram dum nível intelectual e moral extremamente baixo e vergonhoso. Também torci o nariz perante o teor cada vez mais xenófobo que as críticas foram ganhando. Mas é bom não esquecermos que estamos a lidar com um país onde este tipo de intolerância (recordemo-nos do caso do treinador português, Miranda) é aplaudida pelos dois lados da fronteira política sempre que for conveniente politicamente. Paul Fauvet, o jornalista da AIM também moçambicano naturalizado, costuma ser alvo deste tipo de comentários da parte daqueles que são hostis à Frelimo. Só que achar a postura de Cistac “corajosa” e comprometida com a “verdade” só por ter defendido as posições que defendeu, como muitos andam por aí a dizer, brada um pouco aos céus do meu ponto de vista. A não ser que isso seja necessário para construir o cenário dum atentado à liberdade de expressão. Tudo indica, porém, que o nível intelectual dos inimigos da liberdade de expressão é idêntico ao dos amigos da liberdade de expressão. Concordo, contudo, com um amigo que em comunicação privada me disse que após as ameaças de que ele foi alvo o governo deveria ter oferecido protecção.
Mas um dos problemas que esta ocorrência torna visível é o problema de sempre, nomeadamente da nossa cultura política, e em ambos os lados da trincheira. O facto de ser necessário, no contexto actual, prefaciar tudo quanto se diz a este respeito com condenações do acto como se quem não o fizesse pudesse estar secretamente feliz revela a extensão desse problema. Eu não sinto nenhuma obrigação moral de pedir desculpas por aquilo que gente insensata – se é que se trata mesmo de crime político (outro prefácio que me incomoda) – fez, faz ou fará no futuro porque em toda a minha intervenção no debate público de ideias tenho primado pela defesa dos princípios que tornam a nossa liberdade de expressão possível e que me permitem reclamá-la quando ela é ameaçada. Tenho passado muito tempo a discutir com gente que pela sua postura intelectual e política seria tão hostil à liberdade de expressão quanto os que se supõem terem cometido este acto se tivesse poder para tal. Não é a primeira vez que digo isto. Há uma maneira de abordar o país sem nenhuma âncora no compromisso democrático que faz de todos nós, porque produtores do debate nacional, cúmplices em todo o acto que atenta contra a liberdade. 
E isto é o que me incomoda em toda esta história. Há muita indignação que é genuína, e com toda a razão, mas também há um tipo de indignação teatral protagonizada por pessoas singulares, grupos de pessoas e mesmo jornais que em nenhum momento da nossa história recente se notabilizaram por defenderem aquilo que devia, hoje, ser a principal fonte dessa indignação, nomeadamente o espírito da constituição. Não me lembro de ter ouvido as vozes dessas pessoas se indignarem contra a elevação do princípio segundo o qual os fins justificariam os meios – que foi o que aconteceu durante as malditas “hostilidades militares”. Antes pelo contrário, isso foi celebrado com base no argumento (que tanto mal fez ao nosso País, sobretudo na ressaca da independência) segundo o qual a violência seria um recurso legítimo sempre que alguém se sentisse lesado nos seus interesses e direitos. Maldito Fanon! Tenho apontado com certa frequência para a natureza incoerente deste posicionamento, mas sem grande impacto porque estamos a lidar com posições incoerentes.

Quem acha que uma ordem constitucional democrática pode ser ignorada como quadro normativo da nossa acção política quando ela é violada por aqueles que estão no poder priva-se de qualquer lugar privilegiado para se indignar e pregar moral. Aceitando, por momentos, a hipótese de que Cistac tenha sido vítima de quem se sentiu incomodado pelos seus posicionamentos políticos porque não seria legítimo, dentro desse raciocínio problemático, fazer uso da violência? Esta é a pergunta que todos nós, como sociedade, devíamos colocar. Uma sociedade que emula a violência priva-se de argumentos para se indignar contra quem faz recurso à violência para alcançar os seus objectivos políticos. O cúmulo desta incoerência é quando a Renamo publica um comunicado em que condena este acto mesmo depois de ter usado a violência contra o Estado Democrático (não contra a Frelimo porque se tivesse sido contra a Frelimo teria atacado as suas sedes e os seus militantes), ou ter ameaçado fazer uso da violência para alcançar os seus objectivos políticos. A coisa ganha contornos grotescos quando o mesmo partido cita Martin Luther King (ao invés de citar Malcolm X), herói nobre da causa cívica e da não-violência. O pior ainda é quando o “Canal de Moçambique” se excede nas suas condenações, apesar de ter noticiado com um prazer masoquista a morte de membros das forças de segurança do Estado durante as tristemente famosas “hostilidades militares”.
