sábado, 14 de março de 2015

Yakuza: é assim o submundo do crime no Japão


autoria Anton Kusters
 
// data 12/03/2015 - 17:55
 
// 14328 leituras
"Eles tentam parecer criminosos cavalheirescos, vestem-se a rigor e portam-se muito educadamente para com o mundo exterior. Esta família em particular controla Kabukicho, que é o "red-light district" de Tóquio, está envolvida na prostituição, nos clubes nocturnos e no jogo", conta Anton Kusters em entrevista ao P3. O fotógrafo belga é especializado em projectos de longo termo e foi o único fotógrafo a conseguir aceder ao submundo do crime japonês através do contacto com o gang Yakuza, nome atribuído à máfia japonesa, fruto de dez meses de negociações com Souichirou, um dos membros da organização criminosa. "Aperceberem-se que o meu trabalho não era de índole jornalística, mas sim documental, fez uma enorme diferença para conseguir a aprovação. Acho que o facto de eu não entender japonês também pode ter sido importante." Estabelecer uma relação de confiança baseada em rotinas e controlo foi também relevante: "A cada 15 dias tinha reuniões onde lhes mostrava cada imagem que tinha feito durante aquele período e as que tinha seleccionado para integrar o livro. Disse-lhes que tinham poder de veto sobre cada imagem e que nunca veriam nada publicado contra a sua vontade. Também lhes disse que eu próprio teria poder de veto, de forma a não ser também forçado a usar determinadas imagens. (...) Durante dois anos nunca rejeitaram qualquer imagem." A comunicação estabelecia-se, enquanto fotografava, exclusivamente através de linguagem não-verbal, "o que pode parecer muito difícil, mas que na verdade torna as coisas bastante mais simples, uma vez que deixam de existir explicações longas." Conta que o seu estilo "fly on the wall" - estilo observador não-participante - fazia com que eles esquecessem a sua presença. "Nos últimos anos, à medida que aumentava a presença e a pressão da polícia, começaram a transferir-se para o crime económico e de colarinho branco. Entre os chefes mais jovens, o tráfico de droga parece ganhar popularidade", referiu, por fim. O livro "Yakuza" encontra-se esgotado.

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