terça-feira, 25 de outubro de 2016

Em memória de Samora sem romantismos

Nam Agradável surpresa ou tiro no escuro Pág. 10  Escolha de Nyusi para ministério estratégico TEMA DA SEMANA 2 Savana 21-10-2016 Trinta anos após a morte de Samora Machel, persiste o mistério sobre as causas que vitimaram o fundador do Estado moçambicano e mais 34 membros da comitiva presidencial, num trágico acidente aéreo nas montanhas sul-africanas de Mbuzini, uma região que se situa na confluência das fronteiras entre África do Sul, Moçambique e Swazilândia. Foi na encosta de uma das montanhas, que faz parte da cadeia dos Libombos, onde na noite de 19 de Outubro embateu-se o Tupolev 134A de fabrico russo e pilotado por uma tripulação daquele país. Inconformada com a falta de resultados, Graça Machel, viúva do primeiro Presidente de Moçambique, disse que não gostaria de comentar este assunto antes que lhe sejam apresentados resultados conclusivos, porque foram feitas muitas promessas ao longo do tempo, no sentido do esclarecimento da verdade. Graça Machel atirou responsabilidades aos governos de Moçambique e da África do Sul, por ter sido o local onde a aeronave se despenhou. Diz que até aqui os relatórios das diversas equipas criadas para o efeito mostraram-se inconclusivos e atacou: “mesmo que tenha havido um erro humano dos pilotos, nada justifica que o avião tivesse caído”. Sem a “verdade”, entende a activista de causas sociais, que prefere não falar mais das promessas dos políticos, numa clara resposta ao primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, que prometeu que a verdade sobre o assassinato de Samora Machel será um dia conhecida e que constituía imperativo nacional. “Prefiro não falar disso, porque repetidas vezes foram feitos compromissos de que não vamos descansar enquanto a verdade sobre o assassinato de Machel não for conhecida. Já foram vários presidentes a dizer isso, do lado sul-africano, tivemos Nelson Mandela, Thabo Mbeki e Jacob Zuma. Do lado moçambicano, foi Joaquim Chissano e Armando Guebuza. Todo o mundo já disse isso, e eu só vou acreditar quando vir os resultados”, declarou. Graça Machel falava nesta segunda-feira em Mbuzini, na província sul-africana de Mpumalanga, no decurso das celebrações do 30º aniversário da morte de Samora Machel, um evento organizado pelos governos da África do Sul e de Moçambique. Sob o lema: “30 anos de Mbuzini: recordando a vida e obra de Samora Machel”, as cerimónias foram dirigidas pelo vice-presidente sul- -africano, Cyril Ramaphosa, e pelo primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário. O evento contou com a presença da família Machel, familiares dos restantes 34 perecidos no acidente, bem como cinco dos sobreviventes. Refira-se que do total dos 10 sobreviventes do19 de Outubro, seis é que continuam vivos enquanto os restantes quatro perderam a vida ao longo dos 30 anos.Foi notória a forte mobilização de membros da Frelimo e do ANC, que no local se apresentaram bem trajados e portando as bandeiras dos respectivos partidos. A cerimónia começou com a deposição de coroas de flores pelos principais intervenientes, seguida duma visita ao museu dedicado às vítimas no local. As autoridades sul-africanas decretaram fortes medidas de segurança no local e colocaram uma tela de modo que as popula- ções residentes nas imediações pudessem acompanhar o evento fora do circuito. Não satisfeitas com isso, as populações protestaram e a organização acabou permitindo a sua entrada no recinto. A verdade será conhecida Para o primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, que representava o chefe de Estado na cerimónia, Samora Machel foi assassinado pelos inimigos da auto-determinação, da paz, da igualdade entre os Homens, da concórdia e da coexistência pacífica em Moçambique e na região da África Austral. Entende que estas eram as causas pelas quais Machel se batia, facto que justificou a sua viagem à localidade de Mbala, norte da Zâmbia, cujo objectivo era a busca de paz para região e para o continente africano, pois para Machel, a independência de Moçambique só seria completa se outros povos da região e do mundo também estivessem livres e independentes. Vem daí o apoio que prestou aos movimentos de libertação como ANC, ZANU- -FP, SWAPO e FRETILIN. Num discurso que fez recordar o provérbio segundo o qual “a esperança é a última a morrer”, Rosário diz estar convicto de que a verdade sobre o assassinato do primeiro Presidente de Moçambique independente será um dia conhecida. “Para Moçambique, o desfecho do “dossier” sobre a morte de Samora Machel continua a ser uma prioridade nacional e um imperativo patriótico. Reiteramos que o nosso Governo irá continuar a encetar esforços no sentido de que sejam esclarecidas as circunstâncias em que ocorreu o acidente que tirou a vida ao nosso saudoso Presidente e a comitiva que o acompanhava”, prometeu, num discurso que intercalava com um dos cânticos que Samora outrora entoava nos seus comícios (Khanimambo Moçambique que quer dizer obrigado Mo- çambique). Definiu Samora Machel como um herói nacional e uma referência incontornável na história pela autodeterminação dos povos do continente africano e do mundo, que não só libertou a terra e os homens, mas trouxe para Moçambique, para a região e para o mundo, uma nova forma de relações, onde o bem-estar social foi sempre a sua prioridade, uma causa pela qual se bateu até ao fim da sua vida. Congratulou a iniciativa do Governo sul-africano de declarar o monumento Samora Machel de Mbuzini como seu património nacional, acto que, de acordo com o PM, contribui para perpetuar os momentos da trajectória comum na luta contra o Apartheid. Disse que Mbuzini é mais do que um memorial dos mártires deste trágico acidente, mas sim um pedaço vivo dos espaços históricos, do sacrifício e do sangue derramado por nacionalistas moçambicanos e sul-africanos pela independência, paz, igualdade entre as raças e religiões. Prometeu retribuir o gesto, declarando o monumento e centro de Interpretação da Matola como Património Cultural Nacional. Trata- -se de um monumento que retrata as marcas do apartheid em Mo- çambique, inaugurado ano passado pelos respectivos chefes de Estado. Não se sobrepor ao povo Bastante emotivo, o vice-presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, recorreu várias vezes ao changana, para expressar a sua “rendição” aos feitos de Machel. Para Ramaphosa, a coragem, atitude e determinação do antigo estadista moçambicano mostraram ao mundo que a luta pelas causas justas não tem fronteiras, enfatizando que o seu país tem uma enorme dí- vida para com Moçambique, apontado o apoio prestado ao ANC no combate ao regime de segregação racial. Moçambique acolheu diversos nacionalistas sul-africanos, com Passados 30 anos Mistério sobre morte de Samora mantém-se Por Argunaldo Nhampossa em Mbuzini Restos mortais de Samora Machel Família Machel ainda aguarda pelos resultados das investigações Cyril Ramaphosa, vice-presidente da África do Sul TEMA DA SEMANA Savana 21-10-2016 3 destaque para Jacob Zuma, Albert Luthuli, Ruth First, entre outros, que eram perseguidos pelo então regime do apartheid, o que culminou com ataques ao país e resultou na assinatura do acordo de Nkomati, que preconizava a não-agressão e boas relações de vizinhança. Considerou que Moçambique e África do sul são dois países, mas um único povo, cujos laços de irmandade foram cimentados durante a luta de libertação. Do legado de Samora, que não o conheceu fisicamente, reteve Ramaphosa o ensinamento de que a unidade das massas é crucial para a promoção do bem-estar, sendo que as pequenas elites não se podem sobrepor ao interesse da maioria. Passados 30 anos após a sua morte, diz ter chegado a hora de fazer uma introspecção e questionar se valeu a pena o sacrifício que consentiu pelo povo tanto moçambicano, bem como sul-africano e o resto da região. “Temos de nos questionar se continuamos a guiar o povo de acordo com os seus ideais para a promoção do bem-estar. Temos de nos perguntar se continuamos a trabalhar para a criação de uma nação próspera”, disse Ramaphosa, que entende que esta seria a melhor maneira de imortalizar Samora Machel. Desafiou a sua contraparte para o fortalecimento das plataformas de trabalho rumo ao desenvolvimento comum das economias, promoção do bem-estar dos povos e enalteceu a importância do corredor de Maputo para as transacções comerciais. Sublinhou que ambos países têm inúmeros recursos naturais que bem explorados podem promover o almejado crescimento económico inclusivo e apelou para que a celebração da tragédia de Mbuzini inspire os dirigentes no combate à pobreza, uma causa pela qual Machel lutava. “Recordo Machel como soldado que combatia contra a fome, analfabetismo, doenças e corrupção”. Explicou de seguida que o monumento de Mbuzini tem 35 torres que representam cada vítima do despenhamento do avião. As torres apresentam um aspecto enferrujado que simboliza o sangue derramado, sendo que, nos dias de vento, emitem sons que representam os gritos das vítimas. Paz só com direitos básicos O filho do primeiro estadista de Moçambique independente, Samora Machel Júnior, definiu o pai como visionário, assinalando que ele não acreditava na tese de que a paz era sinónimo do calar do armas. Considerou que foi este pensamento que o levou a encetar negocia- ções com outros países, para a busca da paz na região, tendo encontrado a morte no regresso duma dessas missões. Tomou Moçambique como exemplo, apontando a assinatura, em 1992, do Acordo geral de Paz (AGP), que, no seu entender, se traduziu no calar das armas, mas não numa paz duradoura e efectiva. Citando o seu progenitor, avan- çou: “é na afirmação dos direitos do povo que se encontra a paz” e apontou o acesso à educação, saúde, habitação condigna, trabalho digno e justamente remunerado, facilidade de acesso aos meios produtivos e garantias de liberdade de expressão. “Pode se erguer estátuas, lembrar os seus feitos, obras entre outros, mas garanto-vos que não haverá melhor forma de respeitar ou prestar tributo a Samora Machel se não devolver a paz aos moçambicanos”, declarou. No âmbito das comemorações dos 30 anos da morte do Presidente Samora Machel, o Museu dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) inaugurou nesta quarta, dia 19 de Outubro, a exposição fotográfica intitulada “Samora Machel e os Caminhos de Ferro de Moçambique”. A exibição fotográfica retrata os momentos marcantes em que o Primeiro Presidente de Moçambique Independente visitou os CFM, nomeadamente, ao Porto de Maputo a 23 de Março de 1977 e no início dos anos 80, o Presidente Samora Machel esteve no complexo ferro-portuário de Maputo, posteriormente, visitara o porto da Beira e a 8 de Outubro de 1986, onze dias antes da sua trágica morte em Mbuzini, o Presidente Samora foi ao Porto de Nacala. Estas são algumas das referências históricas que ligam os CFM ao Presidente Samora Machel. “Factos que poderiam parecer episódios isolados, mas que sublinham a importância que este sector estratégico tinha na afirmação de um novo Estado e num contexto de libertação do Zimbabwe ou do combate ao apartheid na África do Sul. Os tráfegos ferro-portuários também fazem, ao longo destes anos, o registo gráfico da histórica política, económica, social e cultural de Moçambique e da África Austral”, refere o comunicado de imprensa enviado a nossa Redacção. A mesma nota refere que “o Presidente Samora Machel intuiu sempre e interpretou a importância decisiva dos Portos e Caminho-de- -ferro para o nosso País e os países do Interland natural, mas não só. Utilizou este e outros instrumentos para a afirmação ascensional de Moçambique e dos valores mais altos da liberdade política e económica, social e cultural, pela qual verteria o seu sangue a 19 de Outubro de 1986”. Samora Machel e os Caminhos de Ferro de Moçambique Carlos Agostinho do Rosário Samora Machel Júnior TEMA DA SEMANA 4 Savana 21-10-2016 Oprimeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel, pode ter assinado a sua sentença de morte, quando rubricou o Acordo de Nkomati com o defunto regime do “apartheid”, considera a jornalista Deborah Patta, editora da Rá- dio 702, da África do Sul. Num artigo publicado esta semana no diário Mail & Guardian, Patta defende que Machel entrou num pacto com o diabo e foi enganado pelo antigo Governo racista branco da África do Sul. “Ao abrigo do Acordo de Nkomati, o Congresso Nacional Africano (ANC) foi chutado sem cerimónias de Moçambique e a África do Sul aceitou parar todo o apoio militar e logístico ao grupo rebelde da Renamo”, lembra a autora. Mas a história conta uma história diferente. O acordo foi uma charada. A África do Sul não tinha a intenção de cumprir o pacto. Precisamente quando Samora Machel e Pik Botha se apertavam as mãos nas margens do Nkomati, abastecimentos voavam para a Renamo. Pretória apetrechava a base do movimento na Casa Banana e, um ano após o acordo, documentos encontrados nesta base mostravam que Machel tinha sido ludibriado. Os fornecimentos à Casa Banana continuaram, um corredor aéreo foi aberto entre África do Sul e as principais bases da organização de Afonso Dhlakama e um dos ilustres visitantes era o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros sul- -africanos, Louis Nel. Por outro lado, segundo Deborah Patta, a África do Sul ajudou a Renamo a montar bases no Malawi, lançando acções de desestabiliza- ção a partir deste território. Durante um encontro de duas horas, um Machel furioso mostrou a Banda provas do apoio activo do Malawi e África do Sul à Renamo. A documentação incluía uma fotocópia de um passaporte malawiano usado por Afonso Dhlakama. No regresso a Maputo, Samora Machel disse aos jornalistas: “Vamos colocar mísseis ao longo da fronteira com o Malawi, se o apoio aos bandidos não acabar. E vamos fechar o tráfego fronteiriço entre Malawi e África do Sul através de Moçambique.” Essa, diz o texto de Deborah Patta, era uma ameaça séria: uma média de 70 camiões atravessava diariamente Moçambique através da província de Tete para a África do Sul. Pouco depois do encontro entre os quatro estadistas, a Renamo empreendeu invasões prolongadas em Moçambique a partir do Malawi. As colunas militares que invadiram Moçambique, refere Patta, foram conduzidas por soldados brancos que se acredita que eram membros das Forças Especiais da África do Sul (os reccies). E foi aí que Machel colocou mais um prego no seu caixão. Durante uma visita à província de Tete, que faz fronteira com o Malawi, afirmou: “As autoridades malawianas tornaram o seu país uma base de mercenários de várias nacionalidades, principalmente para soldados sul-africanos. Acho que o Presidente Banda não é responsável [pela situação]. Acho que ministros, soldados, membros das forças e do Governo malawiano foram comprados pelos sul-africanos e outros países, não quero indicar os nomes agora, apesar de haver provas disto.” Segundo o artigo, Machel planeava demitir vários generais moçambicanos por estarem a tirar benefícios da guerra com a Renamo, mas não viveu para concretizar esse desiderato. Ameaças de Magnus Malan A 06 de Outubro de 1986, o ministro da Defesa da África do Sul, general Magnus Malan, ameaçou pessoalmente Samora Machel, na sequência da explosão de uma mina perto da zona onde 13 dias depois se despenhou o Tupolev 134, que transportava o chefe de Estado moçambicano. “Se o Presidente Machel escolhe Com o Acordo de Nkomati Samora assinou a sua sentença de morte malawiano pela Renamo. A jornalista lembra ainda um excerto do livro “Machel de Moçambique” do jornalista Ian Christie, que dizia: “Quando partiu de viagem para o Malawi ele estava furioso. Ele detestava o [O Presidente do Malawi, Hastings] Banda e tinha em várias ocasiões, na minha presença, o descrito como fascista.” Para a editora da Rádio 702, as condições estavam criadas para um atentado contra a vida de Samora Machel, mas, como Graça Machel disse: “Nunca esperámos que a África do Sul atacasse o avião presidencial”. E, portanto, foi a 19 de Outubro, numa noite escura em Mbuzini, um Tupolev 134 despenhou-se numa colina, matando Machel e outros 34 ocupantes. Apenas nove pessoas sobreviveram ao acidente. Uma das primeiras pessoas a chegar ao local do desastre era um residente da zona, que, temendo pela sua segurança, identificou-se pelo nome falso de Mike. Porque conhecia muito bem a área, estava em condições de se movimentar nos difíceis terrenos montanhosos do local, foi levado para a área pela polícia local. Para sua surpresa, encontrou polícias já presentes no cenário do acidente. “Os feridos choravam e gemiam, os destroços do avião estavam espalhados por todo o lado. Eu era o único civil presente no local”, destaca Mike. Ninguém parecia particularmente interessado em prestar a tão necessária assistência médica, diz Mike. Em vez disso, a polícia minas, a África do Sul vai reagir em conformidade. Se ele permitir uma guerra revolucionária inspirada em Moscovo contra a África do Sul, ele deve estar preparado para assumir as responsabilidades. Se ele escolher o terrorismo e revolução, ele irá bater de frente com a África do Sul”, avisou Malan, recorda Deborah Patta. Patta recorda que Samora Machel, Kenneth Kaunda, na altura Presidente da Zâmbia, e Robert Mugabe, chefe de Estado zimbabueano, deslocaram-se, a 11 de Setembro de 1986, ao Malawi para protestar junto do Presidente Kamuzu Banda sobre a utilização do território — Deborah Patta, editora da Rádio 702 da África do Sul T odos estes elementos, prossegue Deborah Patta, reconduzem à suspeita de que pode ter havido um atentado e a investigação foi contaminada. “Mas vamos dar mais um passo, procurar um “modus operandi”. Para tal, viajamos até Itália para encontrar Umberto Fusaroli Casadei”. Casadei conheceu Samora Machel durante a guerra contra o colonialismo português. Depois da independência, tornou-se num dos colaboradores mais confiados de Machel, operando no perigoso mundo da contra- -espionagem. Era um agente duplo, simulando estar a trabalhar para os serviços de inteligência militar sul-africanos, o MI, ao mesmo tempo em que passava secretamente informa- ções directamente para Machel. Recebia 600 randes por mês do Governo da África do Sul pelos relatórios falsos que prestava ao MI, dinheiro que, ironicamente, ia directamente aos cofres do Estado moçambicano. Um dos contactos regulares de Casadei no MI era uma agente, que ele pediu que seja identificado apenas por “Maureen”. Numa das conversas com Maureen, Casadei teve a informação de que agentes sul-africanos e moçambicanos conspiravam para matar Samora Machel. “Ela perguntou-me se os sul-africanos podiam confiar os moçambicanos, porque eles tinham pedido aos sul-africanos: Se eles ajudassem a assassinar Samora, o que é que os sul-africanos fariam para ajudar o lado moçambicano a ascender ao poder?” Casadei diz que informou a Machel sobre o plano de o assassinar e ofereceu-se para matar os generais moçambicanos envolvidos no caso, mas Machel declinou tal acção e o Presidente acabou morto. Humberto Casadei declara a Deborah Patta que investigou o acidente e preparava-se para entregar os resultados do relatório, que associavam generais moçambicanos e sul-africanos que conspiravam para matar Samora Machel. Casadei foi alvo de duas tentativas de assassinato em Maputo e acabou regressando à Itália. Deborah Patta diz estar em posse de documentos de serviços secretos que associam agentes da África do Sul, Malawi e Moçambique numa conspiração para matar Samora Machel. Nos documentos, a África do Sul fica com a responsabilidade de supervisionar os aspectos técnicos de despenhamento e estão identificados generais e membros do Governo sul-africano. Os serviços de informação sul- -africanos assumiram igualmente a responsabilidade de recrutar um funcionário da aviação aérea em Maputo, a troco de 1,5 milhão de randes, para desligar o sistema de radar do aeroporto. Os relatórios indicam que o funcionário foi encontrar-se com os sul-africanos no Zimbabwe com a ajuda de um governante moçambicano que lhe conseguiu um atestado médico, para justificar a sua saída do país. O pagamento foi feito em duas fases e depois do acordo a África do Sul e o Malawi passaram a controlar a torre de controlo e de telecomunica- ções.” “A Rádio 702 está na posse das datas do pagamento e dos bancos onde o dinheiro foi depositado. O funcionário aeroportuário devia assegurar que o farol e o radar do Aeroporto Internacional de Maputo estariam desligados, facilitando a atração do Tupolev 134 pelo rádio falso colocado em Mbuzini. Mão interna na morte de Machel Momento da cerimónia da assinatura dos acordos de Nkomati em Março de 1984 entre África do Sul e Moçambique, representados, respectivamente, pelo então Primeiro-Ministro P.W.Botha e o Presidente Samora Machel. Na imagem estão também Pik Botha, na altura ministro dos negócios estrangeiros da RSA e Joaquim Chissano (MNE moçambicano) TEMA DA SEMANA Savana 21-10-2016 5 PUBLICIDADE F oi há trinta anos que o primeiro Presidente de Mo- çambique independente perdeu a vida, num acidente aéreo ocorrido, em Mbuzini, no território sul-africano, um atentando atribuído ao então regime do Apartheid. Entretanto, passado este período, o seu nome e imagem continuam vivos na memória dos moçambicanos, muito pelo carisma e permanente interacção que tinha com o povo, assim como pela actualidade dos seus discursos. Mas, essas não são as únicas razões da permanência da imagem de Samora Machel no seio dos moçambicanos. A sua família também teve essa missão, ao criar, em 2003, com a colaboração de alguns veteranos da luta de libertação nacional (Óscar Monteiro e Jorge Rebelo), o Centro de