Há duas figuras extremamente problemáticas no “Facebook” (nenhuma delas consta da minha lista de amigos), nomeadamente Calado Calashnikov e Unay Cambuna. Neste momento, está na mó de baixo a primeira figura, sobretudo aos olhos de quem se acha defensor da liberdade de expressão. Os supostos inimigos da liberdade de expressão defendem Calado Calashnikov. Quando é o Unay Cambuna a fazer basicamente o mesmo que este faz os defensores da liberdade de expressão dão-lhe crédito, ou desculpam os seus exageros com um encolher de ombros, enquanto que os inimigos da liberdade de expressão consideram-no de diabo. A verdade, porém, é que tanto um quanto o outro são dois lados da mesma moeda. Quem compartilha os textos deles, junta-se em debates com eles e, basicamente, não vê nenhuma necessidade de deles se distanciar é, no fundo, também mais inimigo da liberdade de expressão do que defensor por os ajudar a contaminar o ambiente de debate são de ideias. Mas percebe-se porque somos condescendentes (ou duros) com cada uma destas figuras. Explica-se pela natureza do problema que nós próprios somos em Moçambique.
Na verdade, o nosso problema em Moçambique, sobretudo ao nível daqueles que participam no debate público de ideias, é de perdermos mais tempo cavando trincheiras políticas (eu sou contra ou a favor de…) do que a investir numa comunhão de princípios democráticos sérios que não abram espaço para aqueles que, dum lado e de outro, acham correcto fazer uso da violência para fins políticos ou que se não preocupam com os méritos das questões. É disso que nos ressentimos hoje perante este acto ignóbil que pode ter todo tipo de motivação, desde a instrumentalização política até ao aproveitamento oportunista por parte de pessoas que com a política pouco ou quase nada têm a ver. Quando abro o “Facebook” e vejo esse mar de “Je suis Cistac” que banha vários murais, reconheço pelos nomes algumas das pessoas que se escondem por detrás desses dizeres, e me lembro das suas intervenções nas várias discussões por aí fico arrepiado porque essas pessoas, pela sua própria incoerência democrática e postura intelectual, seriam das primeiras a fazer recurso à violência em “defesa” da sua razão se tivessem o poder que os outros hoje têm.
A ameaça à liberdade de expressão em Moçambique não vem dos que andam pelas nossas avenidas de arma em punho e gatilho desengatado. Vem de nós mesmo, da nossa postura cívica que se enrola em contradições quando se trata de defender os princípios que fundamentam uma ordem política democrática. É sintomático que quando se trata dum assunto menos político, mas nem por isso irrelevante como documento do nosso compromisso com esses princípios (por exemplo, o direito constitucional de associação), muitos que se julgam inimigos políticos de repente se reencontram na mesma trincheira intolerante baseada num discurso moralista. Se queremos verdadeiramente honrar a memória dum intelectual íntegro que Gilles Cistac parece ter sido devemos parar de procurar por bodes expiatórios e começarmos a prestar maior atenção a nossa própria postura intelectual. A questão não é de nos comprometermos com uma suposta “verdade” – porque isso simplesmente nos remete de novo à polarização política que tanto mal nos faz – mas sim prestarmos mais atenção à discussão dos méritos das questões apresentadas sob o pano de fundo dum compromisso com a promoção dos princípios que sustentam a nossa liberdade. São esses princípios, e não o apoio ou rejeição do que a Frelimo ou a Renamo fazem, que dariam coerência à nossa indignação. Nunca será tarde para aprendermos isto e nem nunca devíamos esperar por acontecimentos como este para recobrarmos a consciência.

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  • Eduardo Sigaúque Ja estava ser tarde!!!!
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  • Ezekiel Filipe Chauque Nunca 'e tarde, professor! E ai esta a chamada de atenção. Difícil 'e, para os homens, tomar uma posição sem ver " quanto ganha" com tal posição... Ai esta não assumimos a posição d prof gillis pela verdadeira "verdade" k traz, mas por que partido vamos ter... Ai esta: Vamos vingar a morte d... Ai esta: Que vingança vai trazer a paz e liberdad d expressão? E isto não significa k os outros não colocam agora estejam limpos... Somos todos produtos do ego(ismo)... Defendo uma ideia pra ter partido nem que seja daqui a 4@ geracao...
