segunda-feira, 16 de março de 2015

Nyusi admite que podia ter sido mais ousado

Recebida como uma das propostas mais interessantes do discurso de tomada de posse do chefe de Estado, a redução do tamanho do Governo ficou aquém das expectativas, como reconheceu o próprio Filipe Nyusi, na última segunda-feira, durante um encontro com representantes da chamada “Geração 08 de Março”. “A redução do Governo não foi significativa, para 22 ou 23 ministérios, entramos com essa ideia, se calhar poderíamos ter reduzido mais, mas não foi possível”, disse Nyusi, explicando o facto de a sua promessa de formar um executivo mais leve não ter sido concretizado na escala em que deu a entender quando foi investido no cargo este ano. O Presidente da República explicou depois a decisão de criar novos ministérios, apontando o caso do Ministério da Terra, como uma decisão derivada da necessidade de ter um pelouro que apenas gerisse a terra. “Pensámos num ministério que se ocupasse da terra para os recursos naturais, da terra necessária para a agricultura e para outros fins”, assinalou Redução do número de ministérios Nyusi admite que podia ter sido mais ousado Por Ricardo Mudaukana Filipe Nyusi, argumentando ainda a tese que esteve por trás da criação do pelouro da Segurança Alimentar anexado ao Ministério da Agricultura. De acordo com Nyusi, a grave carência alimentar que parte substancial da população moçambicana enfrenta, justifica uma atenção redobrada por parte do Governo, contexto que pesou para a criação do Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar. “Precisávamos de um ministério que se ocupasse apenas da produção de comida, porque a nossa popula- ção precisa de alimentação, devido à situação de carência alimentar que enfrenta”, afirmou o chefe de Estado moçambicano. O Presidente da República apontou ainda o novo Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, como uma opção que mostra a sua aposta no provisão de direitos essenciais às futuras gerações. Em relação ao Ministério do Mar, a ideia é permitir a capitalização do potencial da economia marítima de que Moçambique dispõe, nomeadamente ao nível dos recursos piscató- rios, acrescentou Filipe Nyusi. Manutenção da paz No encontro com os “oitomarcistas”, como os membros do grupo se auto- -intitulam, Filipe Nyusi frisou que a sua aposta é a manutenção da paz, considerando que sente que pode ter feito mais para a estabilização do país. Colocar o desenvolvimento do país ao serviço do combate à pobreza, é outra das prioridades da governação, assinalou o chefe de Estado moçambicano. Com idades entre os 45 e os 65 anos, alguns já reformados ou à beira disso, os “oitomarcistas” fazem parte do grupo de então jovens que em 1977, foram obrigados a interromper os estudos para ocupar as posições abandonadas pelos técnicos portugueses na administração pública, principalmente na educação, como forma de garantir a continuação dos serviços. A decisão foi explicada pelo falecido Presidente Samora Machel como uma necessidade patriótica. “Não é o que tu queres, não é o que eu quero, é o que nós queremos, o que o povo quer”, sintetizou, dessa forma, Machel, a urgência da decisão, numa reunião realizada a 07 de Março de 1977. 

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