Documentação com o seu nome, com objectivo de preservar a sua história. Oito anos depois da sua inauguração e ainda no âmbito das comemorações do trigésimo aniversário do desaparecimento físico de Samora Machel, o SAVANA visitou aquele local, para se inteirar das actividades por si desenvolvidas, assim como ver o estado de conservação da história do proclamador da independência nacional. Localizado na Rua do Bagamoyo, na zona baixa da Cidade de Maputo, o Centro de Documentação Samora Machel (CDSM) é dividido por dois espaços: uma biblioteca, ainda em montagem, e um “mini-Museu”, denominado “Espaço Xilembene”, nome da terra natal de Samora Machel. É no “Espaço Xilembene” onde se encontra uma parte da história do segundo presidente da Frelimo, principalmente, da sua passagem pela Presidência da República. A sala é ocupada, maioritariamente, por um quadro cronológico gigante, que descreve os principais eventos vividos por Samora Machel, desde a nascen- ça até a sua morte, onde se destaca o encontro entre os guerrilheiros da Frelimo com Che Guevara (um guerrilheiro, político, jornalista, escritor e médico argentino-cubano), em 1967. Além das melhores datas vividas por Machel, o quadro é composto também por fotografias e discursos por si proferidos, com destaque para o da proclamação da independência, em 1975, no Estádio da Machava. Quanto às fotografias, estas encontram-se “espalhadas” por todo o lado, destacando as que tirou ao lado do Papa João Paulo II, do estadista zimbabueano, Robert Mugabe, e do antigo presidente do Burquina Faso, Thomas Sankara. Do lado direito do grande quadro cronológico encontramos uma mesa de “Ntxuva”, um jogo tradicional favorito daquele estadista, nos seus tempos livres. No mesmo local, é possível ver um cartaz, no qual aparecem fotografias de Samora Machel ao lado de crian- ças (dentre filhos e anónimos) e com o slogan “as crianças são flores que nunca murcham”, palavras que sempre repetia nos seus encontros com a pequenada. Aliás, as crianças são as visitantes mais assíduas daquele espaço, conforme nos garantiu Idília Gove, funcionária do CDSM, nossa guia de visita e, como forma de animá-las e ensiná- -las a história de Machel, está disponível no local uma obra da autoria de Helena Motta e Machado da Graça que relata a biografia de Samora Machel, em banda desenhada. Continuando o passeio pelo “Espaço Xilembene” e mais para o fundo encontramos o mobiliário de escritório por si utlizado durante o período em que liderou o país (1975-1986). O conjunto é constituído por uma alcatifa, secretária, cadeira, telefone fixo, esculturas, entre outros objectos. Além destes objectos, é possível ver também uma bicicleta, que o primeiro presidente de Moçambique usava para fazer ginástica; e um armário, que era espécie de prateleira, onde guardava cartas e canetas do Presidente. Idília Gove afirma ainda que, para além dos alunos das escolas primárias da Cidade de Maputo, o Centro é frequentado por turistas estrangeiros e estudantes universitários, no âmbito dos seus trabalhos de investigação. Quando a nossa reportagem se deslocou ao Centro, este encontrava-se encerrado ao público, mas pelo discurso daquela funcionária, pode-se concluir que poucos jovens visitam o espaço, excepto para a realização de trabalhos científicos, encomendados nas universidades. Entretanto, uma das justificações trazidas por Gove para justificar a fraca afluência dos moçambicanos ao CDSM, prende-se com a localização do mesmo, pois, encontra-se numa zona “pouco famosa” (antiga Rua Araújo), facto que faz com que os donos queiram mudar de instalações. Por sua vez, a biblioteca ainda está em montagem e não havendo previsões sobre o término do processo. Gove revela que a biblioteca será constituída por obras biográficas do antigo Presidente de República, discursos, entre escritos e audiovisuais, estando, neste momento, numa fase de digitalização dos mesmos. Referir que para além do Centro de Documentação Samora Machel, em Maputo, a história de Machel está patente no Museu com seu nome, em Xilembene, sua terra natal. vasculhava os destroços, exigindo aos sobreviventes que mostrassem onde estava Samora Machel. “Não sei o que [os sobreviventes] disseram, mas voltaram aos destro- ços e saíram com uma pasta e colocaram em cima de um dos carros e começaram a vasculhar isto. Sei que se me tivessem apanhado estaria em problemas, porque o que estavam a fazer era ilegal. Não era suposto que vasculhassem a pasta.” No dia seguinte, Mike foi obrigado a esconder-se, porque militares sul- -africanos visitaram repetidamente a sua casa, à procura dele, escreve Deborah Patta. Patta cita um sobrevivente, guarda- -costas de Samora Machel, Fernando Manuel João, a corroborar as palavras de Mike. João conta que percorreu uma distância considerá- vel à procura de ajuda e à meia-noite conseguiu contactar a polícia de Komatipoort através de um rádio de uma missão religiosa local. Quando voltou ao local do acidente, “os sul-africanos não estavam de todo preocupados com a vida dos feridos. Estavam a vasculhar coisas”. João ficou furioso com os sul- -africanos por se recusarem a levar os feridos ao hospital. De acordo com Patta, o então ministro dos Negócios Estrangeiros da África do Sul, Pik Botha, admitiu mais tarde que foram removidos documentos da comitiva presidencial dos escombros, fornecendo detalhes de um plano de ataque de Moçambique contra o Malawi. Botha terá dito: “Sim, tecnicamente essa foi uma violação da prática diplomática, certamente. Mas foi feito provavelmente para descobrir o que foi discutido (na Zâmbia), mas, com todo o respeito, isto não tem nada a ver com a queda do avião ou com as causas da queda do avião”. Investigação contaminada O coronel Des Lynch, continua Deborah Patta, foi indicado pela Força Aérea da África do Sul para ajudar nas investigações ao acidente. Pelos registos disponíveis, Lynch diz que está convencido de que o acidente foi provocado por falhas dos pilotos. Mas é muito crítico sobre a forma como a polícia e o Departamento dos Negócios Estrangeiros sul-africano se comportaram. “Desde o primeiro momento em que a notícia da morte de Samora Machel foi divulgada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros na SABC às 7:00 instalou-se a confusão…Mesmo o próprio ministro … que organizou uma conferência de imprensa improvisada…fez alegações sobre o comportamento bêbado dos pilotos e equipamento disfuncional do avião, coisas sobre as quais sabia muito pouco, que apenas baralharam as questões.” Até à data, há muita gente que acredita que a tripulação russa a bordo do Tupolev 134 estava embriagada, apesar de não haver nem um pedaço de prova que apoie isto. “Estas alegações tiveram um impacto ... Durante muito tempo, contaminaram as investigações”, afirmou Des Lynch. De acordo com Deborah Patta, outro pomo de discórdia são as grava- ções de voz do cockpit, conhecidas como caixa negra. No dia da queda, um investigador da aviação civil sul-africana Piet de Klerk entregou a caixa negra à polícia para a conservar. De Klerk voltou a ver a caixa negra seis semanas depois. A caixa negra tinha sido entregue ao general Lothar Neethling, que dirigia o laboratório forense da polícia – e foi visto em imagens gravadas pela própria polícia a caminhar sobre os escombros. Nos dias e semanas que se seguiram ao acidente havia muitas divergências entre a África do Sul e a União Soviética, até se chegar a acordo para que as conversas gravadas na caixa negra fossem escutadas pelos inquiridores na presença dos russos. Mas, diz Lynch, literalmente, dias antes do dia previsto para os peritos sul-africanos viajarem para Moscovo, especialistas forenses sul-africanos se recusavam a viajar com a caixa negra. “Chegámos ao ponto de meter uma queixa judicial para a polícia entregar-nos a caixa negra…não até cartas de advogados chegarem à polícia e esta entregar- -nos as caixas.” “De Klerk descreveu como ele colocou [as caixas] em plásticos pretos e os selou, estando atolados e sujos – mas no dia em que foram entregues à polícia estavam limpas. Havia pequenos buracos, mas a cola já lá não estava. Não sabíamos se as caixas tinham sido abertas ou radiografadas e quanto mais questões colocávamos à polícia, mas obtusas se tornavam. Parámos por aqui e esperando que tudo iria funcionar e tudo que conseguimos das caixas foi excelente.” Centro de Documentação Samora Machel A actualidade de um passado Por Abílio Maolela, Ana Nagimo (texto) e Júlia Manhiça (fotos) Painel que conserva as datas mais importantes da vida e obra de Samora Machel O mobiliário de escritório, usado na Presidência da República (1975-1986) A mesa do jogo predilecto do primeiro Presidente de Moçambique independente 6 Savana 21-10-2016 PUBLICIDADE Savana 21-10-2016 7 PUBLICIDADE 8 Savana 21-10-2016 SOCIEDADE “[...] Queremos chamar a aten- ção ainda sobre um aspecto fundamental: a necessidade de os dirigentes viverem de acordo com a política da Frelimo, a exigência de no seu comportamento representarem os sacrifícios consentidos pelas massas. O poder, as facilidades que rodeiam os governantes podem corromper o homem mais firme. Por isso queremos que vivam modestamente com o povo, não façam da tarefa recebida um privilégio e um meio de acumular bens ou distribuir favores. [...] Não hesitaremos nunca em expor perante as massas as acções cometidas contra elas. [...] É evidente que por maioria de razão não se pode tolerar que um representante nosso possua meios de produção ou explore o trabalho de outrem.”  [Samora Machel, discurso feito quando da tomada de posse do governo de transição, em 1974] Existiram múltiplas maneiras samoreanas de ser, maneiras que hoje sofrem a reelaboração da memória, grata ou ferida, reverenciosa ou agressiva, oportunista ou leal. Mais do que uma pessoa, Samora foi um processo colectivo; mais do que ele, foi a história conflitual de uma parte do país; mais do que fracasso ou vitória, o samorismo foi e continua a ser uma maneira de problematizar um futuro diferente, de o procurar. Há uma questão samoreana fundamental, a saber: desde a luta de libertação a sua aposta consistiu em mudar as relações sociais de produção e distribuição no país. Defendo que todos os níveis, todos os empenhos, todos os entusiasmos, todos os problemas, todas as resistências, todos os dramas, todas as tragédias enfim, devem, em meu entender, ser enquadradas e analisadas por esse prisma, o prisma de uma desejada nova forma de viver, o prisma da revolução, o prisma que quis apagar o passado no quadro negro da vida. Embutida no milenarismo, na intransigência e na desconfiança herdadas da dureza da luta armada, a governação samoreana (e do seu grupo revolucionário) foi a prática do projecto do “homem novo” através de medidas novas, mas também de voluntarismos típicos das eras revolucionárias e em permanente choque com resistências nacionais e internacionais. Esse projecto punha em causa, por um lado, os interesses de certos grupos nacionais para quem a independência era apenas a mera substituição dos colonos mantendo-se o sistema social herdado e, por outro, os interesses capitalistas e racistas de potências regionais como a África do Sul e a então Rodésia do Sul. Esse duplo constrangimento está na origem de medidas estatais autoritárias, do programa de contra- -revolução armada da Renamo, de fenómenos de inquietação social e de penúria de bens de consumo corrente. Hoje, tenta-se recuperar a memória de Samora, recuperar o que julgamos que ele foi e fez. Uma pergunta perversa: o que faria Samora hoje se fosse vivo? Bem, é mais fácil predizer o passado do que o futuro. Muito provavelmente Samora prosseguiria hoje o seu sonho, talvez com algumas correcções, com algumas adaptações. Sustento que há um eco dele nas recentes afirma- ções de Filipe Nyusi, permitam-me citar um texto recente da “Agência de Informação de Moçambique”: “O efeito das mudanças climáticas e da nova ordem económica ditada pelo  domínio do capital financeiro faz-se sentir com rapidez incalculável no dia-a-dia de cada família moçambicana, disse [Filipe Nyusi, CS]. [A estes factores, segundo o Presidente da Frelimo, acresce-se a economia de mercado, que se implanta nas relações de produ- ção suscitando apetites de rápida ascensão aos meios para atingir os bens provocando a supremacia dos interesses individuais ou de grupo em detrimento do bem comum. [Estes fenómenos criam diferenças sociais, perturbam as relações de humanismo, solidariedade entre as comunidades, fomentam o crime, a violação dos direitos humanos e criam conflitos sociais, explicou Nyusi, alertando os quadros do seu partido a estarem cientes do surgimento destes males que pretendem predominar no seio do partido.”  Há hoje quem, no seu papel de nhamussoro neoliberal, procure reinventar Samora e sustente que foi com Samora que surgiram as primeiras medidas liberais no país. Com mais algum trabalho, jogando no oportunismo, os vanhamussoro neoliberais dirão um dia que o neoliberalismo actual é obra de Samora, que ele era, afinal, um apologista nato do capitalismo. Porém, não parece que essa seja a perspectiva popular. Acontece que Samora era e é, na verdade, um herói popular, tanto ontem quanto hoje. E, provavelmente, mais hoje do que ontem. A morfologia da heroicidade é, naturalmente, vasta e variada. O herói não tem um centro temático ou uma linha de pureza ou de impureza. Os impuros de uns são os puros de outros e vice-versa. Os heróis são tantos quantas as nossas necessidades em guias, em referenciais, em modelos de conduta, em territórios de combate. E, regra geral, consoante a intensidade e a extensão das lutas entre grupos sociais ou nacionais. Heróis são seres que, com o tempo, unificámos psicológica e socialmente numa matriz comportamental única e virtuosa, da qual eliminámos os defeitos e, até, as qualidades humanas comezinhas. Mas mais: em quem, muitas vezes, hipervalorizá- mos um aspecto de conduta (que pode ser motivo de retrabalho permanente e de acréscimo) deixando outros na penumbra ou na completa penumbra. Estas as razões por que certos heróis podem ser iminentemente políticos ou completamente políticos. Em certos momentos da vida, consoante as percepções que dela temos, especialmente se más forem, fazemos intervir simbolicamente nos nossos desejos de reequilíbrio social figuras do tipo samoreano, tornadas mitos redentores, alternativas de vida. Há uns anos, uma pesquisa por mim conduzida mostrou que, nos bairros periféricos da cidade de Maputo, Samora surgia como uma espécie de messias, de figura forte, de figura nobre, como uma espécie de justiceiro, de redentor que, se fosse vivo, acabaria com o roubo, com os assaltos, com a malandragem, com a intranquilidade, com as injustiças sociais. Então, para recordar uma série divulgada do meu blogue: a cada um segundo as suas necessidades, a cada um segundo o seu Samora. A cada um segundo as suas necessidades, a cada um segundo o seu Samora Por Carlos Serra/CEA/UEM No ano de 2005, tive de montar um sistema de telecomunicações o que me pôs em contacto com técnicos de montagem de antenas parabólicas de grande amplitude. Um dos técnicos surpreendeu-me com uma pergunta. “Eu lembro- -me que há muitos anos, ainda o senhor estava no Governo veio visitar as casas dos Correios/TDM em frente do quartel de Matacuane nos arredores da cidade da Beira. Queria visitar as casas porque tinha lá vivido quando frequentava a escola primária. Mas o que estranhamos todos e ainda hoje falamos nisso é que o senhor começou por visitar as casas de banho em primeiro lugar”. Eu lembrava-me perfeitamente da visita e do tempo de Matacuane – fiz o meu pai comprar- -me um tambor com o qual me postava todas as noites atento ao toque de recolher do quartel que eu acompanhava garbosamente. E no decorrer da conversa fui buscando na memória a causa de come- çar uma visita pelas casas de banho. Em 1967 sou nomeado para Chefe da Representação depois de ser Assistente do Pascoal Mocumbi por dois anos. Da qualidade do trabalho do Mocumbi já tinha ouvido falar elogiosamente ainda em Paris, curiosamente do Correia de Campos que foi meu colega de lutas académicas e nesta época mais recente Ministro da Saúde de Portugal. A mensagem dizia ainda que devia vir para treinar, apesar de ter feito uma estadia num campo de treinos da Gendarmaria argelina, num campo que se situava em Boghari, na orla do deserto. Estranhei esta ideia do treino militar, teria entendido melhor um treino sobre propaganda ou mobilização da opinião pública internacional que era o que ia fazer como representante da Frelimo no exterior. Depois compreendi que o treino era imersão na sociedade moçambicana. Eu cheguei a Dar-es-Salam recebi um telefonema do Presidente Mondlane, assisti como convidado a uma reunião do Comité Central e fui pouco depois encaminhado por camião para Nachingwea. Estava eu no meio dos treinos quando Samora chega ao campo acompanhado por Chissano, vindos ambos do interior, neste caso Cabo Delgado. Vejo-o com Chissano a inspeccionar as novas fossas que estavam a ser cavadas para novas latrinas atrás de um barracão já terminado para acomodar novos combatentes. Procuro passar disfarçado com a minha lata com a qual ia acartar água. Num campo militar você nunca passa perto dos chefes, hão sempre lembrar-se de alguma coisa para tu fazeres. Mas Chissano, que me conhecia do liceu onde havíamos sido colegas, chamou-me para me apresentar a Samora. Eu estava a imaginar Samora numa sala de estado maior com mapas e alfinetes coloridos e não ali, a inspeccionar latrinas. Mais tarde num dos muitos encontros, Samora explicou o problema que se tinha com as casas de banho: é que as pessoas acham que a casa de banho é um lugar de sujidade e por isso entram, sujam e saem rapidamente, deixando o lugar ainda pior. Ora a casa de banho, dizia ele, é o sítio onde nos despimos completamente e se está mais exposto aos micróbios através dos diversos orifícios do corpo. Por isso deve ser o lugar mais limpo da casa. E ao longo dos anos em que com ele colaborei – já depois da independência, para ver as instalações dos Presidentes convidados, fui-me habituando a acompanhá-lo nessas inspecções. Foi o que fiz em Matacuane já talvez de forma automática. Essa preocupação com a higiene fazia parte da atitude, da postura, uma preocupação que se estendia ao relacionamento, à linguagem. Evitámos os palavrões, “queremos uma linguagem limpa”. E mais tarde no que respeita à promiscuidade. Depois de terminar o treino, ele pediu-me para preparar a mensagem do Chefe do Departamento de Defesa (que era ele) por ocasião do terceiro aniversário do desencadeamento da luta armada. Escreve que “não criamos o Destacamento Feminino para fornecer amantes aos comandantes”, disse-me ele, e lá está na mensagem. O come- ço da batalha pela emancipação da mulher quando ainda não se falava de igualdade de género. Era uma preocupação constante de sermos melhores. Era também a convicção que era o homem que fazia as transformações, as armas eram um instrumento e que só um homem consciente, melhor podia fazer a luta em qualquer das frentes. José Luís Cabaço cita que um militar português, Cabanas era o seu nome, num assalto a uma das nossas bases encontrou cadernos dos combatentes que todos começavam pela seguinte frase: “nada de combates, sem ideias claras”. Ideias que saíam da conduta pessoal para a rela- ção com os outros, a libertação começava dentro de nós. A libertação começa dentro de nós Por Óscar Monteiro Savana 21-10-2016 9 PUBLICIDADE SOCIEDADE 10 Savana 21-10-2016 SOCIEDADE SOCIEDADE SOCIEDADE Dezoito dias depois de exonerar o economista Pedro Couto, o presidente Filipe Nyusi voltou a surpreender a tudo e todos com a nomeação, última segunda- -feira, de Letícia Klemens para o estratégico ministério dos Recursos Minerais e Energia que, pela frente, tem difíceis decisões por tomar, mormente, no ramo dos hidrocarbonetos e minérios onde de olho estão os grandes colossos mundiais do sector. Se a exoneração, a 29 de Setembro último, de Pedro Couto deixou estupefactos alguns sectores políticos-económicos, a nomea- ção, neste 17 de Outubro, de Letícia Klemens, veio confirmar que o presidente da República ainda busca “um onze base” (recorrendo à linguagem futebolística) no seu executivo. Tido pelos colossos mundiais no sector dos recursos minerais como uma “pedra no sapato” que dificultava os lobbies para a entrega de bandeja de jazigos de hidrocarbonetos, principalmente, na bacia do Rovuma, Pedro Couto foi exonerado ao fim do mês passado e seguiu para a Hidroeléctrica de Cahora Bassa, onde é actualmente o presidente do Conselho de Administração (PCA). O afastamento de Pedro Couto foi visto como um “erro estratégico” de Filipe Nyusi, de quem, no mínimo, se aguardava uma nomeação, pelo menos, à medida do anterior ministro. Mas não foi o que aconteceu. Depois de longos 18 dias de “trabalho de casa”, depois da “escolha falhada” de Max Tonela, o presidente da República veio brindar os moçambicanos com uma jovem empresária estreante nos meandros da governação, precisamente para um ministério estratégico e numa altura do campeonato que exige uma mão forte e já experimentada. Pelo contrário, Nyusi foi buscar Letícia Klemens, alguém que conhece mais do mundo das ONG’s e de associativismo económico do que do “hard core” da política e do mundo dos negócios. Quarta-feira, na Praça dos Heróis, ela mesmo admitiu à imprensa estar a entrar para um ramo que lhe é novo. Se a aposta não resultar, claramente será Filipe Nyusi que será o mais penalizado. Uma das teorias que circula nos meios do poder é que, dado o melindre do pelouro, será o presidente o “verdadeiro ministro”, nomeadamente, no que concerne ao penoso relacionamento com os “pesos-pesados” do gás e petróleo. Sem experiência no sector, a nova ministra, com interesses na área dos Recursos Minerais, típicos na nomenklatura predadora do partido a que pertence, deverá liderar importantes dossiers na Bacia do Rovuma, que envolve players mundiais da área de hidrocarbonetos como as americanas Anadarko e Exxon Mobile e a italiana ENI. O lacónico comunicado, vindo esta semana da presidência da Repú- blica, refere apenas que, até à sua nomeação, Letícia da Silva Klemens desempenhava as funções de Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Millennium BIM (habitualmente uma reunião anual mais ou menos protocolar) e de Presidente da Associação das Mulheres Empresárias e Empreendedoras Moçambicanas (FEMME). Uma breve busca indica que a nova ministra requereu, junto da Direcção Provincial de Recursos Minerais e Energia, a atribuição, em 2013, de um Certificado Mineiro para extracção de areia, no distrito de Moamba. Em 2014, a mesma Direcção Provincial subordinada ao ministério agora nas mãos de Klemens atribuiu, a favor da agora ministra do sector, o Certificado Mineiro n.