sexta-feira, 27 de novembro de 2015

“Viva Costa”, rejubila o The Times of India

O jornal indiano de língua inglesa mais vendido no país congratula o primeiro-ministro “de origem goesa”, fala de como o establishment português tentou mantê-lo fora do poder e das dificuldades que se perspectivam no combate com a troika.
O "The Times of India" é o terceiro jornal com maior circulação no país e o mais vendido em língua inglesa, com uma audiência diária estimada em 7,64 milhões. PHIL WHITEHOUSE/FLICKR
“António Costa, um neto de Margão [segunda maior cidade de Goa], nascido no ano da libertação de Goa [1961], é agora primeiro-ministro de Portugal”. O jornal indiano The Times of India não é parco em palavras elogiosas ao líder socialista. O artigo que assinala a tomada de posse da passada quinta-feira é intitulado “Viva Costa, o homem de Goa em Portugal”.
The Times of India (ToI) é o terceiro jornal com maior circulação no país e o mais vendido em língua inglesa. Segundo o Indian Readership Survey, em 2012 o jornal teve uma média de 7,64 milhões de leitores diários, num país que tem mais de mil milhões de habitantes.
O jornal indiano fala dos desafios da liderança de Costa, descrevendo como o “establishment conservador português, liderado por Cavaco Silva, tentou vigorosamente mantê-lo fora do poder, pondo em causa os processos democráticos relativamente recentes do país durante o processo”.
O diário assinala ainda como a troika se tornou rapidamente no “inimigo público número 1” do executivo socialista, quando Costa “prometeu honrar os compromissos financeiros do país mas também virar a página da austeridade” e de como estas políticas podem ter provocado incómodos no seio de países europeus mais ricos, “especialmente a Alemanha, o motor do temido triunvirato”.
Times of India faz também um resumo rápido da “construtiva” carreira política de António Costa. O jornal escreve sobre a década de 90 e sobre o Ministério dos Assuntos Parlamentares que liderou e sobre a pasta da Justiça que herdou depois.
Dá ênfase à “jogada arriscada” de concorrer à Câmara de Lisboa, “uma zona urbana problemática”, e de como moveu o seu gabinete para o bairro da Mouraria, “infestado de crime, droga e prostituição” e que se transformou no “centro do seu projecto de renovação que refez Lisboa numa das capitais da Europa mais seguras, limpas e verdes”. “Talvez inevitavelmente”, reflecte o jornal indiano, “o mayor lisboeta começou a ser tratado por Ghandi pelos seus concidadãos” – sinal da sua “calma suprema, característica reconhecida dos goeses”.
No final do artigo, o diário indiano faz uma breve previsão dos próximos tempos “difíceis” do primeiro-ministro português: “Simultaneamente [terá de] assegurar os compromissos com a União Europeia e dialogar com partidos de esquerda que rejeitam o acordo desde o início, insistir num programa socialista que permita uma redução sustentável de défice e dívida, aumentar salários mínimos e descongelar pensões”. Uma agenda “improvável”, classifica o ToI, mas o jornal indiano aconselha a não apostarem contra Costa, até porque se há alguém que consiga cumprir os objectivos é o descendente de goeses que diz “cumprir sempre mais do que o que promete”. Notícia editada por Leonete Botelho.

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