sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Chefe da diplomacia europeia apela ao diálogo em Moçambique

Federica Mogherini prometeu mais investimento, mas também avisou que não se podem perseguir objetivos políticos através das armas. O Governo e a RENAMO devem dialogar, referiu a chefe da diplomacia europeia.
Chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini (esq.), e ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Baloi
A União Europeia (UE) está preocupada com a onda de instabilidade política em Moçambique. De visita a Maputo, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, alertou para a necessidade de "não se perseguirem objetivos políticos através da força das armas".
"É necessário reforçar a democracia no país e é igualmente crucial que se crie um ambiente que permita resultados substanciais e significativos no diálogo político", disse Mogherini, esta quinta-feira (25.02), à saída de um encontro com o Presidente da República, Filipe Nyusi, na capital moçambicana.
Moçambique vive uma crise política desde as eleições gerais de outubro de 2014. O maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), ameaça tomar o poder à força em seis províncias onde reclama vitória eleitoral. Nyusi e o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, encontraram-se no início de 2015, mas o impasse mantém-se. Nos últimos meses, o Governo e o partido da oposição têm-se acusado mutuamente de ataques, raptos e assassínios.
 
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Chefe da diplomacia europeia apela ao diálogo em Moçambique

Apoio a Moçambique
Federica Mogherini reafirmou a disponibilidade da União Europeia para trabalhar com Moçambique "como um bom parceiro", descrevendo como "excelente" o atual nível de cooperação.
"Informei o Presidente sobre o interesse da União Europeia em manter e reforçar o investimento em Moçambique, especialmente no desenvolvimento económico", afirmou Mogherini, que prometeu ainda apoio europeu para fazer face às cheias e secas.
A cooperação entre Moçambique e a União Europeia realiza-se através do Fundo Europeu de Desenvolvimento, que prevê um apoio de 721 milhões de euros para o período 2014-2020. Segundo o Governo moçambicano, o dinheiro destina-se, por exemplo, aos setores da agricultura e energia e à construção de estradas.
Críticas da oposição
A diplomata da União Europeia encontrou-se em separado com delegações dos dois partidos da oposição com assento no Parlamento, a RENAMO e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
Durante o encontro, a RENAMO reiterou que está disponível para manter um diálogo sério, informou a chefe da bancada parlamentar do partido, Ivone Soares, em entrevista à DW África. A RENAMO acusou ainda o Governo moçambicano de estar a investir na compra de material bélico, algo que estaria a contribuir para um clima de suspeição.
Encontro de líder da RENAMO, Afonso Dhlakama (esq.), e Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, em fevereiro de 2015
Segundo Soares, atualmente, os níveis de confiança são "baixíssimos" depois das forças especiaisinvadirem a casa de Afonso Dhlakama, na Beira, e depois de desconhecidos balearem o secretário-geral do partido, Manuel Bissopo.
Por seu turno, o porta-voz da bancada do MDM, Fernando Bismarque, disse que, durante o encontro de Mogherini com o seu partido, foi reafirmada a necessidade de se encontrar uma saída urgente para pôr fim à atual tensão político-militar - uma saída que passaria pelo diálogo, envolvendo os partidos políticos e outras forças vivas da sociedade.
O MDM defendeu a revisão da Constituição da República, com vista à eleição dos governadores provinciais. Disse ainda ser necessário reduzir os poderes do chefe de Estado e rever a política fiscal.
Entretanto, o Conselho Nacional de Defesa e Segurança decidiu esta quarta-feira (25.02) que devem ser criadas condições de segurança para permitir a realização de um novo encontro entre o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, para pôr termo aos ataques no país.

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