º 6422, válido até 24 de Outubro de 2015, para a extracção de areia de construção, no distrito de Boane, na mesma província. Na área da formação, o seu CV menciona uma série de pequenos cursos de formação profissionais feitos entre Maputo e Lisboa, para além de uma licenciatura na actual Politécnica. De boas relações com os círculos do poder, Klemens criou, juntamente, com Miguel Nhaca Guebuza, irmão do então presidente da República, Armando Guebuza, e Tendai Mavhunga, a Beta Holding – Business And Technology Aplications, Limitada, uma sociedade por quotas, detida maioritariamente pela actual ministra. Com um capital social de 100 mil meticais, Letícia Klemens detinha, à data da criação da sociedade, uma quota de 34 mil meticais, contra 33 mil de Miguel Nhaca Guebuza e Tendai Mavhunga cada. Com os filhos do antigo estadista Joaquim Chissano, criou, em Setembro de 2015, a Galilei, Limitada, uma empresa na área de produção e comercialização. De acordo com o Boletim da República (BR) de 3 de Março de 2011 III SÉRIE — Número 9, a Beta Holding – Business And Technology Aplications, Limitada, tem por objecto o exercício, entre outras actividades, de construção de pavimentos, blocos e produção de outros materiais de construção; gestão de projectos e participações; prestação de serviços; d) constituição de parcerias empresariais/ societárias com vista ao desenvolvimento de negócios e empreendimentos em Moçambique; comércio internacional de importação e exportação, representação de sociedades nacionais ou estrangeiras, consignações e venda a retalho ou a grosso em qualquer ramo de actividade em que a sociedade acordar. Mas a lista de interesses empresariais da ministra dos Recursos Minerais e Energia é longa. Klemens é também sócia da +258, Limitada, uma sociedade com um capital social de 60 mil meticais, distribuí- dos em 12 mil meticais pelos cinco accionistas. Para além da ministra estreante, a + 258, Limitada é detida por Namoto Chipande, filho do general Alberto Chipande, por Joaquim Tobias Dai, antigo ministro da Defesa e irmão de Maria da Luz, esposa do antigo presidente da República, Armando Guebuza, por Jaime de Jesus Irachande Gouveia e pela sociedade Third – Gestão e Participações, Limitada. Em 2013, a ministra constituiu, com Nuno Miguel de Almeida Fernandes Resende, João Carlos Pereira Venichand, Carlos Alberto Venichand, Miguel Angelo da Lapa Rico Cabrita, a THINKINETICS – Innovation Agency Moçambique Limitada, uma sociedade por quotas com um capital de 300 mil capitais, sendo Letícia Deusina da Silva Klemens detentora de 48 mil meticais, o correspondente a 16% do capital social. De acordo com o BR de 5 de Marco de 2013 III SÉRIE — Número 18, a THINKINETICS – Innovation Agency Moçambique Limitada tem como objecto, principalmente, publicidade, design, marketing, relações públicas, comunicação e multimédia. Na prática não se conhecem bem as actividades de todas estas sociedades, mas é típico da nomenklatura frelimista criar sociedades comerciais que se tornam “activas” quando aparece um “parceiro estratégico”, habitualmente estrangeiro e com capital para investir. Letícia Klemens esteve ligada a uma empresa familiar de comercialização de redes mosquiteiras, trabalhava na CTA no pelouro das relações laborais, sendo também “embaixadora” do Departamento de Estado norte-americano para as mulheres empreendedoras africanas. No partido, sempre esteve ligada às actividades da juventude da Frelimo, nomeadamente, nas campanhas eleitorais. Apesar do generalizado cepticismo sobre as suas competências, Klemens pode vir a ser uma “agradável surpresa” como ministra, ou um “tiro no escuro” como o foram a informática Catarina Pajume, ex-vice da Agricultura, o topógrafo Pedrito Caetano, ex-ministro da Juventude e Desportos e o professor Itai Meque, duas vezes nomeado como governador provincial e agora administrador na HCB. Escolha de Nyusi para ministério estratégico Agradável surpresa ou tiro no escuro Por Armando Nhantumbo Um dia após a sua nomeação, a ministra dos Recursos Minerais e Energia diz que a vida é feita de desafios e que a sua indicação constitui um grande desafio para ela, seus colaboradores e a todos os mo- çambicanos. Reconhece que está num sector bastante complexo, mas que as regras de jogo estão já defi- nidas em vários programas de desenvolvimento, sobretudo no Plano quinquenal do Governo. Sublinha que vai para dar prosseguimento ao trabalho iniciado pelo seu antecessor, Pedro Couto, e seguir o que está plasmado no programa do governo. Sobre a gestão do dossier recursos minerais, a nova titular do pelouro refere que o seu trabalho irá cingir-se no discurso presidencial que consiste em fazer com que os recursos beneficiem aos moçambicanos. “Com o apoio dos meus colaboradores e assessores irei procurar perceber todos os dossiers a fim de dar um encaminhamento apropriado”, frisou. Quanto aos questionamentos em torno da sua nomeação, a nova ministra recusou tecer comentários alegando que está preocupada com a missão que lhe foi confiada pelo chefe de Estado que é de garantir que os recursos minerais sejam geridos de forma racional e que beneficiem os moçambicanos. Em relação ao sector da Energia, que também é um sector complexo, disse: “estou ciente de que um dos grandes objectivos do governo é continuar com os programas de electri- ficação e, como ministra do pelouro, tudo farei no sentido de garantir que a energia de qualidade chegue a maior nú- mero possível moçambicanos, sobretudo nas zonas rurais bem como nas entidades produtivas”, disse. $YLGDpIHLWDGHGHVDÀRV )LOLSH1\XVLFRQÀRX/HWtFLD'HXVLQDGD6LOYD.OHPHQVSDUDPLQLVWUDGRV5HFXUVRV 0LQHUDLVH(QHUJLD Savana 21-10-2016 11 PUBLICIDADE SOCIEDADE 12 Savana 21-10-2016 SOCIEDADE Oactual contexto polí- tico, social e econó- mico, que o país vive, caracterizado pelos confrontos militares entre as tropas governamentais e os homens da Renamo; pela crise económica e financeira, perseguição e assassinatos, aliado a crescente vigilância ideológica levaram um grupo de 15 cidadãos, entre jornalistas, acadé- micos e activistas sociais a criar um Comité de Emergência para a Liberdade de Imprensa e de Expressão. O anúncio foi feito na tarde desta segunda-feira, em Maputo, por uma parte dos integrantes do movimento, que tem como missão garantir que, neste perí- odo, as liberdades de imprensa e de expressão continuem a serem salvaguardadas. Segundo as caras deste movimento, que estará acoplada ao MISA, o momento que o país vive tem vindo a colocar em risco o exercício das liberdades de imprensa e de expressão, implantando o clima de medo e de coação dos profissionais de comunicação social. “É em pleno reconhecimento de que as liberdades de imprensa e de expressão são um Direito Constitucional, uma conquista resultante de uma luta iniciada pela classe da comunicação social que, perante este contexto de eminente degradação e coaptação, foi criada esta plataforma designada ‘Comité de Emergência para a Liberdade de Imprensa e de Expressão em Moçambique’”, declarou Fátima Mimbire, lendo o primeiro comunicado deste Comité. “É nosso entendimento que as opiniões não devem ser consideradas válidas, somente, quando emitidas por um grupo de cidadãos que fazem parte de movimentos políticos ou partidos políticos dominantes”, acrescenta. Dos 15 membros que constituem a equipa, apenas dois é que vêm das províncias (André Catueira, de Manica e António Zefanias, da Zambézia), ao que questionamos se não se tratava de mais um movimento baseado em Maputo, mas com ambição de resolver as questões de todo território nacional. Para fazer face ao actual contexto social, político e económico do país Comité de Emergência para liberdade de imprensa e de expressão Por Abílio Maolela Lázaro Mabunda, um dos membros, respondeu que “este Comité foi pensado há duas semanas. Estamos a trabalhar no sentido de incluir mais membros das províncias”, para depois, Fátima Mimbire acrescentar que se trata de “uma acção cívica” e não há pretensão de se tornarem numa organização porque “pertencemos a várias organizações”. O Comité de Emergência para a Liberdade de Imprensa e de Expressão propõe-se, entre algumas acções, vigiar, documentar e denunciar os mecanismos, cada vez mais sofisticados, de predação contra as liberdades de imprensa e de expressão; apoiar, juridicamente, e proteger os jornalistas e cidadãos individuais vítimas de perseguições, violência física ou psicológica; e produzir e implementar uma agenda pública que coloque a liberdade de imprensa e de expressão como o baluarte dos passos que Moçambique deverá trilhar para retirar-se da letargia em que se encontra. Como primeira acção, o grupo anunciou a realização, em Novembro próximo, de uma conferência sobre a liberdade de imprensa, na qual farão parte especialistas internacionais, que apresentarão estratégias de como manter este direito constitucional, durante este período. Porque qualquer acção, seja ela de caridade ou não, requer investimento, os jornalistas presentes no acto perguntaram aonde o grupo ia buscar dinheiro para custear as despesas, ao Erik Charas respondeu: “Estamos a mobilizar apoios. Lázaro Mabunda, Fátima Mimbire e outros membros anunciando a criação do Comité de Emergência para a Liberdade de Imprensa e de Expressão. Ainda não temos dinheiro. A mensagem importante neste momento é de que o jornalista não está sozinho”, finalizou. Referir que fazem parte do Comité deste movimento, os seguintes indivíduos: Borges Nhamire (CIP); Ericino de Salema (Ibis); Erik Charas (A Verdade); Ernesto Nhanale (académico); Fátima Mimbire (CIP); Francisco Carmona (jornalista do SAVANA); Gilberto Mendes (Empreendedor de media); Jeremias Langa (SOICO); Lázaro Mabunda (MISA); Luís Nhachote; Matias Guente; Salomão Moyana; Fernando Lima; André Catueira; António Zefanias. Savana 21-10-2016 13 PUBLICIDADE SOCIEDADE 14 Savana 21-10-2016 Savana 21 -10-2016 15 NO CENTRO DO FURACÃO V ivamente “endeusada” e transformada num mito inquestionável, a figura de Samora Machel continua a alimentar acesos debates sobre quem, efectivamente, foi o primeiro presidente de Moçambique. O ponto mais alto desse debate parece ter sido simbolizado pelo lan- çamento, em 2009, do “incómodo” livro intitulado “Samora Machel: Ícone da 1ª República?”, da autoria do filósofo Severino Ngoenha, obra na qual o académico questiona se o primeiro presidente de Moçambique será mesmo um ícone absoluto da Primeira República. “O que Samora Machel, marxista da 1ª República, tem para dizer a nós democratas e liberais da 3ª República de hoje?”, questiona o filósofo para quem “o que falta em volta da figura de Samora é um debate contraditó- rio, dialéctico, que se faça alimentar de hipóteses contraditórias entre si; que ousem pesar minuciosamente a sua acção política, avançar razões e objecções sobre a sua eventual grandeza política, a fim de se poder abstrair uma visão objectiva da sua verdadeira estatura política”. Nestes 30 anos depois da queda fatal do Tupolev 134A, de fabrico russo, nas colinas de Mbuzini, numa África do Sul debaixo das masmorras do apartheid, voltam a ouvir-se vozes que, em Samora Machel, identificam manifestações de ditadura. O SAVANA ouviu, para além dos contemporâneos de Samora, jovens académicos e trabalhadores que contrariam o romantismo dominante sobre o autor do famoso É ou não é?, a imagem de marca dos concorridos comícios de Machel, visto em alguns sectores como um líder autoritário dentro dum sistema totalitário. ´)RLXPDÀJXUDGLWDWRULDOµ (XFOLGHV)OiYLR MRYHPKLVWRULDGRU DQRV Samora foi um dos primeiros precursores do nacionalismo africano no verdadeiro sentido. Samora é que inaugurou a primeira República moçambicana em termos de governação. Samora Machel torna-se a luz da emancipação do pensamento da juventude na medida em que para poder se reflectir sobre a juventude, uma das grandes referências que temos que já liderou este país é a própria figura de Samora Moisés Machel. Samora Moisés Machel é esta figura que mesmo no informal – ouvimos nos chapas, nas ruas e em tantos outros fóruns - que quando se trata de questões atinentes à mo- çambicanidade, sempre acaba se recorrendo a ela. Quando os jovens dizem, por exemplo, que se Samora ainda estivesse vivo isto ou aquilo não poderia acontecer, é uma forma de mostrar o afecto e crença que esses jovens têm por essa figura. Mas há necessidade também de se referir tantos outros aspectos em volta desta mesma figura que podemos abordar de forma negativa. Mais do que tudo que referi, que também é a opinião da maioria, Samora Machel foi uma figura ditatorial. Foi uma figura ligada à ditadura e isso evidenciou-se sob o ponto de vista administrativo e filosófico. Na questão administrativa, alguma literatura que contesta a figura de Samora elenca a questão de Samora ter fechado a faculdade de Direito pelo facto de achar que não queria produzir críticos que pudessem questionar a forma de administrar ou governar o país. Este é um dos pontos negativos. A outra questão tem muito mais a ver com as decisões que esta mesma figura tomava. Decisões que influenciavam e tinham repercussões directas na pró- pria vida humana. Por exemplo, há várias questões que eram abordadas em comícios populares que, mesmo se os aderentes dos comícios não concordassem, havia a necessidade de dizer que concordavam, visto que sabiam muito bem sobre a criação de determinados grupos de choques que controlavam esses comícios e caso você dissesse o contrário daquilo que o líder dizia, era motivo de receber qualquer punição. Outra coisa que me inquieta a mim como jovem, quando se fala desta fi- gura, é forma como iconizamos Samora Moisés Machel. Limitamo- -nos em questões de festividades e não levamos o 19 de Outubro como um dia específico para podermos reflectir. Ficamos na festividade e esquecemos o reviver da própria memória no verdadeiro sentido. Há necessidade de se criar um espaço de reflexão sobretudo composto por jovens para recordar alguns pensamentos que, embora tenham sido enrolados numa determinada época, têm maior eficácia no que temos visto hoje. A forma como Samora abordava, por exemplo, questões relacionadas com a corrupção, a gestão da coisa pública, a forma çambicana que pudesse representar a moçambicanidade e, nesse âmbito, eles separaram pessoas de famílias e nós sabemos que algumas dessas pessoas ainda estavam a ser integradas no meio familiar e social, elas ainda estavam a estudar, a se formar era um homem com os pés assentes no chão. Era um homem rígido e com qualidades com que o povo se identificava. Ele era carismático e até agora ainda há uma tentativa de trazer alguém com espírito que ele tinha: ser amigo do povo. Ele era um líder e um líder não é alguém que pensa em si, mas sim alguém que pensa no conjunto e ele conseguia fazer essa ponte. Ele punha-se em último lugar e a população em primeiro. Até agora, especialmente na fase em que estamos, está a se sentir a falta da liderança dele, apesar de ter em conta que são tempos diferentes. Ele não deixa de ter sido um cidadão filho deste país e nós como sociedade deveríamos vê-lo e homenageá-lo duma forma digna não só de palavras, mas de atitudes. Quando me refiro a atitudes é com coisas tão simples. Por exemplo, Samora mostrava humanismo, demonstrava que todos nós somos irmãos e temos de tomar conta de um e do outro e não haveria melhor homenagem do que tentarmo-nos unir e sermos mais solidários uns com outros. Essa seria a melhor forma de homenageá-lo. Foi ele que nos trouxe a independência, então, duma ou doutra maneira, por mais que tentemos procurar defeitos, nós temos de olhar mais pelo lado bom das coisas porque todos somos humanos, temos o nosso lado bom e mau. Como sociedade temos de ver nos benefícios que um líder nos trouxe e ele nos fazia sentir isso, talvez é por isso que até agora, 30 anos depois do 19 de Outubro de 1986, ainda sentimos aquela falta porque ele fazia-se sentir, tocava nas feridas, nas preocupações, nos anseios da comunidade em geral. ´'HL[RXOXWRQDFLRQDOµ (GXDUGR1LKLD DQWLJR &RPEDWHQWHH*HQHUDOQD 5HVHUYD Eu conheci Samora em 1963, em Dar es-Salam. Eu sou Natural de Nampula, de onde vinha e ele do Sul. Ele ficou admirado por mim porque eu era miúdo em relação a ele, eu tinha 20 anos e, nessa altura, era o único da província de Nampula. Primeiro conversamos sobre o que era o colonialismo português: se o colonialismo que estava em Lourenço Marques era o mesmo que estava em Nampula. Se o sofrimento e a operação das pessoas de Lourenço Marques era o mesmo das pessoas de Nampula. Eu ia a Dar-es-Salam com ideia de estudar, mas a partir daquela conversa, assumi que a minha tarefa é pegar em armas lutar contra o colonialismo português. Estudar sim, mas fica em segundo lugar. Prioridade era lutar com arma na mão para tirar o colonialismo em Moçambique. É assim que eu integrei no grupo dele e fomos treinar na Argélia. É assim que, depois de treinos, em 1964, regressei ao país e fui destacado para ir à província de Nampula fazer o trabalho clandestino e preparar o início da Luta Armada. Portanto, para mim, Samora, em poucas palavras, foi pai. Eu chamava-o de vovó. O Samora pegou em mim, mesmo no treino na Argélia, eu era levado para uma outra caserna, mas eu fugia e ia ao lado dele, até ao fim da instrução, fi- camos nove meses a treinar. Samora carregava o sentimento do povo moçambicano. É verdade que a unidade nacional foi cimentada por Eduardo Mondlane como o obreiro, mas o Samora pegou nessa unidade nacional e começamos a sentirmo- -nos num só povo. Nós sentíamo- -nos moçambicanos, que este país é uno, mas os jovens hoje lutam para dividir o país, contrariando todas essas ideias e sofrimentos. Portanto, Samora morreu e deixou o luto nacional. Moçambique de hoje não é daquele que Samora idealizava porque hoje estamos a falar de tribalismo, agressão, comboios atacados, não é essa ideia de Samora e quem faz isso são moçambicanos. O melhor é ganhar consciência e sentir que este Moçambique é uno, este Moçambique sofreu e quem deve ganhar essa consciência são jovens. Agora, há os que defendem aquilo que não era o ideal de Samora, mas a forma é as pessoas ganharem consciência, sentirem, compreenderem que este país não se divide, que este país é uno, do Rovuma ao Maputo. ´6HIRVVHXPDSHVVRDTXDOTXHU HVWDULDYLYRDWpKRMHµ 0DULQD3DFKLQXDSD DQWLJD &RPEDWHQWHH&RURQHOQD 5HVHUYD É muito difícil falar sobre Samora. Foi um camarada, combatente, amigo, irmão, pai e tudo, é o homem que tinha coração de todos os moçambicanos, amor e carinho. Na minha vida, uma parte da educação, além dos meus pais, foi Samora que me educou. Portanto, ele foi o meu pai, meu irmão, meu tio, o meu chefe e camarada. Nestes 30 anos após o seu desaparecimento físico, temos não saudades, mas sangramento. Saudade é outra coisa, é quando uma pessoa vai a um outro sítio, mas sabendo que volta. No caso de Samora, não. Essa é a dor que nós temos. Recordando Samora é preciso dizer que estamos a recordar o DQRVGHSRLVGH0EX]LQL Samora um líder autoritário? É ou não é? 3RU$UPDQGR1KDQWXPER ´7XGRTXHHOHID]LDHUDHPEHQHItFLRGRSRYRµ 0DULDQR0DWVLQKD DQWLJR &RPEDWHQWHH*HQHUDOQD 5HVHUYD Samora Machel foi uma figura extraordinária, é o indivíduo que, realmente, conduziu a parte fundamental da tarefa da Frelimo durante a luta armada. A tarefa da Frelimo durante a Luta armada era a luta armada e tudo o resto era subsídio: a parte diplomática, a parte logística, educação, saúde e tudo mais. Portanto, esta é uma homenagem merecida e também é bom reflectirmos aquilo que ele era, embora em circunstâncias diferentes, mas aproveitarmos aquilo que ele era e inspiramo-nos nisso para os desafios de hoje. São desafios diferentes, mas de qualquer maneira, necessita sempre da nossa inteligência e da nossa for- ça física para podermos vencer esses desafios. Portanto, no dia 19 homenageámo-lo e eu estou muito satisfeito por os sul-africanos tornarem Mbuzini num património nacional e estão a fazer o mesmo quanto às vítimas da acção directa do apartheid sul-africano na Matola e já é uma vantagem tornar as coisas mais sólidas. Enquanto estadista, Samora Machel era uma pessoa com uma auto-estima muito grande. Era um líder, efectivamente. Mas também era uma pessoa que sabia rodear-se e aproveitava tudo das pessoas que o rodeavam e isso transmitiu a todos nós da Frelimo. Nós proclamamos a independência e não tivemos vergonha de que ninguém nasce sabendo tudo. Aliás, quando nasce não sabe Samora-Estadista continua a dividir opiniões Euclides Flávio como Samora Machel mostrava a disciplina que as pessoas que estivessem em frente da gestão