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  • João Barros Valeu esperar! Reflexão séria e profunda. Não decifrei insulto nenhum mas, aguarde-os Professor. Lembro me dum posto em que escreveu: "quando um jornal supostamente sério nomeá para homem do ano" alguém que comete crimes públicos, está tudo dito. Por último, o sentimento é algo muito subjetivo, daí que ninguém pode obrigar o outro a vestir os seus sentimentos!
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  • Noa Inacio Elisio Macamo de Basileia esboça uma leitura textual do.modus vivendi no seio da sociedade moçambicana no que tange ao debate político e de ideias. Ou se está do lado de cá ou de lá! Escrevi exactamente no dia da morte do finado que vingar a sua morte era um imperativo social pois isto poderia ajudar a credibilizar as instituições do Estado, a moralizar a sociedade acreditar que ainda é possível lutar contra os.criminosos e sobretudo na ideia de que vale a pena primar pelos nobres valores do Estado democrático onde.todos estamos sob alçada da lei e que ninguém está acima dela. Já tive vários grupos de debate, me esqueço até que tinha uma.conta no blogue, que tinha espaços em.jornais da praça, ou que tinha lugar em TVs para analisar factos da nossa sociedade, pois fugi desse mundo quando percebi que os.meus argumentos fériam a.logica em.funcao dos interesses de queda dos mesmos para as trincheiras do A ou de B. Neste contexto me parece fácil atirar um rastilho no meio de ambos, pois a sociedade está a crescer na contenção de uma ideia estanque em que já não se vêem delinquentes natos, bandidos, e vândalos. Ou são um grupo a serviço de A ou noutro caso estão a serviço de B. A questão da morte do Cistac deve vir servir para que voltemos a estudar enquanto sociedade os alicerces dessa constituição da qual gritamos que ele era um dos mais nobres guardiões. Afinal é isso mesmo que defendia Cistac? É nisso que nos revemos nele?
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  • Geraldo Tsope Segui atentamente a sua argumentação, acho-a assas pertinente neste momento em que vestimos o luto no campo de ideias, não pelo macabro assassinato do Prof. Sistac, porque esta extravasa as ideias levando-nos à fronteira entre o luto enquanto pesar e o luto simbólico para os defensores da liberdade de expressão e sua concomitante liberdade intelectual. Contudo, e conforme creio que deve ter percebido pelos dados que nos chegam da imprensa a manipulação politica serviu-se do assassinato do Prof. Sistac como escudo e lança para entulhar-nos as mentes e deixar-nos submersos em dúvidas sem fim. Calou-se por hora o ruido em volta das pretenções de Dhlakama. As dúvidas, contudo que emergem da sua argumentação prendem-se com a dificuldade em combater as inconsistências e as contradições sabendo que muitos dos que pendulam entre um e outro polo nem sequer têm consciência de que o que verbalizam encarna incoerências?
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  • Ismael Chutumia Parece que o mais sensato seria o malogrado acovardar-se e aceitar como verdadeira a versão de que a ideia das regiões autónomas era inconstitucional, que se emiscuisse de emitir a sua opinião relativamente a perca de mandatos dos deputados daquele partido por não tomarem posse em 30 dias. Pretende-se aqui alertar que as opiniões dos técnicos estão condicionadas a momentos? Estamos em estado de guerra?
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  • Geraldo Tsope Ismael Chutumia! Devemos afastar a tua proposta segundo a qual o saudoso Sistac devia acovardar-se, pois defendeu em vida não a criação de regiões autónomas, pois daí decorreria a incostitucionalidade caso não se procedesse a uma prévia revisão constitucional, mas sim a criação de províncias autónomas, materializando o disposto no artigo 4 da CRM\2004 visto que admite a criação de autarquias maiores do as que conhecemos podendo ser províncias.
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  • Noa Inacio Ismael Chutumia não sendo autor do texto e nem mesmo a quem diriges as questões (abertas) no seu post, permita me dizer lhe o seguinte. A opinião do técnico não está condicionada à momentos e nem estamos em estado de guerra. Verdade seja dita que poucos entenderam a última entrevista de Teodoro Húngara.... quando dizia que pensar em autarquias superiores não é nada novo e que já se pensou em algo igual no.passado e nem por isso creio que Húnguana esteja em perigo de vida? Lembro lhe que a opinião de Cistac era apenas mais uma opinião entre as várias em não se esqueça que antes mesmo o PR já tinha convidado a Renamo promotor da ideia a fazê lo por escrito e submete lo a AR. Elisio Macamo ao personificar Calado Calashnkov e Unay Canumba como duas versões da intolerância escondida em nomes fictícios arrastando mentes em campo A ou B devem sim ter contribuindo para morte de Cistac...mas e depois? Será essa morte factor suficiente para assumirmos que a ideia que ele defendia era válida para as pretensões da Renamo a luz dos resultados eleitorais anunciados pelo Conselho Constitucional? Caríssimo veja que nao descarto que hajam fanáticos que possam cometer crimes, mas a minha pergunta é antes da justiça encontralos é justo advinharmos os nomes, cor, credo e filiação política?
