quinta-feira, 21 de maio de 2015

Armando Guebuza declara fim de participação na política activa



Armando Guebuza declara fim de participação na política activa e elogia sucessor Nyusi
O ex-presidente Armando Guebuza assegurou que não voltará à política activa, elogiando o seu sucessor, Filipe Nyusi, e revelou que a decisão de abandonar a liderança da Frelimo já estava tomada antes do último Comité Central.
Na segunda parte de uma entrevista concedida à Lusa, Armando Guebuza respondeu categoricamente “não” quando questionado se admitia um regresso à política activa, depois de, em Janeiro, ter abandonado a Presidência da República e, dois meses mais tarde, a liderança da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido maioritário há 40 anos.
“Sou antigo Presidente e por conseguinte vou fazer o papel de antigo Presidente, estudando aquilo que posso fazer para dar o contributo no reforço do prestígio deste país”, declarou o ex-chefe de Estado.
Nas primeiras declarações públicas desde a última reunião do Comité Central, Armando Guebuza lamentou “equívocos” sobre a decisão de se afastar da presidência da Frelimo, e apontou artigos na comunicação social que especulavam sobre a sua permanência sem que tenha sido questionado.
Antes da reunião, o porta-voz do partido tinha adiantado que a sucessão da presidência da Frelimo não constava da ordem de trabalhos, mas, no final, Guebuza demitiu-se e deu lugar a Nyusi, terminando as especulações e também a alegada existência de dois centros de poder em Moçambique, atingindo a capacidade de liderança do novo chefe de Estado.
“Já tinha a decisão tomada [antes da reunião], afirmou Armando Guebuza, não esclarecendo em que momento o fez: “Já tinha e isso é que é importante”, observou, acrescentando que a sua escolha “foi a correcta e vai garantir a coesão interna do partido”.
“Nunca tive dúvidas de que não podia continuar como presidente da Frelimo”, enfatizou o ex-líder partidário, considerando que o seu sucessor na força política e na Presidência da República está a ir “muito bem”.
“Foi aprovado o plano Quinquenal [do Governo], o Plano [Económico e Social] anual, o Orçamento [do Estado], o Presidente já fez três presidências abertas [até à data da entrevista], procurou resolver, com o sucesso possível dados os nossos recursos parcos, o problema das cheias, das calamidades que tivemos, e deu uma resposta à xenofobia [na África do Sul], que não fazia parte destes cem dias [iniciais de mandato] mas que apareceu, só para citar algumas coisas”, disse Armando Guebuza, insistindo que “o balanço é positivo”.
O ex-presidente da República elogiou também o esforço de diálogo do seu sucessor, nomeadamente ao encontrar-se com Afonso Dhlakama, líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), no seguimento da crise pós-eleitoral entre Governo e oposição, mas também com Daviz Simango, presidente do MDM (Movimento Democrático de Moçambique), e partidos extraparlamentares e ainda com a sociedade civil, “um parceiro importante para o desenvolvimento”.
Guebuza concorda que a chegada ao poder de Nyusi, o primeiro Presidente que não participou directamente na luta de libertação nacional, tem um alcance geracional e criou “muitas expectativas, não só na juventude do partido e outras tendências, e permite ver que, afinal de contas, se pode obter mudanças na democracia interna” da Frelimo.
“A força da mudança”, ‘slogan’ nas campanhas eleitorais do partido maioritário “é isso”, sustentou, manifestando a sua convicção de que “a Frelimo vai fazer todos os possíveis para continuar a merecer a confiança da população” e advogando que a alternância democrática não precisa de ser partidária, desde que a escolha seja feita pelo eleitorado.
Sobre o seu futuro, Armando Guebuza referiu que vai concentrar-se no “aumento do prestígio” de Moçambique, “para que o povo fique cada vez melhor e o país seja respeitado como um Estado de direito democrático”, e admitiu que a sua acção se alargue à resolução de conflitos no estrangeiro.
“Fora do país, mesmo antes de ser chefe de Estado, já tive oportunidade de participar em unidades ligadas à paz”, recordou, e, “se houver conflitos por resolver, tudo dependerá dos casos que ocorrerem”.
Lusa – 21.05.2015

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