da coisa pública pudessem tomar, são grandes exemplos que a juventude hoje poderia pegar de forma positiva com vista a reflectirmos de forma mais coerente possível sobre esta fi- gura que deixou tantos legados. ´1mRIRLGRVPHOKRUHVOtGHUHVµ &DGLDQD0yQLFD MRYHPHVWXGDQWH DQRV Para mim, Samora Machel é uma espécie de um mito. Ele tornou-se num mito nacional pela postura de governação que assumiu, apesar de a história mais profunda nos mostrar que ele não foi um dos melhores líderes, mas ele conseguiu um estatuto de um mito nacional que é alguém que reúne consenso quer em Maputo, no Niassa ou em qualquer outro ponto do país. É alguém que num ambiente destes, de discussão, de divergências, consegue pôr todos os moçambicanos a pensarem num único Moçambique. Moçambique é constituído por várias etnias, mas todas, apesar de terem seus heróis locais, rendem-se a Samora Machel. Então, Samora Machel é uma das figuras importantes para a construção de uma Nação. Ele faz parte do mito nacional. Do mesmo jeito que nos é incutida a questão da bandeira nacional, que nos é importante a questão do símbolo, Samora Machel é também um ideal de vida, de governante, que reúne total consenso. Quando digo que ele não foi dos melhores líderes, refiro-me a algumas políticas implementadas no governo dele como os campos de reeducação que foi mais do que provado que não foram uma boa ideia, porque muitos jovens, crian- ças, acabaram saindo de casa e indo viver no Niassa, de tal modo que, até de Samora, isso está mais do que claro, até pode ser um romantismo legítimo porque a construção da identidade nacional é feita dessas pequenas coisas, como mitos nacionais. ´3UHMXGLFRXPXLWDJHQWHµ /XFLOHQH$QGHOD MRYHPHVWXGDQWH DQRV Samora Machel deixou de responder por uma pessoa e se transformou num sistema, pelo que não consigo falar de Samora Machel só numa linhagem. Eu vejo Samora com muitas identificações. Nalgum momento, vejo-o como líder que salvou Moçambique e que deveria se resgatar aquela parte para melhorar algumas coisas. Noutro ponto, vejo Samora como uma pessoa que trouxe várias perdas para os próprios moçambicanos, ou seja, aquela pessoa que ajudou, mas também prejudicou muita gente. Ele deu curativo, mas nalgum momento foi tocar na ferida. Há testemunhas que perderam seus familiares e até hoje não sabem do seu paradeiro e alguns preferiram dar-lhes como mortos e outros até hoje estão na esperança de rever essa pessoa que, num dia, simplesmente saiu porque ia fazer qualquer coisa e não mais voltou. Nesse âmbito houve aquela iniciativa que nem sei o que era aquilo e para que intenção, onde por um lado, recrutavam-se as mulheres na ideia de transformar a mulher que se via nas ruas em mulher mohoje, as famílias não conseguiram se reconstruir por causa disso. Uma das políticas que desaprovo, totalmente, do regime de Samora Machel, eram os campos de reeducação. Mas a operação produção também se mostrou uma política não muito favorável. Que há romantismo quando se fala como pessoas, como mulheres que estavam ainda a ter uma educação e, por causa disso, elas saíram do convívio familiar. Por outro lado, tiravam também os homens e, nesse momento, o que seria para unir os moçambicanos, em algum momento separou, destruiu e as pessoas não conseguiram celebrar a vitória em família. ´6HQWH VHDIDOWDGDVXD OLGHUDQoDµ (EHQL]iULR&KRQJXLoD MRYHP WUDEDOKDGRU DQRV Falar de um homem da magnitude de Samora é complexo porque nada, é bebé não sabe nada, a gente sabe aprendendo e ele dizia para aprendermos e utilizar e era muito amigo do povo moçambicano. Fazia todo o sacrifício, tudo que ele fazia era em benefício do povo moçambicano e isso ensinava a todos nós. Ele foi um verdadeiro líder, aquele que hoje chamam de líder não sei de quê, não são líderes de nada, são chefes que dão ordens. Mas Samora era líder, dava ordens, mas também se preocupava em aprimorar as pessoas que ele comandava. Cadiana Mónica Lucilene Andela Ebenizário Chonquiça Marina Pachinuapa Mariano Matsinha Eduardo Nihia país que temos hoje. Como tributo, as pessoas têm de assumir que esse Moçambique nos pertence. É Mo- çambique onde nós nascemos e vivemos; os nossos avos e bisavôs. Se Samora perdeu a vida, foi por amor que teve por este país. Se Samora fosse uma pessoa como qualquer, ele estaria vivo até hoje. Mas como tínhamos o inimigo, que sabia quem era Samora, então, os inimigos tiraram a vida a Samora. Então, é preciso termos amor que Samora tinha por este país. Os nossos jovens e as nossas crianças são esses que serão o futuro de Moçambique. Primeiro, os moçambicanos têm de conhecer a história. Às vezes enganamo-nos dizendo que aquilo passou. Mas passou para onde? Mesmo a famí- lia tem história! Porque não o país? Mesmo que seja uma coisa que passou, porquê os moçambicanos não podem reconhecer donde nós viemos e o que queremos a frente? É preciso cada um assumir que em Moçambique há história. Hoje falamos de Samora, não falamos só para falar, Samora desempenhou um papel muito importante para este país. 16 Savana 21-10-2016 DIVULGAÇÃO SOCIEDADE DISCURSO DE ABERTURA DA IV SESSÃO DA VIII LEGISLATURA 19 de Outubro de 2016 SENHORA PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, SENHORES MEMBROS DA COMISSÃO PERMANENTE DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, SENHOR PRIMEIRO-MINISTRO DO GOVERNO DE MOÇAMBIQUE, SENHORAS E SENHORES DEPUTADOS, SENHORES MINISTROS, SENHORES VICE MINISTROS, DIGNÍSSIMAS AUTORIDADES CIVIS, MILITARES E RELIGIOSAS, SENHORES MEMBROS DIRIGENTES DOS ÓRGÃOS JUDICIAIS DE MOÇAMBIQUE, SENHOR PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DA CIDADE DE MAPUTO, SENHORA GOVERNADORA DA CIDADE DE MAPUTO, SENHORES REPRESENTANTES DE PARTIDOS POLITICOS, SENHORES MEMBROS DO CORPO DIPLOMÁTICO, SENHORES MEMBROS DOS ÓRGÃOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, CAROS CONVIDADOS, MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES, MOVIMENTO DEMOCRÁTICO DE MOÇAMBIQUE MDM BANCADA PARLAMENTAR EXCELÊNCIAS, O país está em chamas! Iniciamos esta tarde a IV Sessão Ordinária da VIII Legislatura da Assembleia da República estando o país a viver em situação de guerra, deslocação das populações das zonas de conflito armado, violação dos direitos humanos e impedimentos de actividades políticas; raptos, sequestros e assassinatos; corrupção generalizada, subida galopante do custo da vida, alta especulação de preços no mercado, enfim vivemos num ambiente em que o Estado tende a auto demitir-se das suas responsabilidades, colocando-nos a mercê dos que controlam as armas e impõem as suas vontades, ignorando os valores elementares da democracia e do Estado de Direito. Esta situação conduz Moçambique a caminhos sinuosos, de incertezas e a uma maior probabilidade de hipotecar as futuras gerações, como já está acontecendo com relação às dívidas ocultas. A nossa Economia está sendo afectada por estas situações anormais, as quais afectam o sector financeiro, afugentam os investidores nacionais e estrangeiros e concorrem para a elevação da taxa do desemprego devido a encerramentos sistemáticos de unidades de produção e de prestação de serviços, incluindo a indústria turística. A livre circulação de pessoas e bens nas estradas nacionais está seriamente afectada, destruindo as parcas economias das famílias moçambicanas, que tinham transformado as estradas nacionais em sua espinha dorsal da sua sobrevivência. O nosso Povo já não suporta mais servir de cobaias para satisfazer agendas ocultas e perpetuar o seu sofrimento. Queremos uma nação reconciliada, em que a diversidade política e social constitui a riqueza da coesão nacional, e todos se possam sentir cobertos pela mesma Bandeira Nacional, isto é, um Moçambique Inclusivo e para Todos. Excelências, A Guerra não declarada e violência armada devem cessar e dar lugar a um ambiente de tranquilidade, segurança e paz. O futuro de Moçambique não se compadece com a violência armada, intolerância política, nem com exclusão social. O Povo não pode continuar a ser brindado com discursos, intenções, entrevistas e declarações de interesse que não concretizam o resgaste da Paz, silenciando o troar das armas. A Paz é uma exigência da nação! Não se pode adiar o sonho de um Moçambique capaz de proporcionar oportunidades de uma economia geradora de progresso e empregos, de uma juventude capaz de dinamizar e tornar- -se a força motriz das mudanças num ambiente democrático, de uma nação tolerante guiada por valores de liberdade, democracia, respeito a vida e compreensão mútua. Savana 21-10-2016 17 DIVULGAÇÃO SOCIEDADE Para que isso possa acontecer, temos que colectivamente reinventar o nosso Estado através de um Dialogo Nacional Inclusivo. Ninguém tem a legitimidade de se autoproclamar representante legítimo e exclusivo do Povo sem passar por um processo democrático de eleições livres, transparentes, justas, limpas e periódicas. Por isso, o Movimento Democrático de Moçambique defende um Diálogo Nacional Inclusivo para os desafios que o país enfrenta, nomeadamente: R5 ) # éã)5 5 éã)5 (. #, 5* , 5 (. ,, ,5)5' " )5 5 / ,, 65)5+/ 5()-5) ,#! ,á5 5 conhecer as causas dos conflitos e, com frontalidade, encontrarmos as soluções. R5 )( #&# éã)5 #)( &5 .#0 5 )')5/' 5 éã)5* ,' ( (. 5 5(ã)5 5) -#ã)5)/5' , 5 decisão administrativa; como uma acção e espirito de engajamento, um pacto nacional sem preconceitos nem tendências de tirar vantagens ou humilhar outros. R5 )&ù.# -5 5 ( &/-ã)65#-.)5ï65(ã)5*) ')-5 )(-.,/#,5 5( éã)5( 5 - 5 5 ,, #, -5* ,.# á- rias muito menos pensar que o futuro da nação deve ser alicerçado em determinadas forças políticas excluindo outras. Queremos que se construa a nação envolvendo todos: forças políticas, sociedade civil, associações económicas, sociais e profissionais; tentativa de excluir uns na participação destes processos só pode revelar a limitação de fazer leituras do momento e ignorância de que estamos em pleno Século XXI e que cada momento que passa se produzem novas dinâmicas, e quem não tiver a capacidade de se adaptar corre o risco de ficar atrás ou pior – no nosso caso – destruir o sonho de milhões de cidadãos que almejam uma sociedade democrática, inclusiva e transparente. R5 0#-ã)5 5)(-.#./#éã)5 5 *Ě &# 65+/ 5 0 5- ,5 ( , 5 )'5, &#-')5 5) $ .#0#- dade, sendo este o melhor formato para a prevenção de conflitos - o MDM tem defendido uma revisão constitucional como um imperativo nacional. Temos que navegar nesta direc- ção para que nas próximas eleições os Governadores Provinciais sejam eleitos. A sua elei- éã)5, ),é ,á5)5-#-. ' 5 ') ,á.# )65.),( ,á5 5) -ã)5 #)( &5' #-5-ĉ&# 5 5 #( '#4 ,á5 -#( ,!# -5* , 5)5 - (0)&0#' (.)5 +/#&# , )5( #)( &85 5 0#-ã)5 5)(-.#./#éã)5+/ 5)5 MDM projecta visa libertar o sistema judicial do controle político, reduzir os poderes do " 5 )5 -. )5 5.),( ,5 .#0 5 5 - (., éã)5 '#(#-., .#0 85 5 ( 5 ,& ' (- tar do MDM está preparada para este debate. O Parlamento não deve ser uma caixa-de- -ressonância de apetites e agendas particulares. Excelências, A violência contra Partidos Políticos continua a ser uma ameaça séria às liberdades políticas, o MDM tem sofrido com o silêncio cúmplice das autoridades administrativas, judiciais e da protecção pública. Este silêncio e esta apatia em nada contribuem para os valores do Estado de Direito e tratamento igual. Os Homens não são medidos pela palma da mão. Nos últimos dois meses, nossos membros, no Distrito de Mabalane, Província de Gaza, concretamente no passado dia 14 de Setembro foram sequestrados, torturados e amea- çados a morte; no dia 8 de Outubro, 5 casas pertencentes a Membros do MDM foram #( ( # -5( 5 )( 5 5"# /0/65 )-.)5 '#(#-., .#0)5 5 . 65 #-.,#.)5 5 )--/,#4 65 ,)0ù( # 5 5 (# :5()5 # 5j5 5 /./ ,)65' ' ,)-5 )5 5 ), '5*, -)-5( 5# 5 de Nampula por exibirem Bandeiras do MDM, uma prisão injusta e ilegal, pois, não há lei nenhuma ou comando constitucional que proíbe a exibição de Bandeiras Partidárias. E no dia 7 de Outubro do corrente ano, um Membro do MDM foi agredido na sua residência, com recurso à catana, na localidade de Muambula, Distrito de Muidumbe, Provín- # 5 5 )5 &! )8 Uma palavra especial aos nossos membros e simpatizantes em reconhecimento do sacrifí- #)5 ( ! )5 5- 0ù # -5 5+/ 5 -.ã)5-/$ #.)-5 5 -' ( )-5*,). !)(#4 -5* &)-5 ' , -5 Secretários; fazem isso porque somos realmente uma ameaça. A nossa resposta deve ser manter vivo o nosso combate político. Transformemos estas atitudes de arrogância, perseguições numa fonte de energia para mobilizar mais moçambicanos para Moçambique para Todos e conquistar o nosso lugar de direito. Nós fazemos a diferença e temos uma visão para Moçambique. Excelências, A presente Sessão Ordinária arranca num ambiente conturbado do País: estagnação da Economia Nacional, crise financeira, redução do poder de compra dos moçambicanos, encerramento de unidades económicas e turísticas, crescimento da taxa de desemprego, baixa produção agrícola, raptos, assassinatos, dolarização da economia nacional e desvalorização do metical. A expectativa dos nossos concidadãos para esta Sessão é que a Assembleia da República deve reconquistar o seu papel aglutinador e ser de facto a sede do debate democrático, legislativo e político sobre questões nacionais. Esperam da Assembleia da República o posicionamento claro e inequívoco sobre a Paz, a 0#-ã)5 5)(-.#./#éã)5 5 *Ě &# 65)5 - & , #' (.)5 -5 ù0# -5 - )( # -5)/5) /&. -5 e a normalização da vida dos moçambicanos. ĉ-65 5 ( 5 ,& ' (. ,5 )5 65, #. , ')-5 5/,!ð( # 5 5 0#-ã)5 5)(-.#./#éã)5 da República, que deve ser amplamente debatida, e temos a plena consciência da necessidade de serem revisitadas determinadas Leis relacionadas com os processos da governação provincial e descentralização administrativa. Não somos apologistas da ideia de que a Assembleia da República deve aprovar entendimentos políticos bipolarizados sem obedecer a prática e o funcionamento de um Par- & ' (.)5 ') , .# ' (. 5 (-.#./ù )65 5 0#-ã)5 5 )(-.#./#éã)5 5 */ &# 5 ï5 /' 5 exigência dos Moçambicanos, a voz do povo deve ser ouvida. Nós, a Bancada Parlamentar do MDM, não somos nem seremos uma caixa-de-ressonância de interesses particulares e egoísticos. Levantaremos bem alto a Bandeira de Inclusão e proactividade do Parlamento. A Sessão inicia com uma agenda de 33 pontos, entre os quais há a salientar o Projecto de Lei atinente ao Regime Orgânico do Referendo, da iniciativa da Bancada Parlamentar do MDM, depositado já há meses. Esperamos que seja nesta sessão que os Moçambicanos possam ter uma Lei que garanta um quadro jurídico para o Referendo sobre Grandes / -.ċ -5 #)( #-65 )( ),' 5 )5 *& -' )5 ()5 (̍5 g5 )5 ,.#!)5 gil5 5 )(-.#./#éã)5 5 República. Foram também depositados pela Bancada Parlamentar do MDM três Projectos de Revi- -ã)5 )(./ &5 -5 #-5(̍-5hl65hm5 5hnIhfgi65.) -5 5hn5 5 4 ' ,)65 .#( (. -5à5,# éã)5 de Novos Distritos por Províncias; à Definição e Transferência de Sedes de Distritos por Províncias; e à Transferência de Áreas entre Distritos. A motivação principal da elaboração destes Projectos de Lei é de aprofundar o processo da descentralização e desconcentração administrativa, valorizando assim a verdadeira )(-.,/éã)5 5/'5 -. )5 5 #, #.)5 ') ,á.# )5 50 45' #-5*,ĉ2#' 5 )5# ã)65 com foco na racionalização dos recursos, redução de custos e de estruturas governativas para o mesmo fim, maximizando os meios disponíveis para o bem comum. )(" ')-5 5 *, --ã)5 +/ 5 , #5 -) , 5 5 )'#--ã)5 ,& ' (. ,5 5 (+/ï,#.)5 * , 5 Averiguar a Situação da Divida Pública, não obstante os resultados a serem apresentados a esta casa, deve ser instituída uma Auditoria Forense Internacional para complementar a apreciação da responsabilização politica, pois, os Moçambicanos merecem a verdade, só e somente a verdade. -. 5 / #.),# 5 0 ,# 5- ,5 2. (-#0 5à-5)(. -5 Ě &# -65*)#-65(ã)5*) ')-5 )(.#(/ ,5 5 consumir cada dia uma nova informação. Urge estabilizar o mercado financeiro, tendo presente que os choques que a economia sofre todos os dias agravam os preços no mercado em cadeia, sufocando o cidadão honesto. Os cidadãos já apertaram os cintos até ao seu último furo, cada dia morrem moçambicanos porque não tem comida, porque não tem medicamentos, cada dia empresas moçambicanas fecham as portas, cada dia centenas de moçambicanos perdem emprego, cada dia moçambicanos imigram, cada dia os funcionários públicos vem as suas horas extras e subsídios a serem cortados, tudo isto, porque o Governo continua relutante em abrir as portas à auditoria forense internacional. Um governo responsável salva a economia e vidas humanas, esta cumplicidade irresponsável do governo hipoteca o nosso futuro! Esperamos que as Propostas do Plano Economico Social e do Orçamento do Estado, ambos para o ano 2017 sejam para elevar a pensão dos cidadãos da terceira idade; melhorar a qualidade de saúde e educação; cumprir a declaração de Maputo que obriga 10% do Orçamento do Estado na agricultura; estratégias para o desenvolvimento da agricultura; eliminar a duplicação de impostos, reduzir o IVA, imposto do valor acrescentado (de 17 para 14%), reduzir encargos fiscais na importação dos materiais de construção não produzidos no território nacional. Os salários inscritos e o salario mínimo para o ano 2017 devem ter em conta a realidade em que se encontra a nossa moeda, pelo que o seu ajustamento é um imperativo para assegurar um ambiente harmonioso e devolver o poder de compra ao Povo Moçambicano. A Bancada Parlamentar do MDM continuará a defender políticas de inclusão, transparência e boa governação. Queremos que o crescimento económico se faça sentir na vida das famílias moçambicanas e a justiça se desenvolva na defesa dos cidadãos sem nenhuma discriminação ou condicionalismos. Excelências, -. 5 --ã)5)5" 5 )5 -. )5 *, - (. ,á5)5#( ),' 5 )5 -. )5 5 éã)8 Esperamos deste informe que esclareça aos Moçambicanos os caminhos que devem ser trilhados para os próximos três anos, sem guerra, sem políticas de arrogância, livre de incertezas, uma nação reencontrada e reconciliada, e a sistematização dos desafios em que todos possamos nos sentir unidos pela Pátria e um Estado não capturado. Na interacção com o Governo, estaremos ao lado da verdade, da justiça, transparência e honestidade. Seremos a voz do Povo, a voz de todos aqueles que perderam empregos devido a esta guerra não declarada, dos que trabalham honestamente, dos que gerem pequenas e médias empresas, dos que têm a terra mas não podem produzir por falta de incentivos, de todos aqueles que querem um Moçambique inclusivo, pacifico e para todos. Excelências, ' 5* & 0, 5 -* # &5à-5" ŀ -5 -5 / -5*,#' #, -5 ( -8 A Bancada do MDM, a nossa bancada, reitera a disposição de trabalhar para melhor coordenação como reza o Artigo 57 do nosso Regimento, para que a presente sessão resgate o papel e a responsabilidade da Assembleia da República de ser de facto o centro )5 . 5 5# #-5 5*,) /éã)5 5-)&/éċ -5 )( / (. 5à5 465)(ŀ (é 5 5 #-5 ')- cráticas e inclusivas em defesa dos interesses superiores da nação. A nossa convicção é de não desperdiçar a única oportunidade que resta para caminharmos a um destino comum, aceitando as nossas diferenças na forma de pensar e assumindo o denominador comum: Paz, Desenvolvimento, Tolerância, Inclusão e Reconciliação Nacional Efectiva. Senhora Presidente da Assembleia da República, Senhoras Deputadas e Senhores Deputados, ,)-5)(0# )-6 Excelências, Para esta IV Sessão Ordinária da Assembleia da República, a Bancada Parlamentar do MDM renova o seu compromisso de trabalhar em prol do desenvolvimento democrático da nossa instituição, e estará sempre em defesa de uma liderança política democrática seriamente comprometida com os princípios democráticos; uma liderança que aposta na inclusão, participação e transparência em tudo quanto se relacione com a distribuição, utilização dos recursos do Estado e a sua fiscalização. A todos desejamos bom trabalho. POR UM MOÇAMBIQUE PARA TODOS! Obrigado pela atenção prestada. 