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  • Ismael Chutumia Cistac foi fortemente ameaçado ao ponto de levar-lhe a meter queixa na Procuradoria, Noa Inacio. O mesmo até então não é sabido em relação a Hunguana que corroborou com o Prof Catedrático.
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  • Elisio Macamo Ismael Chutumia, escrevi: "Mas não concordei com a sua intervenção, e no momento em que essa intervenção foi feita, a respeito das “regiões autónomas”. Faltou-lhe tacto, algo que mesmo o mais isento dos intelectuais precisa de observar, sobretudo em momentos políticos sensíveis. Escusado será dizer que nada disto justificaria a sua liquidação assim como a observação de tacto não deve ser feita em atenção à possibilidade de se ser liquidado. Igualmente, as diatribes que lhe foram dirigidas em vida, sobretudo na sequência do seu posicionamento foram dum nível intelectual e moral extremamente baixo e vergonhoso. Também torci o nariz perante o teor cada vez mais xenófobo que as críticas foram ganhando. Mas é bom não esquecermos que estamos a lidar com um país onde este tipo de intolerância (recordemo-nos do caso do treinador português, Miranda) é aplaudida pelos dois lados da fronteira política sempre que for conveniente politicamente. Paul Fauvet, o jornalista da AIM também moçambicano naturalizado, costuma ser alvo deste tipo de comentários da parte daqueles que são hostis à Frelimo. Só que achar a postura de Cistac “corajosa” e comprometida com a “verdade” só por ter defendido as posições que defendeu, como muitos andam por aí a dizer, brada um pouco aos céus do meu ponto de vista." não percebo as suas intervenções. em que momento sugiro que ele fique calado? estou a explicar porque não concordei com ele e porque não percebo porque se festeja o seu compromisso com a "verdade". onde está o problema exactamente?
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  • Ismael Chutumia Quando diz que "faltou-lhe tacto" o que sugere exactamente? Na minha interpretação sugere que tivesse ficado indiferente a falsidade.
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  • Elisio Macamo que lhe faltou tacto, uma das razões pelas quais não concordei com ele. releia a passagem. estou a explicar porque não concordei com ele. ou não devia discordar? não escrevi que se tivesse tido mais tacto não teria sido morto. escrevi que não concordei com ele por, entre outras coisas, lhe ter faltado tacto. prossigo dizendo que a falta de tacto ou o que ele disse não constitui nenhum motivo para o que aconteceu. porque quer forçar uma discussão despropositada de algo que está claro?
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  • Noa Inacio Ismael Chutumia não me parece que tanto Cistac quanto pior Húnguana foram atendidos pela maioria da massa crítica que circunda a volta do nosso debate político. Repare que Cistac enunciou que a Constituição abre sim espaço para autarquias superiores... e Húnguana claro disse que isso existe trouxe a discussão ao contexto do debate de que elas são um assunto a ser analisadas e que anteriormente já se tinha até proposto mas não parece que existam hoje condições para que sejam discutidas. Quero no meu entender "que o tacto" trazido aqui por Elisio Macamo que faltou ao finado reside no facto de ter feito um comentário desfocalizado do assunto em discussão que serviu apenas para deixar mais conturbados os já conturbados "analistas" desta patria, pois as várias exigências da Renamo (República Centro/Norte; regiões autónomas) não se pareciam com as autarquias superiores ou províncias de que o finado sabiamente levantou como sendo previstas em constituição. Mas ainda, a meu ver essa deslocalização pode ser verificada se regressarmos a discussão da defesa da constituição, isto é, não sei o que seria do Cistac se tivesse ido a TV dizer que se a CC promulgou os resultados todos incluindo a Renamo deveriam se curvar em . obediência estrita a constituição. Meu caro, entendo que tem.sido difícil encontrar argumentos para entender os factos como eles realmente são num contexto em que as nossas análises já estão catalogadas antes mesmo de entendermos a essência do argumento de outrem.
