domingo, 10 de maio de 2015

Papel da comunicação social na difusão do conhecimento(1)


Segunda, 11 Maio 2015

Proponho a seguir alguns pontos ao debate, na esperança de que algo seja feitopela sociedade, com vista à correcção de certos hábitos pouco convenientes, tendo em conta o papel da comunicação social na difusão do conhecimento e da cultura geral.
O que não podemos fazer é assistir impávidos e serenos a certos males que se vão multiplicando na sociedade e pensarmos que nada podemos fazer contra certas “forças” como as redes sociais e a televisão, “porque os tempos são outros”. Não!
“A estagnação conduz à extinção.” Esta é uma curta, mas valiosa frase do carismático bispo reformado Dom Dinis Sengulane, um activista de saúde, ética e paz numa intervenção na Matola.
Cresci a conhecer certas datas históricas como o 3 de Fevereiro – Dia dos Heróis Moçambicanos (dia em que morreu o Dr. Eduardo Chivambo Mondlane, fundador da Frente de Libertação de Moçambique e primeiro presidente do movimento); 8 de Março – Dia Internacional da Mulher; 7 de Abril – Dia da Mulher Moçambicana (dia em que morreu Josina Machel, combatente e heroína da luta de libertação nacional); 1 de Maio – Dia Internacional do Trabalhador (dia em que operários de Chicago revoltaram-se para exigir a redução do número de horas de trabalho de dezasseis para oito); 1 de Junho – Dia Internacional da Criança; 16 de Junho – dia em que se recorda o massacre de Mueda e a criação do metical e igualmente Dia da Criança Africana; 25 de Junho – dia da proclamação da Independência Nacional em 1975 e da fundação da FRELIMO (1962); 7 de Setembro – dia dos Acordos de Lusaka; 25 de Setembro – dia do início da luta de libertação nacional (e parece-me agora também dedicado às FADM); 12 de Outubro – Dia dos Professores, etc.
Estas são algumas datas festivas que foram reconhecidas em Moçambique durante a primeira República. Com o tempo foram surgindo outras datas, como por exemplo o 4 de Outubro, o 19 de Outubro, entre outras. Entre as datas acima elencadas existem simples datas comemorativas/históricas e aquelas que são consideradas feriado nacional.
É aqui onde surge a minha proposta de debate aberto, através deste meio e de outros que possam ser abrangentes, com o intuito de evitarmos confusão na sociedade, separando o “trigo do joio” e educarmos a sociedade para uma melhor interpretação das efemérides.
Vejamos alguns exemplos relativamente à “mesificação” (passe o termo) ou personificação dos meses. Hoje, tornou-se normal os apresentadores de televisão, particularmente os do sexo feminino, designarem Abril como sendo mês da mulher. Vai daí ligam qualquer evento relacionado com a mulher e que ocorre neste mês como sendo alusivo ao mês da mulher.
Afinal o mês de Abril é o mês da mulher ou simplesmente contempla uma data, 7 de Abril, consagrada à mulher moçambicana? Abril, mês da mulher, ou dia 7 de Abril, Dia da Mulher Moçambicana?
E o mês de Março é, efectivamente, o mês da mulher ou contempla um dia, o dia 8 de Março, dedicado como Dia Internacional da Mulher? Acaso temos dois meses da mulher: Março e Abril?
Na escola ensinam 7 de Abril (feriado nacional) como sendo o Dia da Mulher Moçambicana e 8 de Março (dia comemorativo) como sendo o Dia Internacional da Mulher, mas na comunicação social e nos discursos políticos e dos apresentadores de vários programas na rádio e televisão fala-se do mês da mulher, tanto em Março como em Abril. Claro que há excepções mas então qual é a verdade e qual deve ser a melhor interpretação?
E não me venham falar de machismo porque eu poderia falar do mês de Junho. Como se disse acima: nele temos datas históricas como o dia do massacre de Mueda e o Dia da Moeda Nacional, 16 de Junho; o Dia da Criança Africana e o dia da Independência Nacional. Seguindo então o raciocínio da “mesificação”, Junho seria mês de quê?
E já agora, qual é o mês da criança de facto? Sabe-se que a data efectiva da comemoração estabelecida em quase todo o mundo é 1 de Junho. Neste dia 1 de Junho, em 1945, durante a 2.ª Guerra Mundial, as tropas aliadas bombardearam Osaka, no Japão, com cerca de 6000 toneladas de explosivos lançados por bombardeios B-29, no mesmo ano em que a mesma cidade sofrera idêntico ataque, três meses antes.
Foi precisamente este conflito mundial que originou a celebração do dia mundial da criança, pois após esta guerra, com a Europa destruída, um grupo de países da Organização das Nações Unidas procurou reerguer-se socialmente, criando instituições como o Unicef, cuja vocação é a protecção das crianças.
Em 1950, a Federação Democrática Internacional das Mulheres propôs à ONU a definição de um dia dedicado às crianças de todo o mundo e assim, em 1959, foi aprovada a Declaração dos Direitos da Criançae, em 1989, a Convenção dos Direitos da Criança.
É assim que o dia mundial da criança é oficialmente 20 de Novembro, data que a ONU reconhece como dia universal das crianças, em celebração da aprovação da Declaração dos Direitos da Criança.
No caso de Moçambique, fora a vinculação supramencionada, existe o Dia da Criança Africana, pois Moçambique faz parte de África e da OUA, actual UA (União Africana), que institucionalizou em Addis-Abeba, Etiópia, desde 1991, esta comemoração para 16 de Junho de todos os anos, em memória dos meninos negros do Soweto massacrados a 16 de Junho de 1976, por terem protestado contra a discriminação no ensino. Então qual é de facto o mês da criança?
Podia viajar mais sobre esta questão de mês de… ou de “mesificação” de efemérides, fazendo uma incursão sobre meses como Setembro e Outubro, que têm mais do que uma comemoração ou data histórica, mas não pretendo ir mais além sobre este assunto, deixando que o debate nos possa trazer mais subsídios que possam eventualmente nos levar a uma aproximação de pontos de vista sobre estas matérias. A minha questão é que déssemos “a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus,” isto é, dia disto ou daquilo e não mês disto ou daquilo.
CHACATE MBULWA

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