5" 5 5 ( 5 ,& ' (. ,5 )5 8 /. ,)5"#' #,)' #,)5 #' (!)8 18 Savana 21-10-2016 OPINIÃO Registado sob número 007/RRA/DNI/93 NUIT: 400109001 Propriedade da Maputo-República de Moçambique KOk NAM Director Emérito Conselho de Administração: Fernando B. de Lima (presidente) e Naita Ussene Direcção, Redacção e Administração: AV. Amílcar Cabral nr.1049 cp 73 Telefones: (+258)21301737,823171100, 843171100 Editor: Fernando Gonçalves editorsav@mediacoop.co.mz Editor Executivo: Franscisco Carmona (francisco.carmona@mediacoop.co.mz) Redacção: Raúl Senda, Abdul Sulemane, Argunaldo Nhampossa, Armando Nhantumbo e Abílio Maolela )RWRJUDÀD Naita Ussene (editor) e Ilec Vilanculos Colaboradores Permanentes: Fernando Manuel, Fernando Lima, António Cabrita, Carlos Serra, Ivone Soares, Luis Guevane, João Mosca, Paulo Mubalo (Desporto). Colaboradores: André Catueira (Manica) Aunício Silva (Nampula) Eugénio Arão (Inhambane) António Munaíta (Zambézia) Maquetização: Auscêncio Machavane e Hermenegildo Timana. Revisão Gervásio Nhalicale Publicidade Benvinda Tamele (823282870) (benvinda.tamele@mediacoop.co.mz) Distribuição: Miguel Bila (824576190 / 840135281) (miguel.bila@mediacoop.co.mz) (incluindo via e-mail e PDF) Fax: +258 21302402 (Redacção) 82 3051790 (Publicidade/Directo) Delegação da Beira Prédio Aruanga, nº 32 – 1º andar, A Telefone: (+258) 825 847050821 savana@mediacoop.co.mz Redacção admc@mediacoop.co.mz Administração www.savana.co.mz EDITORIAL Cartoon T oda a poesia ambiciona ser canção; quando não ambiciona provavelmente não é poesia A semana passada conheci Maria Bethânia em Moçambique. Contou- -me — ao sermos apresentados — que guarda de Angola uma boa impressão. Explicou-me o porquê: ao desembarcar em Luanda encontrou esperando por ela um sujeito enorme, bonito, impecavelmente vestido de branco: “Sou o seu motorista” — apresentou-se o homem. — “Chamo-me Jesus de Nazaré”. Em Maputo, a capital de Moçambique, Maria Bethânia não teve a boa fortuna de ter como motorista Jesus de Nazaré, mas, em contrapartida, encontrou uma cidade muito mais arejada, verde, limpa e descontraí- da, não obstante a situação política, bastante tensa, que tem afligido os moçambicanos nos últimos meses. Bethânia trouxe a Maputo um belíssimo “Ensaio poético”, ao longo do qual versos de poetas africanos, brasileiros e portugueses se amarram uns aos outros com um certeiro engenho e tanta naturalidade que quem não conheça bem aqueles autores pode ser levado a crer que se trata de uma única peça — barroca, e no entanto leve e harmoniosa. Bethânia tanto canta versos de Fernando Pessoa, quanto declama Caetano, e ao fazê-lo mostra como são artificiais as fronteiras entre a poesia e o que se convencionou chamar “letras para canções”. Foi isso, afinal, que a Academia Sueca pretendeu realçar ao atribuir o Prêmio Nobel de Literatura a Bob Dylan — escritor de canções. Mais do que premiar Dylan, os suecos estão premiando a palavra cantada. Já o ano passado a cada vez mais ousada Academia Sueca surpreendeu o mundo, premiando uma jornalista, a bielorussa Svetlana Alexievich. O prêmio foi uma oportunidade para discutir o que distingue jornalismo de literatura. A resposta — basta ler o assombroso e terrivelmente angustiante “Vozes de Tchernóbil”, de Alexievich, para chegar a tal conclusão — é que não há por que impor tal distinção. Uma reportagem pode ser literatura, e da melhor!, sem deixar de ser bom jornalismo. Há bom jornalismo sem literatura; boa literatura em mau jornalismo e grande jornalismo que é, simultaneamente, excelente literatura. Caetano Veloso pode apresentar-se como poeta. Chico Buarque igualmente, tanto quanto Ferreira Gullar ou Eucanã Ferraz. Gosto muito de escutar Leonard Cohen — aquela voz rouca, carregada de sombras e presságios; os poemas que ele canta, porém, não perdem a estranha luz que os anima se acaso os acharmos entre as páginas de um livro — desapossados das asas da melodia. E o que dizer de Jacques Brel? Toda a poesia ambiciona ser canção; quando não ambiciona provavelmente não é poesia. O que acontece é que, infelizmente, a maioria dos poetas não sabe cantar. Pode discutir-se, portanto, o nome do premiado, mas não me parece justo contestar que o prêmio distinga um escritor de canções. O indignado clamor que se levantou, um pouco por todo o mundo, ao conhecer-se a decisão da Academia Sueca dificilmente teria ocorrido se a mesma tivesse premiado não Bob Dylan, cujas letras são mais vezes banais do que surpreendentes (ou seja: do que poesia), e sim, por exemplo, Leonard Cohen. Dylan é um excelente compositor que acontece, aqui e ali, ser arrebatado pela poesia. Cohen é, esse sim, um poeta a tempo inteiro. O melhor de todo o episódio foram as piadas nas redes sociais. “Gosto imenso do Bob Dylan. Tenho os livros todos”, comentou o escritor português João Tordo. Um editor revoltado acrescentou: “Dylan sempre esteve muito à frente: por exemplo, começou a escrever audiolivros antes sequer de surgir o conceito de audiolivros”. Voltando a Moçambique, lembrei- -me que Bob Dylan esteve por cá nos tempos eufóricos da revolução — creio que em 1975. Dessa passagem rápida ficou uma canção, “Mozambique”, cuja letra (a Academia Sueca que me perdoe, mas neste caso custa-me a escrever poesia) celebra a beleza das praias moçambicanas e das garotas que as frequentam. Estranhamente, não há a menor referência ao processo revolucionário que, na época, seduziu intelectuais do mundo inteiro. Eis alguns versos, grosseiramente traduzidos por mim para português: “Tem um montão de garotas gostosas em Moçambique/ e tempo de sobra para um bom romance/ todo o mundo gosta de relaxar e bater um papo/ dê uma chance para alguém especial/ ou apenas diga olá com um piscar de olhos”. A “Garota de Ipanema”, convenhamos, dá dez a zero às garotas de Maputo, de Bob Dylan — e a culpa não é das garotas de Maputo. Vinicius, a propósito, merecia todos os prêmios literários. *escritor angolano Por José Eduardo Agualusa* O dia 19 de Outubro deste ano marcou o trigésimo aniversário da morte do primeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel, numa altura em que ainda não são conhecidas as verdadeiras causas do acidente de aviação que o vitimou. Todo o processo investigativo que se seguiu ao acidente que vitimou outras 33 pessoas que viajavam com o Presidente não foi conclusivo, sendo que o assunto é ainda alvo das mais diversas especulações. O trabalho da equipa de investigação sobre o acidente, envolvendo Moçambique, como proprietário do jacto presidencial, a antiga União Soviética (fabricante) e a África do Sul (local do acidente) tornou-se vítima do conflito entre Moçambique e a África do Sul do apartheid e da guerra fria que também polarizava as relações entre os três países. Isto ditou que cada um dos três países ficasse com as suas conclusões, não aceites pelas outras partes. Mas apesar de todas estas desinteligências, Moçambique continua ainda a ser a parte mais interessada em conhecer melhor as circunstâncias que levaram à morte do seu primeiro presidente. Por isso, afirmar simplesmente que ele foi vítima de assassinato não deve ser o suficiente para um povo que exige explicações ainda mais detalhadas. Os familiares dos outros ocupantes do avião também merecem algum sentido de desfecho sobre o assunto. Da perspectiva sul-africana (ainda nos tempos do regime do apartheid), tratou-se simplesmente de um acidente, resultado de uma sequência de erros cometidos pela tripulação soviética. No contexto da guerra fria, há ainda quem suspeite que os soviéticos tenham engendrado o acidente para se livrar de um “cliente” que já não conseguia esconder o seu desencanto pelos serviços que lhe estavam a ser prestados, e que mostrava sinais claros de uma maior aproximação com o Ocidente capitalista. O povo moçambicano merece uma explicação conclusiva sobre a morte do seu Presidente. Na ausência de um inquérito que seja considerado esclarecedor, deve ser responsabilidade do governo tornar público toda a informação que tem ao seu dispor, tornando claro todo o percurso feito desde 1986. Mesmo que isso implique uma ressalva de que havendo informa- ções mais esclarecedoras no futuro, assume o compromisso de as tornar públicas. Deixar o assunto sem qualquer desfecho é que não pode ser. Na sua qualidade de Presidente da República, Samora Machel é património do Estado moçambicano. Mais do que as cerimónias oficiais e todos os discursos de ocasião em sua homenagem, algum esclarecimento oficial público sobre as circunstâncias da sua morte, ainda que incompleto, seria a melhor forma do governo mostrar que continua empenhado na busca da verdade. Mas isso requer uma coragem e vontade que não parece ainda ter se apoderado de quem de direito. E tudo ficará resumido às desinteligências entre os moçambicanos, sul-africanos e russos. Samora Machel: Resumido às desinteligências entre moçambicanos, sul-africanos e russos Bethânia, Dylan e a poesia cantada Savana 21-10-2016 19 OPINIÃO 499 Email: carlosserra_maputo@yahoo.com Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com T ive um professor de História durante a forma- ção secundária que era em simultâneo meu catequista na Igreja Santa Ana da Munhuana. Este professor e catequista dava justificações contraditórias relativas à criação do universo mas, sobretudo, ao mistério que rodeia a origem da humanidade. Na escola defendia obviamente a teoria da evolução das espécies, o ser humano, Homo sapiem, sapiem sapiem no topo da cadeia e por aí fora. Na catequese, era pura e simplesmente da costela de Adão que Eva era formada e quanto à dita costela, nada havia a dizer, a menos que Deus a fabricara. Ou ainda que a virgem Maria tinha concebido seu filho sem pecado, isto é, sem o acto, tornado o acto em coisa pecaminosa. O que isto não faz à cabeça de uma adolescente que despertava para a vida, procurava a verdade e inevitavelmente tinha uma enorme curiosidade em relação ao acto. Certo dia confrontei-o acerca desses ensinamentos e destas contradições. E o meu mal foi tê-lo feito na catequese e não na escola. Foi muito grave. O catequista é aquele que transmite a palavra de Deus, que de nenhuma forma deve ser posta em causa. Por isso mesmo o catequista não gostou e repreendeu-me no meio de todos os catequisandos. Estes, indignados comigo por tamanha ousadia, começaram a olhar-me como má influência, pecadora dos quatro costados, merecedora de todos os adjectivos que se possam atribuir a alguém que se atreve a pôr em causa a verdade absoluta de que a Igreja e a Religião são detentoras. Admito que se tivesse colocado na escola a questão da doutrina e das verdades da fé as respostas fossem diferentes, embora esteja certa de que seriam da mesma forma autoritárias. O professor é detentor da verdade, de toda a verdade, é aquele que de tudo sabe, ou não seria ele professor. Ao aluno simplesmente é reservado o direito de ouvir e acatar. Era assim. Conto-vos uma história engra- çada que se passou naquela igreja: Todos os sábados depois da catequese éramos obrigados a confessar os nossos pecados para no domingo podermos receber a hóstia sagrada, Corpo e Sangue de Cristo. Acontecia porém que nenhuma de nós, adolescentes daquela igreja, sabíamos como se fazia nem o que dizer ao padre. Pessoalmente não tinha nenhuns pecados. Ou achava que não tinha pois nunca roubara, faltara ao respeito a alguém, mentira ou injuriara. Tinha a vantagem de ser eu, verdadeira e espontânea, também irreverente, pelo menos por dentro. Mas havia que confessar alguma coisa. O quê? Quais pecados? Eis que uma colega do grupo veio com a história de ter beijado um rapaz que por sinal pertencia ao mesmo grupo da catequese e tinha de confessar isso ao padre. Nem mais. O que aquele padre, alemão por casualidade, teve de ouvir nesse dia. É que todas nós, éramos seis ou oito, já que não tí- nhamos nada a confessar, fomos contar a mesma história, mesmo não se tendo passado connosco. Lembro-me de que quando foi a minha vez de me confessar, eu que tinha alguma criatividade na altura, acrescentei algumas linhas à história. Disse ao padre que para além do beijo o rapaz tinha metido as suas mãos nas minhas roupas e mexido nas minhas maminhas e noutras partes e que eu não o tinha impedido. Receitou-me cinco Ave Marias e três Padres Nossos. Posto isto, estava pronta para receber a hóstia sagrada no dia seguinte. Só que à noite, essa, foi muito má e longa. Comecei a ter peso de consciência por ter dito aquilo tudo ao padre, rezei em silêncio no meio das mantas e depois tive pesadelos. Não sei se por causa dessa falsa confissão. O certo é que todas as vezes em que, posteriormente, fiz uma oração antes de dormir, coisa que me diziam ser boa e recomendável e eu até conhecia todas as palavras (Obrigada Senhor Deus por me proporcionar mais um dia de vida, guardai a minha alma de noite e de dia, etc., etc.), tive pesadelos terrí- veis, até ao dia em que passei a dispensar a oração pré-sono e os pesadelos se foram. E já agora uma outra história, também um pouco conspícua. Nasci numa família humilde de camponeses no longínquo Distrito de Malvérnia, localidade de Chicualacuala, Província de Gaza. De mãe camponesa e pai maquinista de locomotivas dos CFM, nove irmãos. Portanto, como estão a ver, uma família numerosa, que apesar de todas as dificuldades na gestão diária era e ainda é uma família alegre e unida. A minha mãe que na altura era muito devota não perdia um sábado ou domingo sem Igreja, não se permitia falhar a confissão e a consequente hóstia sagrada e obrigava todos os filhinhos a ir atrás dela para a Igreja, atirou-me uma vez com um pedaço de pão à cara, estávamos a tomar pequeno-almoço, por eu ter dito que tinha visto o padre em situação pouco recomendável, com uma daquelas beatas devotas, encostadinhos de uma forma estranha junto a uma parede. Isto ocorrera numa das missas do meio de semana, durante a recolha do ofertório, aí pelas 18h (eu era ajudante na recolha de ofertório, sabem como é, aquelas cestinhas onde os crentes são obrigados a colocar as suas moedinhas), altura em que os padres costumam ir dar uma voltinha lá nos bastidores da igreja para mudarem qualquer coisa na indumentária para de seguida prepararem a “última ceia”. Não era suposto a recolha das cestinhas do ofertório ter sido rápida, mas a equipa em serviço era boa e eu fazia parte dela... portanto vi. E comentei. Acabei com o pão na cara. Ainda assim dei uma boa gargalhada dada a expressão de espanto na cara da minha mãe. Devo dizer que convivi dificilmente com estas contradições durante anos, resolvendo-as mais tarde de uma forma muito simples - à Igreja o que é da igreja, à Ciência o que é da Ci- ência: retive da Igreja e da catequese os aspectos que considero positivos, respeitar os outros, ser humilde e tolerante, à mistura com alguma timidez, eventual consequência das admoestações do catequista e passei a pensar “cientificamente”, em tudo o que tem a ver com a evolução do homem e o nascimento de Jesus Cristo. Mas devo dizer que estes episódios mudaram muita coisa em mim, não quero tirar a fé a quem a tenha, simplesmente perdi-a, não a compreendo, nem em nada da minha vida a sigo. E percebi que a igreja não me trazia novidades, o pensamento que transmite é para mim monótono, sem novidade, o que entra em choque com a minha forma de ser e estar. Devo dizer que curiosamente também a minha mãe mudou muito - hoje é capaz de escolher bem os domingos para ir à Igreja, e não são tantos num ano, e nos restantes fica em casa a cuidar das suas machambas e animais, sendo uma mulher feliz e realizada com o pouco que tem e que afirma “a minha igreja está dentro mim e eu ando com ela”. Eu mudei, a minha mãe mudou, o mundo mudou e, de certa forma, a Igreja também, procurando de alguma forma acompanhar a evolução dos tempo, pelo menos com o actual Papa. Porém isso inquieta-me muito, a nossa sociedade, o nosso país no geral, nos dias que correm tornou-se crente de uma maneira absurda, cega, viciosa, mentirosa, como se procurasse em cultos absurdos evasão para as dificuldades da vida e refúgio para o desentendimento do mundo. Há um regresso ao Sagrado, mas a um Sagrado dirigido por gente mafiosa, desonesta. Olho com bastante preocupação para a proliferação de casas de culto no país à razão de duas num quarteirão. De onde vem esta devo- ção toda? O que leva uma pessoa a passar um dia inteiro enfiada numa igreja? Quem tira benefícios destes cultos sei-o bem, a promiscuidade entre estas igrejas e a política é total, levando mesmo ao financiamento de partidos em troca de facilidades concedidas a estas casas não de culto mas de “incultura”, a lavagem dos dinheiros das drogas ou da venda de armas a partir dos dízimos é frequentíssima. Lembro-me de um diálogo que por acaso ouvi num restaurante de Lisboa, sim, não é só por cá que estes cultos proliferam: - Olá Jorge estás bom, há anos que não te via. - Estou sim, estou mesmo muito bem. E tu Zé continuas engenheiro do Instituto? - Sim, é uma boa casa para trabalhar e gosto do que faço. E tu? - Eu deixei a engenharia, agora estou na religião. Ganha-se muitíssimo mais e é divertido jogar com as pessoas. - Estás na religião? - Sim, sou pastor da Igreja Maná. O dito Jorge, vim a saber depois, era o conhecido Jorge Tadeu, um dos chefões da Igreja Maná, engenheiro, por acaso formado em Moçambique no tempo Colonial e o Zé tinha sido seu colega. Rádios, televisões e outros canais de comunicação social espalham programas de incentivo à participação, ao pagamento do dízimo para salvação das almas, enfim uma mistificação muito bem organizada, que ao fazer uso indiscriminado dos diversíssimos meios de comunicação hoje existentes enche os bolsos de mafias criminosas. Na igreja que frequentávamos e hoje frequentamos de forma bastante moderada, não se cobravam dízimos obrigatórios. A contribuição dependia da vontade e da capacidade de cada pessoa. A minha mãe, apesar de hoje quase não pôr os pés na Igreja, manda o envelope com o dízimo, coisa que me faz alguma confusão mas que nunca ousei perguntar quanto valor leva naqueles envelopes. É espantoso como nesta nossa sociedade que sofreu grandes e desejáveis transformações, há um regresso a um Sagrado doentio, sim, vejo todos os indícios de uma sociedade doente, sem rumo nem horizontes, sem ambição, resignada e sem esperança. Estas Igrejas vão buscar na falta de esperança dos povos, no aumento da riqueza de alguns a par do empobrecimento generalizado da maioria, o húmus de que precisam para proliferar. Oh nobre povo! Mais não digo. C ompreender o Outro não é assimilá-lo ao que somos, à nossa identidade. É tentarmos “metermo-nos nele”, é tentarmos “ser ele”. Isso, convenhamos, é uma tarefa muito difícil, mas que deve ser posta em prática. Respeitar outrem e a sua cultura é um princípio fundamental, trave-mestra da vida em sociedade. Porém, as boas intenções podem cair em armadilhas perigosas. Assim, destruidores da humanidade - do género falcões de guerra, terroristas, torturadores, etno-homicidas, racistas e estupradores - têm todo o interesse no discurso da pluralidade, do respeito pelo Outro, na pretensão de que as diferenças sociais e culturais estão ao mesmo nível de consideração, na apologia de que a verdade é unicamente parte de um conjunto paritário de verdades gozando do mesmo estatuto de legitimidade. O relativismo é para eles uma óptima arma de defesa e ataque. Armadilhas do respeito pelo Outro Uma sociedade doente 3RU-RVHÀQD0DVVDQJR 20 Savana 21-10-2016 OPINIÃO SACO AZUL Por Luís Guevane É interessante como estas palavras rimam mesmo invertendo a ordem: alimentos e armamentos. No singular ou no plural. Mais interessante ainda é saber que, na prá- tica diária, podem não rimar quando uma ofusca a outra, quando procuramos desesperadamente comprar mais e mais armamento no intuito de irradiar da face da terra aquele (s) que definimos como inimigo. Podemos também dizer que essa vontade de aquisição de armamento, essa “sanguinarice”, não ofusca a rima, pois é necessário eliminar o obstá- culo que não deixa produzir o alimento: a desconfiança mútua. A luta pela independência política nacional foi um percurso de sacrifício do equilíbrio entre alimento e armamento. O desejo de “autodeterminação” foi o alimento motivador de armamento, digamos, a condição abraçada para alcançar um ideal cada vez mais próximo. Alcançado o ideal de liberdade, de independência, de “democracia moArmamentos e alimentos nopartidária”, a nossa rima voltou a estar em perigo. As despesas para o armamento agigantaram-se no nosso “orçamento” secundarizando o alimento; como se o elefante fosse o armamento e a ambulante formiga o alimento. Uma diferença esmagadora e arrogante. Mais chocante terá sido o facto, óbvio, dessa situação angustiante não poder contrariar o que se tornava normal: as filas, aliás, as abundantes bichas, um pouco por todos os cantos, a darem indicação de que ainda existia algum alimento neste ou naquele lugar. Esse foi o tempo áureo dos candongueiros, dos xiconhocas, da “corrupção sexual” e material… Nas matas, de beligerante para beligerante, cada um sabia como estabelecia essa relação entre armamento e alimento. Os argumentos da liberdade esvaíam-se. Nesse desespero, a esperança foi mais forte. Roma anunciou novos tempos e todos festejamos. Estavam criadas condições para que na nossa rima o alimento se sobrepusesse ao armamento. “Naqueles tempos”, 1992/94, não existiam arruaceiros, nem “contras”, nem “opositores” e muito menos “excluídos”. Eram todos moçambicanos de gema. Era o início da independência da “democracia multipartidária”. Com essa independência o armamento continuou robusto. Ainda que hibernasse, deu lugar ao alimento. Em duas décadas e picos ficamos atentos ao suposto “hibernar do armamento” pois, no “orçamento” os dados não indicavam nada disso. Havia mais carinho para o armamento e mais discursos para o alimento. O elefante continuou elefante e a formiga manteve-se. Mesmo assim, dentro das suas limitações, o país avançou. Mas, de repente… Oh. De novo o armamento sobrepôs-se a tudo e todos. O dólar norte- -americano passou a escolher o argumento mais convincente para o seu fortalecimento. O alimento continuava abundante relativamente ao tempo da “democracia monopartidária”. Respirava-se ainda alguma liberdade. E, a regressão, a inacreditável regressão já estava a acontecer! Quebramos os ideais do povo e, de novo, reacendemos um conflito mal resolvido deixado ruminar em tempo de descontinuidade. Tempo em que o alimento teoricamente superava o armamento. O diálogo ficou acoplado ao seu acampamento onde as rondas negociais, cinicamente, gargalham reciprocamente. Sem esperarmos, de fora caíram como bombas as dívidas escondidas. A primeira onda que quase deixava afundar o barco e que, por isso, criou um forte susto foi a EMATUM. Depois ajustamo-nos a ela com um Ah! A essa onda juntaram-se outras que pareciam não existir. Hoje, o barco, já a admitir água, parece ainda aguentar-se com MAM (Moçambique Asset Management) e Proindicus. A verdade é que o armamento ganhou importância fingindo não rimar com o alimento. Aliás, com a crise, já nada rima. Enquanto a água vai ofuscando o alimento com a carestia de vida, eis que supostas novas ondas surgem: “embraer” e “900 milhões de dólares”. Estamos já (ou não) diante de um Tsunami prestes a fazer das suas? Meus caros, apertem os cintos! Odiabo encarregou-se de tecer aquela malha pessoalmente. O seu destinatário, Amarildo Saranga, era um brilhante professor de Matemática na Escola Secundária de