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  • Yussuf Adam Precisamos de aprender a viver de uma forma nao violenta na comunicacao, na politica etc.... Parece que o lema de muitos continua a ser se nao estas comigo estas contra mim. Nada justifica a xenofobia, o racismo, o assassinato, a guerra, etc. Penso que o Elisio coloca questoes pertinentes sobre a nossa cultura politica mas acho que deveriamos sublinhar que um dos problemas de base e a propria concepcao de politica como guerra. Os diferentes pontos de vista, opinios, juizos de valores, teorias sao verdades que podem ser discutidas. Mas ha alguns que acham que ha valores sacro santos como a unidade nacional, a patria, a soberania quando os dados empiricos mostram que nenhum destes conceitos sao absolutos. Soberania num mundo globalizado o que e_ unidade nacional o que significa num pais hetrogeneo, diferenciado, com economias politicas diferentes, trajectorias historicas diferenciadas_ Mas suponho que estamos todos de acordo que os Direitos Humanos e o respeito da Carta dos DH e algo pelo qual nos batemos, mesmo que seja ou pareca uma utopia. Nao me parece que a vitima deva ser responsabilizada depois de morta pela sua estrategia de ser frontal e transparente_ Provavelmente deve ser a diferenca entre o viver no meio do espaco onde as coisas se dao e responder diariamente aos problemas e o viver num espaco que te da a possibilidade de distanciamento_ Nao sei o que e melhor . Se ficar por aqui ou arrumar as tralhas e zarpar. Mas cansa enfrentar a corrupcao, o abuso de poder, a guerra quotidiana, a fome, a miseria, os golpes baixos.
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  • Elisio Macamo e, infelizmente, Yussuf Adam, essa concepção de política como guerra é algo que não é só de políticos. é de todos nós. esse é o problema. zarpar para onde se sempre levaremos o país connosco? é talvez insistir nessa outra postura e não deixar que os verdadeiros inimigos da democracia triunfem. e esses inimigos nascem nestas pequenas incoerências.
  • Castigo Joao Massuira Há que fazer um parênteses relativamente a frase ou expressão: Je suis Gilles Cistac, pois, vejo muitos discentes do finado a fazer uso recorrente dessa expressão, os quais (na minha óptica), não se escondem por detrás desses dizeres e, muito menos, fariam o recurso a violência para defender os seus intentos, dada à sua "tenra" idade. Relativamente as posições do finado, salvo entendimento em contrário, ninguém foi capaz de rebate-lo de forma académica (discussão do mérito da questão), com excepção do Télio Chamuço, relativamente a intervenção da OAM, pois, tudo o que vi foram ataques a pessoa do finado. Ora, parece-me que parte de nós preocupamo-nos em correr atrás do dinheiro ao invés de investir em ciência e, quando, aparece alguém a passear a sua classe ou a expor o seu po to de vista (mesmo que discutível), não conseguimos rebater ou contra-argumentar. Descanse em paz Gilles Cistac, pois o seu contributo no processos de autarcizacao e organização do tribunal administrativo jamais serão esquecidos.
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  • Dereck De Zeca Mulatinho Dionisio Marrengula convido - lhe a ler esta publicação.
  • Elisio Macamo concordo, Castigo Joao Massuira, mas repare que não disse "todos". abraços
  • Ismael Chutumia Precisamente #Castigo Joao Massuira "Relativamente as posições do finado, salvo entendimento em contrário, ninguém foi capaz de rebate-lo de forma académica (discussão do mérito da questão),...
    , pois, tudo o que vi foram ataques a pessoa do finado. Or
    a, parece-me que parte de nós preocupamo-nos em correr atrás do dinheiro ao invés de investir em ciência e, quando, aparece alguém a passear a sua classe ou a expor o seu po to de vista (mesmo que discutível), não conseguimos rebater ou contra-argumentar"
  • Samuel Justino Ernesto Espero do caro Professor, um Post com interpretacao juridica demonstrando que Gilles Cistac nao estava certo na suas interpretacoes. Abracos ate ja
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  • Castigo Joao Massuira Realmente, o prof. Elisio Macamo disse algumas, e nao todas pessoas. Obrigado pelo reparo.
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  • Almeida Oliveira Penso que este texto devia ser lido por todos aqueles que participam no debate sobre o assassinato do Professor Cistac. Se o pensar diferente fosse sinónimo de morte no nosso Pais, muitos ja teriam morrido. Incluindo Elisio Macamo. Cistac não foi o expoente do pensar diferente em Moçambique.
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