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Ontem, o Joao de Sousa, nosso veterano jornalista da Radio Moçambique (os mais velhos recordam- se dele pelos relatos de futebol e basquete nos anos 80 quando nosso desporto ainda cativava multidões; e de suas parelhas com o Leite de Vasconcelos no Sabadar e no Volta a Moçambique, programas que misturavam diversão com erudição) publicou no seu mural uma foto de um velocista moçambicano dos tempos do antanho, o Jose Magalhães, a propósito de uma homenagem a este senhor. Quem lhe viu correr diz que era o nosso Carl Lewis, imbatível. Naqueles tempos, antes de 1975 e anos depois, nosso atletismo era saudável, respirava entusiasmo e o Parque dos Continuadores (ex-Parque Jose Cabral) era uma Meca sempre repleta de fiéis. Nos últimos anos, safou-nos aquela estratosférica figura que se chama Maria Mutola.
Hoje aquele Parque eh uma vergonha degradada. Dói-me descrever seu estado de saude. Por isso, vou-me demitir de revolver nessa ferida. Mas não vou deixar de partilhar convosco uma estória tao quente como o pão das 12 da Lafões. Pois, o Parque esta a ser retalhado. Quando a Embaixada da Espanha financiou a construção da Feima, eu aplaudi bastante. Foi uma obra de belo efeito. Onde era capim de pasto, tem gastronomia, artesanato e um mercado flores. Não quero falar das nuances criminosas dalgum artesanato que se alimenta da destruição da nossa biodiversidade, mas quando o Standard Bank decidiu erguer la um edifício, eu duvidei se era isso que precisamos para aquele lugar.
Não tenho nada contra este banco, até porque deu-me um premio de jornalismo o ano passado e agora vai levar me a Nacala para um Forum de Medias, mas isso não me impede de duvidar do processo menos transparente daquela concessão, enquadrada nessas parcerias-publicas que hoje encobrem muitas investidas contra nosso património comum.
Pois o Parque esta a ser retalhado. Uns investidores do Dubai, associados a dois políticos locais, já tem projecto para a construção de prédios de rendimento. Será a forma ideal para devolver o brilho perdido? Duvido. Duvido porque tudo esta a ser em segredo. Ninguém eh consultado. Nem a Assembleia Municipal, nem os moradores da zona, que eu acho tem sempre uma palavra a dizer. Um projecto anterior, também de imobiliária (foto neste post), foi chumbado no Conselho de Ministros do anterior governo central. Se o novo projecto se concretizar, será mais um golpe contra as infraestruturas desportivas de Maputo. E a cidade esta ficando fantasma nesse aspecto. Depois dos campos da baixa, o Parque esta em vias de ir-se pelos ares. Património público vai virar propriedade privada, adquirida sem nenhum suor. Advinha: quem são os dois governantes que querem tomar de assalto o recinto?
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