Maxixe. Além de brilhante como professor, era um exemplo de disciplina. Naquela tarde de sexta-feira, ele, sem o saber, agiu como que movido por uma premonição, atraído por um chamamento interior que lhe foi superior. Contrariamente ao que eram os seus hábitos, na última aula, que eram duas horas seguidas de Matemá- tica, deu um trabalho em grupo à sua turma e encarregou a chefe de turma de o controlar e recolher, para lhe entregar daí a uma semana. Naquela tarde, quando Amarildo Saranga saiu de casa, a sua mulher, Etelvina Mateus, lembrou-lhe que no dia seguinte, sábado, iria fazer anos, 27, e que por isso tinha pedido folga no Hospital Rural de Maxixe, onde trabalhava como Parteira B. Disse- -lhe que não se preocupasse em voltar cedo, porque passaria a manhã no bazar a fazer compras e a tarde com as amigas a preparar os doces e salgados. Fosse como fosse, o stôr Saranga decidiu chegar cedo a casa e de passagem pelo mercado municipal comprou um raminho de flores muito modesto, porque o salário de professor secundário, como se sabe, não é grande coisa. Desligou o motor da mota em que se deslocava por toda aquela cidade de Maxixe uns 300 ou 400 metros antes de chegar à casa, não fosse a mulher surpreendê-lo pelo motor da mota… Queria que a surpresa fosse total. E foi assim que começou a usar a malha que o diabo lhe teceu. Chegou à casa e onde esperava encontrar o bulício de mulherio na confecção de bolos e salgados e queijos e feijoadas e matapas e isso, o silêncio era mais que sepulcral. Entrou com o coração aos saltos, sem saber bem porquê. Parou na varanda da sala, antes mesmo de entrar, porque assim, à distância, na casa de banho utilizada para os banhos, havia dois pares de chinelos. Num deles reconheceu os da sua esposa; o outro era desconhecido. Apurou o ouvido e escutou risos abafados e conversinhas em voz baixa na casa de banho. Sem perceber porquê, sentiu um vazio enorme na cabeça, como se alguém de repente lhe tivesse atingido o crânio com uma marretada violenta. Antes mesmo de poder perceber o que se passava, viu a sair da casa de banho a sua mulher, embrulhada numa simples capulana, nitidamente sem mais nada por dentro, e um jovem sorridente de calções e chinelos dirigindo-se ambos à casa na varanda da qual ele estava. Ao Saranga tudo tremia por baixo, era um terramoto total: as pernas tremiam-lhe pelos artelhos, as articulações doíam-lhe, o coração pulsava-lhe como uma locomotiva lançada a toda a velocidade. E ele só conseguiu dizer: – Filha do Mateus, és tu? Eles pararam estacados, inertes, mudos. E ele disse: – Obrigado pela surpresa! Eu conheci o Saranga um ano depois desses acontecimentos. Não digo que fosse um farrapo. O que acontece é que quem me fez conhecê-lo foi o meu irmão mais velho, estando eu de férias em Maxixe. E a história era simples: depois daquele dia, a mulher pediu transferência para o Hospital Rural lá para as distantes terras de Funhalouro, onde se exilou de vez, deixando o Amarildo Saranga com as duas filhas, uma de 8, outra de 6 anos. Naquela tarde, ele estava sentado numa esteira, as duas filhas no seu colo, um garrafão de sura e cantava para as duas menininhas: “Tê, maninha, tê // Tê, maninha, tê…” Era um dos versos da música do Fernando Luís. Notei que ele não cantava isso com alegria: tinha uma tristeza imensa dentro dos olhos. Eu não sou conselheiro nem de famílias, nem de casais, nem de jovens, nem de adolescentes. Não consigo sequer ser conselheiro de mim próprio. A minha vida, embora não seja coisa de se deitar na sarjeta, também não é coisa brilhante. Não gosto de me dar a prerrogativa de dar conselhos aos outros, principalmente se são maiores de 30 anos, fundamentalmente se são homens, e mais ainda homens que venham de uma tragédia como a do Saranga. Mas, mesmo assim, baixei um pouco a cabeça no banco baixo onde me encontrava, abanei o garrafão de sura, enchi o meu copo e bebi, o copo dele e bebeu, e disse: – Saranga, tu és aquilo que és pelo que vales. Tu és bom. Levanta-te! Soube do meu irmão que te suspenderam na escola por excesso de bebedeira. Começaste a apresentar-te sistematicamente embriagado nas aulas. Os alunos já não davam conta do que estavas a dizer em termos de Matemática. Perdeste o controlo de ti próprio. Mas tens de olhar para ti como se o futuro não fosses tu, fossem essas duas miúdas que tens aí, a Tucha e a Carlita. Que elas sejam superiores a ti e à tua mulher. Não sei se foi por isso ou por outra coisa qualquer, mas no ano seguinte, quando voltei a Maxixe de férias, encontrei um Saranga não totalmente curado do álcool, mas com a esperança recuperada. Tinha duas salas feitas de caniço e macuti no seu quintal enorme herdado dos pais, duas dezenas de crianças a quem dava explicações de Matemática e até mesmo de Física. As de Física eram gratuitas, mas para Matemática cada um daqueles alunos pagava 500 MT por mês. Não era muita coisa. Eu disse – Saranga, meu querido, podes cobrar um pouco mais. Tu és um cérebro. Não desfaleças por uma história de chinelos. Todo o mundo passa por isso. O teu azar foi que tu descobriste, mas quantos de nós, homens, passamos por isso uma vida inteira sem que nos apercebamos. Isto não é uma tragédia. Façamos o seguinte: tu tens a idade que tens, as tuas filhas têm a idade que têm; deixa-as estudar. O que tens de fazer é olhar para ti e dizer: eu, Saranga, sou superior a essas coisas todas. Não sou o primeiro nem o último homem a passar por uma situação destas. O que eu desejo do fundo do coração é que aquela que me fez isto seja feliz lá onde está. E de cada vez que ela ajudar uma mulher a dar à luz um ser, que considere que também tem dois seres neste mundo que estão vivos, comigo e de saúde. Conto esta história porque é uma das poucas em que participo que tem um fim feliz. O Saranga não é feliz naquela felicidade cor-de-rosa: é feliz porque conseguiu ultrapassar-se a si próprio, realizou-se. Realizei- -me também através dele. Sarapatel com caipirinha Savana 21-10-2016 21 DESPORTO O antigo Director Nacional- -adjunto de Educação Fí- sica e Desporto, no período entre 1976 e 1986, João Carlos da Conceição, defende que com a morte de Samora Machel, primeiro Presidente da República, os projectos de desenvolvimento do desporto não tiveram continuidade, facto que se faz sentir com os resultados que Moçambique regista, actualmente, nas competições internacionais. Falando à nossa reportagem, por ocasião da passagem do trigésimo aniversário do desaparecimento físico do proclamador da independência nacional, Da Conceição justifica a sua posição com o facto do desporto ter sido sempre o parente mais pobre das actividades nacionais. “Samora era um homem íntegro” Partilhando os momentos que passou ao lado de Samora Machel, João Carlos Da Conceição descreveu Samora Machel como a pessoa mais fácil de se falar, isto porque “era um homem íntegro, em todas as acções que desenvolvia”. Como exemplo, Da Conceição conta o episódio que aconteceu durante a fase de preparação para os Jogos Olímpicos de Moscovo, realizados na capital russa, em 1980. “Samora Machel tinha um filho (N’tewane) que fazia natação e, quando se fez a pré-selecção, ele não foi convocado. O Presidente mandou-me chamar para saber o que estava a acontecer e expliquei- -lhe que o filho não tinha atingido os mínimos para estar na pré- -convocatória. Ele obrigou o filho a treinar e nas últimas provas ele conseguiu qualificar-se. Depois chamou-me para dizer que não é o facto de ser meu filho que ele deve ser convocado sem merecer”, partilhou. Da Conceição liderou a Direc- ção Nacional de Educação Física e Desporto (não havia Director Nacional), uma instituição que era subordinada pelo Ministério da -Defende João Carlos da Conceição, Director Nacional-adjunto de Educação Física e Desporto entre 1976-1986 “Com a morte de Samora, os projectos desportivos não tiveram continuidade” Por Abílio Maolela Educação e Cultura, pelo que convidamo-lo a partilhar as suas políticas para este sector. “O desporto era desenvolvido de forma positiva e sã. Houve campanhas sobre a importância deste na sociedade, por isso era realizado nas empresas (a cada manhã, as empresas reservavam 10 a 15 minutos para um exercício de relaxamento)”, diz. A fonte acrescenta ainda que, na altura, o desporto escolar era feito com um pensamento eficaz e revela que, logo após a realização dos primeiros Jogos Desportivos Escolares (1978), tinham previsto a criação de escolas especiais de desporto, em três províncias (Nampula, Sofala e Maputo), nas quais seriam canalizados os melhores atletas que surgissem deste evento, em cada zona. “Estes continuariam a receber a sua formação académica e desportiva. Teríamos técnicos dos países do leste (vindos de Cuba, União Sovi- ética, etc). A Ministra da Educação já tinha dado aval, mas com a morte de Samora muitas coisas não tiveram continuidade”, destaca. Até hoje, os Jogos Desportivos Escolares continuam sendo considerados o centro de captação de talentos, porém, os mesmos tardam a apresentar os resultados do seu investimento. “Não foi a mudança de liderança que provocou este problema, mas a mudança de pensamento. Sempre se falou que se dava importância ao desporto, mas não é verdade. O desporto sempre foi o parente mais pobre das actividades nacionais”, constata. “Adoptamos cedo o SURÀVVLRQDOLVPRµ Como consequência, o desporto moçambicano encontra-se “moribundo” e os resultados que o país produz além-fronteiras não fazem jus aos mais de 25 milhões de habitantes que compõem este território. Desde que Maria de Lurdes Mutola retirou-se das pistas, em 2008, as modalidades individuais e olímpicas não produzem resultados convincentes, sendo a última presença de Moçambique nos Jogos Olímpicos o espelho desse mau momento (não passamos da primeira fase e batemos o recorde de delegação com maior número de dirigentes). Das modalidades colectivas, apenas o hóquei e o basquetebol feminino têm assegurado a bandeira moçambicana entre as nações do planeta terra. Uma das razões apontadas pelo nosso entrevistado, como sendo responsável pelos maus resultados é a mudança de perspectiva desportiva, que na sua opinião ainda era cedo torná-lo profissional. “O desporto virou profissional e aí impera o dinheiro. Mas, mudamos cedo de mais para o desporto profissional e muitos jovens ficaram perdidos. Devíamos ter continuado naquilo que vínhamos fazendo. Deixar os jovens formarem-se profissionalmente, do que deixá-los cair na desgraça”, disparou. A outra razão está relacionada com a “superestrutura” do desporto moçambicano, a começar pelo Ministério que tutela a área, que é composto por uma Direcção Nacional, um Instituto e um Conselho Nacional. “Depois temos o Comité Olímpico Nacional e as Federações Nacionais que, por sua vez, são acompanhadas pelas Ligas Profissionais, mas sem dinheiro para organizar um desporto profissional”, diz. “Esta estrutura precisa de dinheiro que seria investido na formação e construção de infra-estruturas desportivas. Antigamente, tínhamos um Ministério do Desporto e Cultura e só tinha uma Direcção Nacional do Desporto com diversos sectores (desporto para o trabalho, federado, escolar, etc). Mas, estou convencido de que o MJD esteja a fazer algumas reflexões em torno disto porque não podemos continuar assim”, considera. “Temos de acarinhar os paralímpicos” Enquanto o desporto olímpico soma desilusões, o paralímpico vai somando medalhas e projectando o país, com Edmilsa Governo a cara mais visível, depois de conquistar uma medalha de ouro nos Jogos Africanos de 2015 e duas medalhas de bronze (uma no campeonato de mundo de Doha e outra nos Jogos Paralímpicos de Rio de Janeiro). Com este facto, reacendeu, mais uma vez, o debate sobre as modalidades prioritárias no país, uma vez que as declaradas não produzem resultados. Para Conceição, todas as modalidades são prioritárias, basta que tragam medalhas. “Temos de tratar com muito carinho os paralímpicos e tentarmos apoiá-los, rapidamente, porque são os que nos trazem medalhas”, destacou. “Integramos os clubes nas empresas por necessidade” Da governação de Samora Machel muito tem se elogiado, como também tem se criticado algumas decisões ou iniciativas e uma delas está relacionada com a integração dos clubes nas empresas e instituições P or sua vez, o ex-presidente da Federação Moçambicana de Natação (FMN), Gilberto Mendes, revela que Samora Machel era um homem próximo aos atletas, pelo que sempre sabia quando estes melhoravam a sua performance. Mendes conta que, embora tivesse um filho a praticar natação, Machel prestava atenção às outras modalidades, facto que colocava todas em pé de igualdade. “O desporto era levado a sério naquela altura. Em 1980, fizemos a preparação para os Jogos Olímpicos de Moscovo, na Beira porque não tínhamos piscina olímpica, em Maputo. Mas, mesmo assim, não sentimos a diferença porque treipúblicas, facto descrito como sendo responsável pela actual dependência dos clubes face às empresas integradoras. O homem que dirigiu aquela instituição por 10 anos afirma que o modelo adoptado teve o seu mérito e razões e tudo se deveu ao abandono dos clubes pelos seus dirigentes e aquela era a única solução. “Talvez a metodologia não tenha sido correcta, mas era necessária para que o desporto não desaparecesse”, frisa. Além da crise financeira, os clubes enfrentam, actualmente, a falta de espaço para a prática desportiva, destacando os vizinhos de Maputo, Maxaquene e Desportivo. Aliás, os clubes são a cara mais visível de um problema que afecta também escolas e os bairros da capital do país. João Carlos da Conceição divide a culpa entre os sócios dos clubes e os municípios que, na sua óptica, ambos têm a obrigação de questionar o paradeiro do espaço atribuído para a prática desportiva. “Os campos, quando foram cedidos aos clubes tinham cláusulas muito concretas, que são o fim desportivo. Como é possível que, passados alguns anos, o mesmo espaço apare- ça para outros fins? Os municípios deviam agir sobre esta situação”, afirma. “Por outro lado, os sócios também têm a sua culpa. Como deixaram que o seu património fosse delapidado? E não venham dizer que as empresas integradoras têm mais voz que eles”, afirma. “A maior parte do espaço, onde se devia praticar desporto, nos clubes, está cheio de prédios. Porém, o mais grave é que esses clubes não têm nada porque, dessas transacções, não saiu nada de visível. Por exemplo, o Costa do Sol está ‘depenado’ e eu me pergunto, como se ‘depena’ um clube com um espaço daqueles? E onde estava o município?”, questiona. “Machel era próximo aos desportistas” návamos e estudávamos sem nenhum problema”, explica. Por essa razão, sente nostalgia daquele período e aponta a mudança de prioridades como sendo o responsável pelo actual momento do desporto. Mandes critica ainda os que atiram pedras para o modelo “macheliano”, de integração dos clubes nas empresas públicas. “Foi uma jogada de mestre porque nenhum clube tinha sustentabilidade. Alguns jogadores não comiam nas suas casas e só o faziam no clube e este dependia da empresa integradora”, sublinha. Para elucidar a boa relação que existia entre o antigo Presidente da República e os fazedores do desporto, o ex- -treinador do Desportivo de Maputo, Uzaras Mohamed, revela que os clubes eram convidados para fazer parte das comemorações de 01 de Maio porque “considerava- -nos trabalhadores”. “No desfile de 1986, quando o grupo do Desportivo de Maputo chegou onde estava montado o palanque, ele pediu-nos para parar e fazermos a nossa parada desportiva. Os miúdos exibiram- -se e ele elogiou e incentivou o nosso trabalho”, revela. Com a sua morte, Mohamed busca as palavras do escritor José Craveirinha para explicar o actual cenário: “Sou homem do desporto, mas a política moçambicana não tem políticas do desporto. Estamos reféns dos políticos mo- çambicanos”, rematou. “Com a morte de Samora muitas coisas não tiveram continuidade”, João Carlos da Conceição O país desportivo, em particular futebolístico, foi colhido, na tarde desta quarta-feira, pela triste informação do desaparecimento físico do antigo treinador de futebol, Miguel Chau (08/04/1962- 19/10/2016), ocorrido no Hospital Central de Maputo, vítima de doença. Miguel Chau notabilizou-se no futebol como treinador, tendo orientado o Matchedje, a selecção feminina de futebol e foi seleccionador nacional-adjunto, dos “Mambas”, chefiado pelo holandês Mart Noij, entre 2007 e 2010. Sublinhar que, até ao fecho desta edição, não havia detalhes sobre as cerimónias fúnebres. Neste momento de dor, a redacção deste semanário endereça as suas condolências à família enlutada. (T)Chau, mister 22 Savana 21-10-2016 PUBLICIDADE DESPORTO Savana 21-10-2016 23 PUBLICIDADE 24 Savana 21-10-2016 CULTURA Herói versus ditador, estes são alguns dos epítetos polares que se utilizam para descrever a personalidade de Samora Machel, primeiro presidente de Moçambique independente, perecido em 1986 num acidente de viação quando vinha da Zâmbia em mais uma missão de busca de paz na região austral de África. Em breve entrevista ao SAVANA, a conceituada escritora moçambicana Paulina Chiziane apontou um Samora Machel visionário, na medida em que muito do que ele dizia nos seus discursos populares “de há 40 anos continua válido e o será daqui a 500 anos”. Eis a entrevista. Pessoalmente, o que a marcou em Samora Machel como pessoa? Em Samora admiro o guerrilheiro, a coragem de quebrar um estado de coisas e seguir em frente, confiando em si. Isso gerou confiança nas pessoas que o rodeavam. Essa foi, para mim, das coisas mais bonitas. Paulina Chiziane “Samora foi um líder visionário...” Por Américo Pacule Na verdade são várias as interpretações que se dão em torno de Samora Machel julgado pelas coisas boas ou más que fez. Neste caso evocam-se os excessos de poder, o cerceamento das igrejas pentecostais e criação dos campos de Reeducação... Todos os homens – incluindo os santos das igrejas – cometem erros. O essencial é a liberdade e independência que Samora trouxe para os moçambicanos. Os aspectos negativos fazem parte do pró- prio percurso da História. Houve conflito entre o Estado e as igrejas. Algumas foram transformadas em casas de cultura ou escolas. Mas isso se enquadra no princípio materialista da época de que Deus e as igrejas não importavam, deviam ser banidas. Nesta esteira, a título de exemplo, as testemunhas de Jeová tiveram um destino que não cheguei a conhecer. Eu dezanove anos de idade. Não entendi muito bem aquela atitude. Contudo, hoje, entendo que foi a melhor estratégia que Samora encontrou para lutar contra o perigo que as igrejas representavam em termos de soberania do Estado. Samora conhecia o conflito que pode existir entre as igrejas e a constru- ção do Estado. As igrejas conseguem ter uma autoridade maior que um Estado, podem se constituir pequenos estados dentro de um Estado, podendo focos de desordem e instabilidade política determinar quem governa ou quem cai fora. Há muita bibliografia que pode ser lida sobre o perigo de ter igrejas muito poderosas em Estados pobres como os nossos. Samora queria construir um Estado “novo” e viu que era preciso eliminar esses possíveis Estados. Como ele dizia, era preciso escangalhar o aparelho colonial, e para ele as igrejas eram parte do aparelho colonial. Entende que Samora foi neste aspecto um líder de uma grande dimensão? Foi um líder visionário. Viu o país para além do seu tempo. Razão pela qual o seu discurso de há 40 anos é e será válido daqui a 500 anos. Com o tempo as igrejas foram crescendo e se constituíram Estados dentro do Estado. Algumas delas são cogumelos perigosos. Cresceram demais e tornaram-se mais poderosas, porque elas exercem uma autoridade – não diria moral – mas mental. Porque agem na consciência das pessoas. Samora é actualmente utilizado como uma figura modelo para corrigir certos comportamentos dos governantes actuais, o antípoda da moral política actual. Entende que os políticos de hoje honram os princípios samorianos? No passado sentíamo-nos bem no comunismo, éramos iguais, comíamos o mesmo feijão. Foi um momento único na História do país. Com o tempo a dinâmica histórica trouxe mudanças radicais. Hoje estamos tontos, não sabemos quem somos, nem para onde vamos. A sociedade moçambicana está fragmentada e fragilizada por guerras e conflitos. Assistimos a comportamentos estranhos na classe dos políticos e na sociedade. Vemos, nas diferentes instituições, atitudes que são uma verdadeira aberração ética e moral, assiste-se à rapinagem, enchem os bolsos e só depois é que se lembram de que alguém condenava estes comportamentos. E aí temos uma figura Samora que é uma inspiração ou espelho. E stá patente a exposição fotográfica individual do fotojornalista Naita Ussene, na Fundação Fernando Leite Couto, cidade de Maputo, denominada “O Barro que nos Molda”. A mostra visa celebrar os 40 anos de carreira do fotojornalista. As fotos narram o trajecto deste profissional de imagem fotografica que dedicou a sua vida ao serviço do fotojornalismo nacional. “Esta exposição pretende celebrar o percurso profissional de Naita Ussene e o seu trabalho, marcado pelo simbolismo da fotografia a preto e branco, mas também afirma a importância do fotojornalismo na história de Moçambique após a independência”, lê-se no catálogo da exposição. As fotos trazidas na mostra misturam sentimentos: “alegrias e amarNaita Ussene exibe “O barro que nos molda” guras, decepções e esperanças ou as penumbras e os reluzires, que ora metaforizam tragédias, ora gáudios do nosso país”. Naita confessa que a sua inspiração são as vivências de Moçambique. Quando fotografa usa a capa de “testemunhador consciente do dia- -a-dia” e capta o nosso quotidiano, do sorriso de uma bela mulher, a labuta dos pescadores, até aos factos políticos e económicos que norteiam o país. Este profissional iniciou a sua carreira na revista Tempo há mais de quatro décadas. Para a sua evolu- ção, contou com o apoio dos seus mentores: Ricardo Rangel e Kok Nam, já falecidos. Estes ensinaram- -no a arte de fotografar, a destreza de registar o ângulo incomum e o profissionalismo característico dos grandes repórteres fotográficos. No seu dia-a-dia de trabalho ilustrava textos de alguns dos jornalistas mais proeminentes daquela época, tais como Albino Magaia, Calane da Silva, Luís David, Carlos Cardoso, Alves Gomes e Mendes de Oliveira. Com eles aprendeu a contextualizar as imagens e a importância do jornalismo na sociedade moçambicana. “De Albino Magaia tirou lições de calma, ponderação e didatismo, de Calane da Silva, a paixão emotiva pela notícia, de Carlos Cardoso, a rebeldia e utopia e de Luís David, a disciplina e exigência”. O fotógrafo reconhece que o seu trabalho é produto das suas vivências, o meio e o contexto em que estava inserido e dos seus mestres. Naita Ussene nasceu a 5 de Maio de 1959, em Angoche, província de Nampula. Já trabalhou na revista Tempo e actualmente exerce sua profissão no semanário SAVANA. A.S A bre nesta sexta-feira, 21 de Outubro, no Auditó- rio Municipal da Matola, o Festival Literatas 2016. O evento que vai até domingo, 23 de Outubro, tem como objectivo a promoção do livro, a reflexão e a celebração das artes no geral, bem como o diálogo intercultural. Para esta edição, a segunda consecutiva, o Festival Literatas gira em torno do tema “Cidade de Livros” uma chamada para a reflexão em torno da importância da leitura nas suas diversas formas, dos espaços que se reservam às artes nas cidades e o comportamento nos ciclos urbanos por parte da juventude, em relação à sua expressividade cultural. De acordo com o director do Festival Literatas, Eduardo Quive, “Cidade de Livros” é um desafio à forma como vivem os citadinos, nos seus lares, nos bairros e na sociedade no geral e a forma como as nossas cidades se desenvolvem em paralelo com a necessidade de humanizar através da arte. “Mesmo para fazer valer as suas propostas, o Festival Literatas 2016 cumprirá uma programação que converge várias expressões artísticas, a multiplicidade do pensamento e dos saberes, bem como tentará envolver o público, desde infantil ao adulto em actividades intensas e únicas que farão com que se sintam parte da grande festa que coloca a Matola como o centro de atenções durante três dias quer no país assim como no mundo”, explica. Em 2016 o grande destaque e preocupação recai para o público infantil que se beneficiará de uma zona de leitura e respectiva Festival Literatas 2016 arranca na Matola formação de leitores de palmo e meio, uma acção resultante de uma parceria entre o Festival e o Fundo Bibliográfico de Língua Portuguesa quem irá dinamizar o espaço e com o Centro Cultural Brasil – Moçambique. Assim, o Festival cumpre o seu maior objectivo de formar leitores novos, a pensar no futuro da nossa literatura e da cultura no geral. Uma das grandes características do Festival Literatas é a reflexão para formar e transformar o público participante maioritariamente jovem e entre leitores activos e passivos. Ciente disso, os temas para as mesas literárias da presente edição foram elaborados a pensar em trazer novos valores para os participantes, bem como levantar novas linhas de pensamento em torno das artes e do comportamento das pessoas em relação a ela. Na abertura do Festival, um painel com o tema “o lugar dos livros e das artes na cidade” composto pela docente do Instituto Superior de Artes e Culturas, coordenadora da Rede de Museus da cidade de Maputo, Matilde Muocha, pelo dramaturgo e professor de teatro da Escola de Comunicação e Artes da Universidade Eduardo Mondlane, Dadivo José e pelo leitor Belarmino Tavares, vão nos ajudar a reflectir em torno do tema principal do festival. O segundo debate terá como tema “Sustentabilidade da essência do ser – entre o medo, a verdade e a mentira” com os oradores Filimone Meigos, poeta e director do Instituto Superior de Artes e Culturas, o Educador Popular brasileiro, António Folquito e Régio Conrado estudante de filosofia. A.S Dobra por aqui SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1189 ‡ DE OUTUBRO'( +LOODU\HPDTXHFLPHQWRDQWHVGRGHEDWHÀQDO 2 Savana 21-10-2016 SUPLEMENTO Savana 21-10-2016 3 Um pouco da História deste País, desapareceu naquele fatídico dia do voo do Tupolev 19/10/1986 Savana 21-10-2016 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto) Ilec Vilanculo (Fotos) Já ouvi muitas vezes frases dizendo que todos os seres humanos são actores de teatro. Que o mundo é um grande palco. Que todos os seres humanos passam a vida a encenar o seu papel, mas quando chega a hora partimos deste mundo. Acaba a nossa encenação neste grande palco que é o mundo. Cada dia encenamos uma parte do enredo que Deus escreveu para nós durante a nossa curta vida. Não que esteja a falar de morte. Mesmo que estivesse a falar dela, a morte faz parte da vida. Basta viver para morrer. Aprendi que o ser humano tem de procurar ter uma morte digna. Saber morrer bem. Vamos deixar de falar da morte porque deixa-nos tristes. Falava do teatro, anteriormente, para dizer que as imagens que tenho neste informal fizeram-me recordar de cenas teatrais. Reparem como o Presidente do Município de Quelimane, Manuel de Araújo, e o Ministro da Juventude e Desportos, estão a sorrir. Os sorrisos chegaram até a deixar o senhor do centro estupefacto. Como se questionasse: afinal de contas os altos dirigentes também brincam assim? Nesta segunda imagem, parece que o académico, Jamisse Taimo, está a encenar o papel de um cantor lírico. Quem sabe se para encenar teve de se inspirar num dos cantores líricos famosos mundialmente. Se calhar esteve a encarnar o Pavaroti. De qualquer das formas, a encenação chamou atenção a Eduardo Constantino, Secretário-geral do Sindicato Nacional de Jornalistas. Outros até enfrentam os verdadeiros actores de teatro para mostrar o outro lado da sua versatilidade. Como se dissessem que mesmo não sendo actores profissionais de teatro têm alguns conhecimentos. É o que deduzimos nesta terceira imagem onde vemos o actor Gilberto Mendes e o jurista e jornalista Ericino de Salema, que despoleta um sorriso na jornalista e pesquisadora do CIP, Fátima Mimbire, e semblante de indignação ao jornalista Lázaro Mabunda. Na quarta, outros não esconderam a sua satisfação quanto ao desempenho do seu colega que encarnou o papel de cantor de renome. Quem sabe antes de pensar em ser Presidente do Munícipio de Maputo e outros cargos ocupados, David Simango gostaria de ter sido cantor. Pelos vistos, Tomaz Salomão, PCA do Standard Bank, gostou da encenação. Francisco Mabjaia, Primeiro Secretário da Frelimo ao nível da cidade de Maputo, pautou por disfarçar ou ocultar o seu sentimento. A última encenação não se difere da primeira. Os intervenientes pautaram por encenar cenas de sorrisos, como se tudo estivesse a correr às mil maravilhas. Vejam como o antigo Ministro da Saúde, Leonardo Simão, partilha uma cena de sorriso com o homem do primeiro tiro, Alberto Chipande. So podemos dizer que é melhor sorrir do que chorar, porque chorar cria mais rugas no rosto. Estilos teatrais Sobreviventes de Mbuzini IMAGEM DA SEMANA À HORA DO FECHO www.savana.co.mz hg5 5 /./ ,)5 5hfgl5R5 5 5R5 o 1189 Diz-se... Diz-se Naíta Ussene Aabertura da IV sessão da Assembleia da República foi marcada, uma vez mais, por troca de acusa- ções entre as bancadas da Frelimo e da Renamo em torno das responsabilidades pelas acções armadas no país. As partes concordam na necessidade do restabelecimento da paz, mas divergem nos caminhos a seguir. A Renamo exige a reposição daquilo que apelida de “verdade eleitoral”, governando as seis províncias, mas o partido no poder pede o respeito pela Constituição. * - ,5 )5 *)(.)5 -) , 5 5 !)0 ,( - éã)5 -5 - #-5 *,)0ù( # -5 , #0#( # -5 * & 5 ( ')5 -. ,5 ( 5' - 5 -5 ( - !) # éċ -65 0)( 5 ), -5 (.,)/5)5- /5 #- /,-)5 5 ,./, 5( -. 5*)(.)5+/ 5 , #. 5- ,5 -- ( # &5* , 5)5, !, --)5 5* 48 ) , -5 #45 - ,5 )(- (-/ &5 (., 5 -5 * ,. -5 +/ 5 5 * 45 ()5 * ù-5 ï5 /,! (. 65 *),ï'5* , 5- 5 " ! ,5 5 -. 5) $ .#0)5 ï5*, #-)5+/ 5- 5, -* #. 5)5 - $)5 )5 *)0)5 +/ 5 * -- 5 * & 5 !)0 ,( éã)5 -5 - #-5*,)0ù( # -85 ^ / , ')-5+/ 5)5*)0)5')é ' # ()5 . (" 5 #, #.)5 5 - )&" ,5)-5- /-5 #,#- ! 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A empresa, já com algum domínio do mercado nacional e com 35 anos de actividade como seguradora em todo o mundo, faz um balanço positivo do crescimento alcançado ao longo desta década e meia e está convicta de que o futuro ainda aguarda muitas oportunidades de desenvolvimento. Henri Mittermayer, o Director Executivo da Hollard Moçambique e membro fundador, coloca em retrospectiva o percurso da seguradora desde a sua inauguração em 2001: “Na altura, éramos uma equipa de quatro, mas rapidamente chegámos aos quinze trabalhadores num período de apenas um ano. Em 2008 mudámo-nos para o nosHollard confiante no Futuro de Moçambique so actual edifício e agora empregamos mais de 70 pessoas.” Mittermayer focalizou igualmente a estratégia da seguradora no crescimento sustentado a longo prazo, ao invés da busca de ganhos imediatos, e da introdução de novos produtos no mercado moçambicano. “O compromisso de longo prazo da Hollard para com um crescimento sustentável da economia Moçambicana em geral, e do sector segurador em particular, está baseado no desenvolvimento consistente de novos produtos”. Dos novos produtos desenvolvidos pela seguradora enumeram-se três, que tem sido divulgadas pela seguradora , como o seguro agrícola que reembolsa agricultores caso as suas plantações sofram com a seca, o seguro de saúde internacional, desenvolvido em parceria com a Cigna, que promete revolucionar os seguros de saúde em Moçambique e a criação de uma área focada em benefícios para os trabalhadores. Encorajados pelos sucessos alcan- çados e pelas relações profissionais duradouras que estabeleceram, a Hollard continua a apostar em força no mercado moçambicano e perspectiva continuar a crescer. “Acreditamos que o nosso desenvolvimento foi excepcional e o potencial de continuarmos a desenvolver é tão emocionante que realmente estamos de olhos postos no futuro”, diz Henri. O Grupo Hollard foi fundado em 1980 pelo sul-africano Robert Enthoven e está especializada em seguros e é a maior seguradora independente da África do Sul. Actualmente está presente em vários países na Namíbia, Moçambique, Botswana, Austrália, Índia, Paquistão, China e Reino Unido. Moçambique exporta, por mês, cerca de quatro mil toneladas de ração para ruminantes, nomeadamente bovinos, caprinos, ovinos, entre outros, produzida pela CIM-Companhia Industrial da Matola, cuja capacidade de produção instalada é de 10 mil toneladas mensais. Para garantir o contínuo fornecimento de rações com alto patrão de qualidade, aos produtores agro-pecuários, sobretudo avicultores, dos mercados Indústria nacional exporta para países vizinhos Companhia Industrial da Matola, no decurso da cerimónia de lançamento da nova marca. Para além de rações, conforme realçou Alfredo Lopes, a marca FEPRO oferece serviços de assistência veterinária aos seus clientes farmeiros, como forma de dar suporte ao seu negócio e, deste modo, promover a produção animal no País. “Vamos, em breve, estabelecer uma parceria estratégica com a MSD, uma instituição internacional que oferece uma ampla variedade de medicamentos e produtos de uso veterinário, para disponibilizar vacinas, pois queremos que a taxa de conversão do pinto do dia para o frango seja feita o mais rápido possível”, disse, acrescentando que, para este efeito, a companhia conta com uma equipa interna especializada, composta por veterinários e nutricionistas, que em tempo real faz a formulação da ração de acordo com as necessidades do cliente. No mercado nacional, existe maior procura por rações para monogástricos (aves, coelhos, patos e porcos), especialmente para frangos de corte e galinhas poedeiras, pois a avicultura nacional encontra-se bem estabelecida. Para o chefe dos Serviços Provinciais de Pecuária de Maputo, Danilo Latif, a FEPRO vai acrescer valor na área da avicultura ao nível da província. “O lançamento desta nova marca de rações vai galvanizar, de certa forma, o desenvolvimento do sector ao nível da província de Maputo, e não só”, realçou. Acrescentou existir uma grande procura de insumos avícolas, constituindo as rações um dos constrangimentos nesta área, porque grande parte da maté- ria-prima utilizada na sua produção tem que ser importada e, neste caso, temos a CIM que produz e alimenta os mercados nacional e sul-africano. nacional e sul-africano, a divisão Agro-Soluções da CIM lançou, sexta-feira última, em Maputo, uma nova marca denominada FEPRO, através da qual a companhia pretende competir nos mercados nacional e regional. A nova marca abrange rações para quase todas as espécies de animais, nomeadamente monogástricos (aves, coelhos, patos e porcos) e ruminantes (bois, ovelhas e cabritos). “A nossa intenção é oferecer produtos e serviços tecnicamente superiores em todos os tipos de rações, para os vários estágios de crescimento dos animais”, assegurou Alfredo Lopes, director-geral da Savana 21-10-2016 EVENTOS 2 A Eni East Africa S.p.A. convida as empresas interessadas a submeterem a sua Manifestação de Interesse para Serviços de Catering em Moçambique a serem realizados para as actividades da eni east africa em Moçambique. O Âmbito do trabalho consiste na prestação de serviços de catering em Moçambique. As empresas interessadas podem apresentar a sua Manifestação de Interesse, devidamente assinada pela pessoa autorizada (junto com as procurações reconhecidas ou outra prova da autoridade de tal pessoa autorizada), juntamente com a lista de informação e documentação abaixo exigida, incluindo evidências de: 1. Possuir experiência na prestação de serviços de Catering; 2. Possuir padrões de higiene em conformidade com as normas e directrizes nacionais e internacionais; 3RVVXLUXPSODQRGHVWLQDGRDLGHQWLÀFDUHFRQWURODURVULVFRV DÀPGHHVWDEHOHFHUHPDQWHUDVHJXUDQoDGRVDOLPHQWRVGHDFRUdo com o sistema HACCP, (“Hazard Analysis and Critical Control Points”); 3RVVXLU FHUWLÀFDo}HVGR 6LVWHPDGH*HVWmRGH4XDOLGDGH RX 6LVWHPDGH*HVWmRGH4XDOLGDGHHPFRQIRUPLGDGHFRPSDGU}HV locais ou internacionais de qualidade; 5. De que todos os manuseiadores de alimentos possuem o cerWLÀFDGRPpGLFRDGHTXDGRHSRVVXHPFHUWLÀFDo}HVRXHYLGrQFLDV de terem sido devidamente treinados, de acordo com o seu nível de responsabilidade; 6. De que os alimentos possuem o valor nutricional adequado; 0HQXFODUDPHQWHGLYHUVLÀFDGRWHQGRHPFRQWDRVDVSHFWRVUHligiosos (por exemplo, halal, kosher); (VWUXWXUDGD(PSUHVDHGR*UXSR FRQWHQGRDOLVWDGRVSULQFLSDLVDFFLRQLVWDVHGRVEHQHÀFLiULRVÀQDLV QmRDSOLFiYHODHPSUHsas cotadas na bolsa de valores); 9. Cópia digitalizada e autenticada da Certidão de Registo Comercial, nome da Entidade Legal e pessoa de contacto para receEHULQIRUPDomRFRPHUFLDOHVREUHDTXDOLÀFDomR %DODQoRVÀQDQFHLUDV GRV~OWLPRVWUrVDQRV SURYDQGRFDSDFLGDGHÀQDQFHLUDPtQLPDSDUDDUHDOL]DomRGRWUDEDOKRUHTXHULdo. O website para o registo das candidaturas (Mozambique AppliFDWLRQ HVWiGLVSRQtYHODWUDYpVGRVHJXLQWHOLQN KWWSV HSURFXUHPHQW HQL LW LQWBHQJ 6XSSOLHUV 4XDOLÀFDWLRQ Mozambique-Application (para as candidaturas em Inglês) https://eprocurement.eni.it/int_ita/Fornitori/Qualifica/Autocandidatura-Mozambico (para as candidaturas em Português/ Italiano) IMPORTANTE: As candidaturas deverão fazer referência ao seguinte código de produto/serviços: SS11AA06: ONSHORE CATERING SERVICES (Para as candidaturas em Inglês) ou SS11AA06: SERVIZIO DI CATERING A TERRA (Para as candidaturas em Português/Italiano) 'HQWURGDSiJLQDGDFDQGLGDWXUD QDVHFomR´2EMHFWRIWKH$SSOLFDWLRQµRFDPSR´2ULJLQRILQYLWDWLRQµGHYHVHUSUHHQFKLGRGD seguinte forma: “Catering Services in Mozambique”. PEDIDO DE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE SERVIÇOS DE CATERING EM MOÇAMBIQUE PARA AS ACTIVIDADES DA ENI EAST AFRICA S.p.A. NA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE Sujeito à submissão da Manifestação de Interesse e ao cumprimento com toda a documentação acima indicada, as empresas interessadas nesta MdI poderão receber da Unidade de Fornecedores & Conformidade da Eni East Africa o Pacote GH4XDOLÀFDomR 2VFDQGLGDWRVTXHMiHVWmRTXDOLÀFDGRVSHOD(QL(DVW$IULFD e/ou Eni SpA para o código de produto/serviços acima indicado e interessados em participar no concurso, por favor resSRQGDPDHVWHDQ~QFLRS~EOLFRIRUQHFHQGR SDUDRHQGHUHoR de e-mail: eea.procurement@eni.com DFDUWDGHTXDOLÀFDomR a carta de manifestação de interesse (EOI letter) e os detalhes de contacto da pessoa representante da sua organização. $(QL(DVW$IULFDIDUiXPDDYDOLDomRGDGRFXPHQWDomRDFLPD VROLFLWDGDH FDVRRUHVXOWDGRGDDYDOLDomRVHMDVDWLVIDWyULR LUi incluir o candidato na sua Lista de Fornecedores com vista a considerar a empresa em futuros processos de concurso relacionados com as actividades em questão. 6RPHQWHHPSUHVDVTXDOLÀFDGDV FRQVyUFLRVRXJoint Ventures que tenham capacidade comprovada e experiência recente na prestação dos serviços acima solicitados serão considerados para potencias concursos no âmbito do serviço acima descrito. A solicitação de informação e documentação tem como obMHFWLYRLQLFLDUXPD´DYDOLDomRSDUDTXDOLÀFDomRµHGDUXPD oportunidade às empresas seleccionadas de fornecer detalhes da sua estrutura legal, gestão, experiência, recursos e sua capacidade global para executar o serviço. $(QL(DVW$IULFDGHYHFHUWLÀFDUVHFDGDXPDGDVHPSUHVDV VHOHFFLRQDGDVQDIDVHÀQDOSRVVXLUHFXUVRV JHVWmRHWRWDOFDpacidade para agir como uma entidade legal singular (empresa), de forma a atingir as metas exigidas de qualidade, VD~GH VHJXUDQoDHDPELHQWH +6( SDGU}HVHSURJUDPDV Todas as respostas deverão ser suportadas pelos relatórios, organigramas da empresa, organigramas de recursos e qualTXHU RXWUDLQIRUPDomR TXH D HPSUHVD FRQVLGHUH QHFHVViULD para fundamentar as suas respostas individuais e fornecer à (QL(DVW$IULFDDFRQÀDQoDQHFHVViULDHPUHODomRjVFDSDFLGDdes e experiência da empresa. (VWHLQTXpULWRQmRGHYHUiVHUFRQVLGHUDGRXPFRQYLWHSDUD concurso e portanto, não representa nem constitui nenhuma promessa, obrigação ou compromisso de qualquer tipo da parte da Eni East Africa em celebrar contratos ou acordos com TXDOTXHUHPSUHVDTXHSDUWLFLSHGRSUHVHQWHSUp LQTXpULWR Consequentemente, todos os dados e informações fornecidos pela empresa não deverão ser considerados como um compromisso por parte da Eni East Africa em celebrar um conWUDWRRXDFRUGRFRPDHPSUHVD QHPGHYHUiSRVVLELOLWDUTXH a empresa reivindique qualquer indeminização da parte da Eni East Africa. Todos os dados e informações fornecidos no âmbito deste inTXpULWRVHUmRWUDWDGRVFRPRHVWULWDPHQWHFRQÀGHQFLDLVHQmR serão divulgados ou comunicados a pessoas ou empresas não autorizadas, com excepção da Eni East Africa. O prazo para a submissão da Manifestação de Interesse atraYpV GR QRVVR ZHEVLWH WHUPLQD QR GLD 04 de Novembro de 2016. 4XDLVTXHUFXVWRVLQFRUULGRVSHODVHPSUHVDVLQWHUHVVDGDVQD preparação da Manifestação de Interesse serão da total responsabilidade das empresas, as quais não terão direito a qualquer reembolso por parte da Eni East Africa a este respeito. PUBLICIDADE Savana 21-10-2016 EVENTOS 3 PUBLICIDADE Eni East Africa S.p.A. invites interested companies to submit expressions of interest for the Catering service in Mozambique to be carried out for Eni East Africa’s activities in the Republic of Mozambique. Scope of the work is Catering services in Mozambique Companies interested in this invitation may submit their Expression of Interest duly signed by the authorized person (together with notarized powers of attorney or other evidence of authority of such authorized person) along with the following mandatory information and documentation providing evidence of: 1. Having evincible experience in Catering services; 2. Having the highest applicable standards compliant with local and international hygiene regulations and guidelines. 3. Having a plan designed to identify and control hazards in order to establish and maintain food safety according the HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Point). +DYLQJ 4XDOLW\ 0DQDJHPHQW 6\VWHP FHUWLÀFDWLRQV DQG RU4XDOLW\0DQDJHPHQW6\VWHPFRPSOLDQWZLWKORFDO RULQWHUQDWLRQDO4XDOLW\6WDQGDUGV $OOIRRGKDQGOHUVKDYHWKHDSSURSULDWHPHGLFDOFHUWLÀ- FDWHDQGKDYHWKHFHUWLÀFDWLRQRUHYLGHQFHRIEHLQJDSSURpriately trained according to their level of responsibility. 6. Food containing appropriate nutritional value. $ZHOO GLYHUVLÀHGPHQXWKDWWDNHVLQWRDFFRXQWWKHUHOLgious aspects (e.g. halal, kosher). 8. Company and group structure with the list of major VKDUHKROGHUVDQGXOWLPDWHEHQHÀFLDULHV LIQRWOLVWHGLQWKH stock exchange); 6FDQQHGFHUWLÀHGFRS\RIWKHWUDGHUHJLVWHU OHJDOHQWLW\ QDPH DQG FRQWDFWSHUVRQ IRU UHFHLYLQJTXDOLÀFDWLRQ DQG commercial information; 10. Financial balance sheets (last year)/Annual Report SURYLQJPLQLPXPÀQDQFLDOFDSDFLW\IRUWKHUHDOL]DWLRQRI the scope of work. The registration website (Mozambique Application) is available to the following URL: KWWSV HSURFXUHPHQW HQL LW LQWBHQJ 6XSSOLHUV 4XDOLÀ- cation/Mozambique-Application (for application in English) KWWSV HSURFXUHPHQW HQL LW LQWBLWD )RUQLWRUL 4XDOLÀFD Autocandidatura-Mozambico (for application in Portuguese/Italian) IMPORTANT: The submission must refer to the following commodity code (for application in English): SS11AA06: ONSHORE CATERING SERVICES The submission must refer to the following commodity code (for application in Portuguese/Italian): SS11AA06 SERVIZIO DI CATERING A TERRA :LWKLQWKHZHEVLWHDSSOLFDWLRQ XQGHUWKHVHFWLRQ´2EMHFW RIWKH$SSOLFDWLRQµ WKHDUHD´2ULJLQRILQYLWDWLRQµVKDOOEH FRPSOHWHGDVIROORZV ´&DWHULQJ6HUYLFHVLQ0R]DPELTXH REQUEST FOR EXPRESSION OF INTEREST CATERING SERVICES IN MOZAMBIQUE FOR ENI EAST AFRICA SpA ACTIVITIES IN THE REPUBLIC OF MOZAMBIQUE Subject to the submission and compliance of all the above documentation, companies interested in this Expression of ,QWHUHVWPD\UHFHLYHIURPWKHDERYHHPDLODGGUHVVWKH4XDOLÀFDWLRQ3DFNDJH 7KHFDQGLGDWHVWKDWDUHDOUHDG\TXDOLÀHGE\(QL(DVW$IULFD and /or Eni Spa for the commodity code above mentioned, and interested to participate in the tender, please reply to this public announcement providing (to the e-mail address: eea.procurement@eni.com WKHTXDOLÀFDWLRQOHWWHU (2,OHWter and the contact details of the person of your organization to be contacted. Eni East Africa will evaluate the above requested documenWDWLRQDQG LIVDWLVÀHG DVDUHVXOWRILWVFDUHIXOHYDOXDWLRQ will include the applicant in its Vendor List for consideration in future tender processes regarding the subject activities. 2QO\TXDOLÀHGFRPSDQLHVRUFRQVRUWLDRU-9WKDWKDYHSURven capability and recent experience of supplying the above required services will be considered for potential tenders for the scope of service described above. The purpose of the information and documents request is to VWDUWD´TXDOLÀFDWLRQDVVHVVPHQWµDQGWRJLYHDQRSSRUWXQLty to the selected companies to provide details of their legal structure, management, experience, resources and overall capability to perform the service. (QL(DVW$IULFDZLOOHYDOXDWHWKDWHDFKRIWKHÀQDOVHOHFWHG companies have the resources, management and all the capability to act as a single legal entity (company) in order to achieve the required targets of quality, HSE, standards and programme. All responses are to be supported by such narrative, organisation charts, resource charts and other information which the company considers necessary to substantiate the individual responses and provide Eni East Africa with the requiUHGFRQÀGHQFHLQWKHFRPSDQ\·VFDSDELOLWLHVDQGH[SHULHQces. This enquiry shall not be considered an invitation to bid and therefore it does not represent or constitute any promise, obligation or commitment of any kind on the part of Eni East Africa, to enter into any agreement or arrangement with you or with any company participating in this pre-enquiry. Consequently all data and information provided by you shall not be construed as a commitment on the part of Eni East Africa to enter into any agreement or arrangement with you, nor shall they entitle your company to claim any indemnity from Eni East Africa. All data and information provided pursuant to this enquiry ZLOOEHWUHDWHGDVVWULFWO\FRQÀGHQWLDODQGZLOOQRWEHGLVFORsed or communicated to non-authorized persons or companies except Eni East Africa. The deadline for receipt of Expression of Interest by the email address indicated above is set at 04th November 2016. Any cost incurred by interested companies in preparing the Expression of Interest shall be fully born by companies who shall have no recourse to Eni East Africa in this respect. Savana 21-10-2016 EVENTOS 4 Faça a diferença Candidate-se a uma Bolsa de Estudo na Austrália O governo australiano oferce bolsas de estudo de desenvolvimento de prestígio aos professionais Moçambicanos. Através dos estudos e de experiências práticas, os bolseiros irão adquirir competências e conhecimentos úteis para o desenvolvimento económico e social do país. „ „ Para mais informação vá a: www.australiaawardsafrica.org Prémios Austrália Bolsas do estudo Australia Awards (Ingresso 2018): Estudos ao nível de Mestrado numa universidade australiana. Candidatura até 15 de dezembro de 2016 Cursos de Curta Duração Australia Awards (2017-2018): Destinados ao desenvolvimento professional em setores especializados a ter lugar, tanto em África como na Austrália. Candidatura até 15 de janeiro de 2017 Os setores prioritários incluem: Agricultura, Indústria Extrativa e Políticas Públicas. Para mais informação consulte a página de internet dos Australia Awards: www.australiawardsafrica.org O processo de candidature é aberto e competitive, permitindo igualdade de oportunidades, independentemente do género, etnia ou deficiência. O governo australiano encoraja as candidaturas de mulheres e de pessoas portadores de deficiência. No local há mecanismos para apoiar a participação dos candidatos e bolseiros a necessitar de assistência específica. Os candidatos devem possuir o mínimo de: Licenciatura ou equivalente no caso de qualificações internacionais; 25 anos de idade; e dois anos experiência do trabalho. Convida-se a todos os interessados e potenciais candidatos a participar numa sessão de esclarecimentos sobre o preenchimento do formulário de candidature, a ter lugar na Quarta-feira dia 2 de Novembro de 2016 a partir das 14 horas no Hotel Avenida, Maputo. ARRENDA-SE A Associação Internacional de Estudantes em Ciências Económicas e Empresariais – AIESEC formou e capacitou, nestes sete anos de existência em Mo- çambique, mais de mil membros para o mercado de trabalho nacional e internacional. Esta revelação foi feita sábado passado por Edwina Ferro, presidente desta associação, à margem da gala que visava proporcionar aos parceiros uma oportunidade de interagir com os membros da AIESEC, um evento inserido na Conferência Nacional de Capacitação do Capital Humano. Fazendo o balanço das actividades realizadas ao longo dos sete anos da AIESEC no País, Edwina Ferro destacou o programa de estágios, que já beneficiou 500 estudantes moçambicanos e estrangeiros. Segundo a presidente da AIESEC, “foram ao todo 500 oportunidades de intercâmbio e estágios internacionais que cri- ámos para estudantes moçambicanos no exterior e do estrangeiro dentro do nosso País”. “Sobre os resultados desta iniciativa em particular, devo afirmar que enquanto uns se encontram a trabalhar em grandes empresas e de renome nacional e internacional, outros conseguiram levar avante o espírito empreendedor estimulado por este programa”, explicou. Mas apesar de fazer um balanço positivo e repleto de realizações, Edwina Ferro falou também de desafios que se impõem a esta AIESEC capacita mil membros 8PDÁDWSDUD escritórios tipo 4, localizada no Bairro da Polana na Av. (PtOLD'D~Vse, Praceta dos Dadores de Sangue, n° 60 1°andar. Contacto: 84-8107460 agremiação para os próximos anos, destacando a necessidade de tornar mais abrangentes as oportunidades que são dadas aos seus membros. “Pretendemos expandir a associação para as restantes províncias do País, na medida em que estamos representados apenas em Maputo, Gaza, Sofala e Nampula, para desta forma continuarmos a oferecer mais oportunidades práticas que tornam os jovens moçambicanos diferentes perante o mercado de trabalho”, manifestou. Importa realçar que, em sete anos de existência em Moçambique, a AIESEC conta actualmente com 35 parceiros, 15 dos quais apoiam directamente o organismo e os restantes através da oferta de estágios para os membros desta associação. Savana 21-10-2016 EVENTOS 5 DIVULGAÇÃO BANCADA PARLAMENTAR Intervenção de Sua Excelência Margarida Adamugi Talapa Chefe da Bancada Parlamentar da FRELIMO Membro da Comissão Permanente da Assembleia da República Proferido por Ocasião da Sessão Solene de Abertura da IV Sessão Ordinária da Assembleia da República da VIII Legislatura Senhora Presidente da Assembleia da República, Senhor Primeiro - Ministro, Distintas Autoridades Civis, Judiciais, Diplomáticas, Militares e Religiosas Respeitados Pares, Excelências, Minhas Senhoras, Meus Senhores, +iWULQWDDQRV XP7RSXOHY FRQGX]LGRSHODWHFQRORJLDGR$SDUWKHLG era travado pelas montanhas de Mbuzini, quando era esperado em Maputo. 2$SDUWKHLGSHQVRXTXHSRGLDFDODUDTXHODYR]FRPEDWHQWHHÀUPH ou que podia travar a marcha da liberdade. Não! SAMORA MOISÉS MACHEL, o nosso Herói, o Marechal, o nosso 3UHVLGHQWH RPDLVGHVWDFDGRHHVSHFLDOÀOKRGH0RoDPELTXH PHVPR ausente, não se calou, continua vivo em cada um de nós, inspirando- -nos. Hoje, 19 de Outubro de 2016, os moçambicanos, unidos do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico, cantam a grandiosa obra de Samora Machel FHOHEUDQGRDYLGDLQFDQViYHOGRJXHUULOKHLURHFRPDQGDQte proclamador da Independência Nacional, o fundador do Estado 0RoDPELFDQR R3DLGD1DomR RGHVWDFiYHOÀOKRGHÉIULFD $FRQWHFHX KiSUHFLVDPHQWH DQRV TXDQGR6DPRUD UHJUHVVDYDGH mais uma missão da liberdade, da paz e da diplomacia. Crianças, jovens e velhos, homens e mulheres, choraram revoltosos, HVWDSDUWLGDGR+RPHPGR3RYR HVWHWHQD]PLVVLRQiULRGDVROLGDULHdade, da emancipação da mulher e dos povos oprimidos, do desenvolvimento. Samora, continuador de Mondlane, com o seu porte, o seu dedo em riste, a sua voz e pensamento intemporais “vive em cada um de nós”. Excelências, Honramos Samora Machel quando nos empenhamos na causa que o levou à morte: a busca incessante da paz, paz nas famílias, no País, na região, no continente e no mundo. Celebramos a obra e os ideais de Machel quando trabalhamos em prol da Unidade Nacional e na criação de condições para que em Moçambique brilhe a estrela do Progresso e do bem-estar. ,QGHSHQGHQWHPHQWHGDVFRQYLFo}HVUHOLJLRVDV ÀORVyÀFDVRXSDUWLGirias, sem distinção da etnia, cor, raça ou local de nascimento, os mo- çambicanos devem juntar as vozes, para proclamar que todos os dias são 4 de Outubro, são dias da Paz e da Reconciliação Nacional. Crianças, homens e mulheres clamam pelo calar das armas que cauVDPGRUHOXWR HGHVWURHPEHQVS~EOLFRVHSULYDGRV -XQWDPR QRVjVRUDo}HV DRVFkQWLFRVHjVPHQVDJHQVSHORÀPGDVDF- ções que destroem vidas, bens e esperança. Homens, mulheres e dirigentes da Renamo, basta de sangue, basta de saques! Uma saudação muito especial a Sua Excelência FILIPE JACINTO NYUSI. A perseverança, paciência, a tolerância e inclusão, fazem de si Presidente de todos os mooDPELFDQRV TXH EXVFD GHWHUPLQDGR D 3D] HIHFWLYD FRQVWUXtGD SHOR GLiORJR SHUPDQHQWH IUDQFR DEHUWRHVHPSUp FRQGLo}HV FRP WRGDVDV IRUoDVYLYDVGDVRFLHGDGH LQFOXLQGRRV partidos políticos e suas lideranças. Testemunhamos que “tudo [está] a fazer para que, de uma vez para sempre, em Moçambique reine a concórdia, a reconciliação e uma paz efectiva e duradoira. Bem-haja, Presidente Nyusi! Nós, a FRELIMO, estamos consonantes consigo, Presidente NYUSI, quando diz: “a Paz, sim, mas não a qualquer preço. A tarifa da nossa Paz está na nossa Lei Mãe, a Constituição da República, e nas demais leis”. Daqui e agora voltamos a gitar: Homens, mulheres e dirigentes da Renamo, basta de sangue, basta de saques! (PSHQKHP VHQRURWHLURGDSD] VRERVDXVStFLRVGD&RPLVVmR0LVWDGR'LiORJRFRPDSUHsença dos mediadores propostos pela própria Renamo. Excelências, $)5(/,02GHIHQGHTXHD8QLGDGH1DFLRQDOpRSLODULQDEDOiYHOSDUDDFRQVROLGDomRGD moçambicanidade, da Paz e do rumo que trilhamos para o progresso e bem-estar. A consolidação da Unidade Nacional deve ser feita salvaguardando sempre o respeito pela diversiGDGHFXOWXUDO pWQLFD UHOLJLRVDHSROtWLFDTXHFDUDFWHUL]D0RoDPELTXH $)5(/,02FRQVLGHUDTXHVySHORGLiODJRVHFXOWLYDPRVYDORUHVGHFLGDGDQLD GHUHVSHLWR SHODGLIHUHQoD VROLGDULHGDGH FLYLVPR pWLFDVRFLDOHVHDSURIXQGDGDGHPRFUDFLD A FRELIMO liderou todas as transformações políticas, culturais, sociais e económicas que RFRUUHUDP QD YLGD GR QRVVR 3RYR QDV ~OWLPDV FLQFR GpFDGDV )RL D )5(/,02 TXH FULRX condições para a descentralização política e económica no nosso País, o que tem estado a ocorrer em respeito ao princípio de que a descentralização deve e pode ser aprofundada FRPDVDOYDJXDUGDGRVHQWLGRXQLWiULRGRQRVVR(VWDGR 5HDÀUPDPRVTXHD)5(/,02QmRWHPPHGRGDGHVFHQWUDOL]DomR GHVGHTXHHODVHMDIHLWD em respeito da Constituição e da Lei. Seja nos permitido, a este propósito, citar a visão de Sua Excelência o Presidente FILIPE JACINTO NYUSI, sobre o processo de descentralização em Moçambique e citamos: “sabe- Savana 21-10-2016 EVENTOS 6 DIVULGAÇÃO mos que os moçambicanos não partilham de nenhuma visão sectária em relação à economia, em relação às suas riquezas, em relação às suas conquistas e também em relação aos seus infortúnios. Devendo, naturalmente, servir as regiões onde as riquezas e os recursos de Moçambique estão localizados, ou de onde são colectados, eles devem também concorrer para melhorar a vida e o bem-estar dos moçambicanos de todo o País. A descentralização deverá, pois resolver a questão das desigualdades sociais, desequilíbrios e assimetrias regionais. A Descentralização deverá contribuir para a promoção da justiça social, para a criação de oportunidades iguais e para maior transparência na distribuição da riqueza.” ÀPGHFLWDomR Tendo esta visão em mente, devemos todos nós, lutar contra todas as manifesta- ções de divisão da família moçambicana, distanciando-nos daqueles que procuram dividir o nosso País recorrendo à força das armas ou a outras formas subversivas. Unidos, na nossa diversidade, somos muito mais fortes para superar quaisquer GHVDÀRVHSDUDQRVUHDÀUPDUPRVFRPRXPD1DomRSUyVSHUD Por isso, exortamos a todos os partidos políticos, às organizações da Sociedade &LYLOHVRFLRSURÀVVLRQDLV jVFRQÀVV}HVUHOLJLRVDVHjVIDPtOLDVPRoDPELFDQDVDOXWDUHPSHORUHIRUoRGD8QLGDGH1DFLRQDOHDSULYLOHJLDUHPRGLiORJRQDUHVROXomR GHTXDOTXHUTXHVHMDDGLIHUHQoDGHLGpLDVRXGHSRVLFLRQDPHQWRV Reiteramos o nosso apelo para que os colegas da Renamo aqui presentes, sejam, eles próprios, protagonistas do processo de busca de caminhos para uma Paz efectiva e duradoira em Moçambique, abstendo-se dos pronunciamentos violentos e de incentivo à desobediência à lei a que, infelizmente, nos habituaram, e convencendo RVHXOtGHUDDFHLWDURGLiORJRDTXH6XD([FHOrQFLDR3UHVLGHQWHFilipe Jacinto Nyusi RWHPFRQYLGDGRLQVLVWHQWHPHQWH DRORQJRGRV~OWLPRVGRLVDQRV Saudamos as Forças de Defesa e Segurança do nosso País, dignas continuadoras GRVLGHDLVGRV-RYHQVGR GH6HWHPEUR SHODVXDEUDYXUDHWHQDFLGDGHQDPDQXtenção da ordem e tranquilidade, na defesa e protecção dos cidadãos, na garantia da circulação de pessoas e bens em toda a extensão do território nacional e na salYDJXDUGDGR(VWDGRGH'LUHLWRH'HPRFUiWLFR Bem-haja, Forças de Defesa e Segurança! Senhora Presidente da Assembleia da República, Senhor Primeiro-Ministro, Excelências, Permitam-nos que, neste momento, saudemos os moçambicanos dispersos por todos os cantos deste nosso belo Moçambique, pelo seu contributo para a Paz e, acima de tudo, pela sua entrega total à causa do desenvolvimento, respondendo com YLJRU FRPGHWHUPLQDomRHFRPFRQYLFomRDRVDSHORVGR*RYHUQRGH0RoDPELTXH para elevar os níveis de produção e de produtividade, como seu contributo para ultrapassar a situação económica que o País atravessa. Permitam-nos que, de modo muito especial e com muito respeito, saudemos Sua Excelência FILIPE JACINTO NYUSI, 3UHVLGHQWH GD 5HS~EOLFD GH 0RoDPELTXH SHODFRUUHFWDHGHWHUPLQDGDOLGHUDQoDGRVPRoDPELFDQRVHGR*RYHUQRQHVWHJUDQGHGHVDÀR PHUFrGDVXDYLVmRFRUUHFWDHO~FLGD 1DVYLVLWDVSUHVLGHQFLDLV DWUDYpVGHPHQVDJHQV FkQWLFRVHGDQoDV R3RYR UHLWHURXDVXDFRQÀDQoDQDOLGHUDQoDGR3UHVLGHQWH1\XVL 3RUVHXWXUQR R3UHVLGHQWH transmitiu uma mensagem de Paz e de Desenvolvimento, reiterando que em Paz os moçambicanos podem fazer muito mais para construir o seu bem-estar e que a VROXomRSDUDVXSHUDURVQRVVRVSUREOHPDVHVWiQRWUDEDOKRiUGXRHQRDXPHQWRGD SURGXomR HPWRGDVDViUHDV Presidente Nyusi, o Povo está Consigo! Com mestria, Sua Excelência o Presidente Nyusi tem promovido e mantido uma excelente comunicação com os parceiros de cooperação e com as instituições de %UHWWRQ:RRGV SDUDTXHVHHVFODUHoDPRVFRQWRUQRVGDGtYLGDS~EOLFD FRPRREMHFWLYRGHUHVWDXUDURVQLYHtVGHFRQÀDQoDGRQRVVR3DtVHIRUWLÀFDUDGLSORPDFLD económica. 6DXGDPRV R IDFWRGH R*RYHUQRGH0RoDPELTXH OLGHUDGRSRU 6XD([FHOrQFLD R Presidente Filipe Nyusi ter aceite a realização de uma auditoria internacional para RHVFODUHFLPHQWRGDGtYLGD DSDUGRWUDEDOKRTXHHVWiVHQGRUHDOL]DGRSHOD3URFXUDGRULD *HUDOGD5HS~EOLFDHSHOD&RPLVVmR3DUODPHQWDUGH,QTXpULWR RTXHPRVWUDTXHD)5(/,02HVWiFRPSURPHWLGDFRPDWUDQVSDUrQFLD 4XHUHPRV DLQGD FRQJUDWXODU6XD([FHOrQFLDR3UHVLGHQWH1\XVL SHODRXWRUJDGR 3UpPLRGH0pULWRQD&RQVHUYDomRGR$PELHQWHSHOD,&&) QRV(VWDGRV8QLGRV HP reconhecimento do seu papel na promoção e defesa do Meio-Ambiente, um aspecWRLPSRUWDQWHGRGHVHQYROYLPHQWRVXVWHQWiYHOGR3DtV PARABÉNS, CAMARADA PRESIDENTE! $R*RYHUQRGH0RoDPELTXH DTXLUHSUHVHQWDGRSRU6XD([FHOrQFLD&DUORV$JRVWLQKRGR5RViULR 3ULPHLUR 0LQLVWUR HQGHUHoDPRV XPD YLJRURVD VDXGDomR SHORV esforços para a estabilização da economia e da moeda nacional, pelo seu desempenho em todas as frentes de produção, mesmo diante de muitos factores adversos, incluindo a prolongada seca e estiagem, a crise económica mundial e os constrangimentos resultantes da redução do ritmo de crescimento da economia do País. (QFRUDMDPRVR*RYHUQRDSURVVHJXLUHSHUVLVWLUQDEXVFDGDVPHOKRUHVHVWUDWpJLDV para a recuperação dos níveis de crescimento da economia do País, para aliviar o elevado custo de vida. Excelências, 1RSHUtRGRTXHQRVVHSDUDGD,,,6HVVmR2UGLQiULDGD$VVHPEOHLDGD5HS~EOLFD RVGHSXWDGRVHVWLYHUDPHQYROYLGRVQDVDFWLYLGDGHVGHDFRPSDQKDPHQWRHÀVcalização da acção governativa, com particular enfoque na implementação do Plano Económico e Social e na Execução do Orçamento do Estado para 2016. (QTXDGUDGRV QDV &RPLVV}HV GH WUDEDOKR QRV *DELQHWHV 3DUODPHQWDUHV H QRV Círculos Eleitorais, os deputados da minha Bancada, a Bancada da FRELIMO, LQWHUDJLUDPFRPDVHQWLGDGHVGR*RYHUQRHFRPDVSRSXODo}HV HIHFWXDUDPYLVLWDVDLQVWLWXLo}HVS~EOLFDVHSULYDGDV DGLYHUVDVXQLGDGHVVRFLDLVHHFRQyPLFDV SDUDYHULÀFDUHPLQORFRRLPSDFWRGDLPSOHPHQWDomRGDVSROtWLFDVS~EOLFDVHGR 3ODQR(FRQyPLFRH6RFLDOQDYLGDGR3RYR HDXVFXOWDUDPYiULDVVHQVLELOLGDGHV da nossa sociedade. )RLJUDWLÀFDQWHYHULÀFDUTXH DSHVDUGRVFRQVWUDQJLPHQWRVDTXHR3DtVWHPHVWDGRVXMHLWR RVPRoDPELFDQRV HQTXDGUDGRVHPYiULDVIUHQWHV HVWmRÀUPHVQD SURGXomR HTXHR*RYHUQRHVWiFRPSURPHWLGRFRPDLPSOHPHQWDomRGR3ODQR (FRQyPLFRH6RFLDO FRPGHVWDTXHSDUDDViUHDVVRFLDLV (GXFDomRH6D~GH D SURGXomRDJUiULD LQFOXLQGRDGLVSRQLELOL]DomRGHPDTXLQDULDDJUtFROD VHPHQtes melhoradas e outros insumos para a produção, a implantação de projectos, QRkPELWRGRV PLOK}HV RDEDVWHFLPHQWRGHiJXD DFRQVWUXomRHPHOKRUDPHQWR GDVYLDVGHDFHVVR DH[SDQVmRGDHQHUJLDHOpFWULFD VySDUDFLWDUDOJXQV A oportunidade que tivemos de interagir com os eleitores nos Círculos Eleitorais faz-nos acreditar que estamos preparados para, uma vez mais, colocar toda a nossa capacidade de trabalho para, em nome do Povo que representamos nesta Magna Casa, traduzirmos em leis apropriadas à realidade e ao contexto político, social e económico do País, os conselhos e ideias que nos foram transmitidos pelos moçambicanos. Apesar dos desenvolvimentos testemunhados no terreno, persiste no seio da sociedade grande preocupação em relação à instabilidade que se vive em alguns pontos do País, protagonizada pela Renamo que teima em não escutar a voz do Povo que clama pela Paz, e continua a matar, a saquear, a destruir infraestrutuUDV EHQVS~EOLFRVHSULYDGRV DRPHVPR WHPSRTXHHVWiQDPHVDGRGLiORJR O facto de esta força política armada ter elegido como seus alvos preferenciais DVXQLGDGHVVDQLWiULDVHSRVWRVSROLFLDLV SULYDDVSRSXODo}HVGRJR]RGRVVHXV GLUHLWRVj6D~GHHjSURWHFomR RTXH DFUHVFLGRDRVDVVDVVLQDWRVHPXWLODo}HVSHUSHWUDGDVFRQWUDFLYLVLQGHIHVRV LQFOXLQGROtGHUHVFRPXQLWiULRVHGLULJHQWHVGR (VWDGR FRQVXEVWDQFLDXPDÁDJUDQWHYLRODomRGRV'LUHLWRV+XPDQRVGRVQRVVRV concidadãos. 3DUD DOpP GHVWHV DFWRV D RFRUUrQFLD GH RXWURV FDVRV FULPLQDLV FRPR UDSWRV H homicídios, incluindo casos de baleamento ainda não esclarecidos, constituem uma grande preocupação no seio da sociedade, clamando por uma intervenção contundente, por parte das instituições de administração da justiça, na investigação, esclarecimento e responsabilização criminal dos seus autores materiais e morais. O assassinato do membro do Conselho de Estado e membro da delegação da ReQDPRQD&RPLVVmR0LVWDGR'LiORJR -HUHPLDV3RQGHFD pXPGRVFDVRVHPUHOD- ção ao qual a Bancada da FRELIMO insta as entidades competentes a esclarecer. À família do malogrado e à Renamo, as nossas sentidas condolências. 6HQKRUD3UHVLGHQWHGD$VVHPEOHLDGD5HS~EOLFD Respeitados Pares, Excelências, $SUHVHQWH6HVVmRLQLFLDFRPXPDDJHQGDTXHpXPYHUGDGHLURGHVDÀRjQRVVD capacidade de trabalho e inclui projectos legislativos e momentos importantes GHLQWHUDFomR FRP R([HFXWLYRH TXH WHUmR UHÁH[RGLUHFWRQD YLGDGRVQRVVRV compatriotas. Destaque vai para o debate e aprovação do Plano Económico e Social e do OroDPHQWRGR(VWDGRSDUD LQVWUXPHQWRGHSODQLÀFDomRLPSRUWDQWHSDUDTXH R*RYHUQR FRQWLQXH D RSHUDFLRQDOL]DU R VHX3URJUDPD4XLQTXHQDO aprovado por esta Magna Casa. Como sempre, os deputados da FRELIMO colocarão toda a sua capacidade e VHULHGDGHQDDQiOLVHHDSURYDomRGHVWHVLPSRUWDQWHVLQVWUXPHQWRVGHJRYHUQD- ção, cientes das suas responsabilidades para com o Povo e a criação de melhores condições de vida para os moçambicanos. Aguardamos com natural expectativa a informação a ser prestada pela ComisVmRGH,QTXpULWR3DUODPHQWDUSDUD$YHULJXDUD6LWXDomRGD'tYLGD3~EOLFDTXH GHYHUi WUD]HU LQIRUPDo}HV SDUD XPD PHOKRU FRPSUHHQVmR GHVWD TXHVWmR TXH constitui preocupação de todos os sectores da sociedade e dos parceiros de desenvolvimento de Moçambique. $V VHVV}HV GHGLFDGDV jV ,QIRUPDo}HV GR*RYHUQR H jV 3HUJXQWDV DR*RYHUQR serão, certamente, momentos de interacção particularmente importantes para D SDUWLOKD GHLQIRUPDo}HV VREUH DVVXQWRV HVSHFtÀFRV GHLQWHUHVVH GD YLGD GRV cidadãos, durante as quais as Bancadas terão a sublime oportunidade de colocar, em nome do Povo, os seus pontos de vista sobre o processo de governação, o GHVHPSHQKRGR([HFXWLYR RVSURJUHVVRVHRVGHVDÀRVQDFULDomRGREHP HVWDU das comunidades, nos diversos sectores. Savana 21-10-2016 EVENTOS 7 DIVULGAÇÃO 2PRPHQWRPDLVDOWRGDSUHVHQWH6HVVmRVHUi FHUWDPHQWH DDSUHVHQWDomRGD ,QIRUPDomR$QXDOGR&KHIHGH(VWDGRVREUHD6LWXDomR*HUDOGD1DomR RFDVLmR HPTXH DWUDYpVGRVGHSXWDGRVHHPREVHUYkQFLDGRVSUHFHLWRVFRQVWLWXFLRQDLV Sua Excelência o Presidente Filipe Jacinto Nyusi, na sua qualidade de Chefe GH (VWDGR LUi GLULJLU VH DR 3RYRPRoDPELFDQR LQIRUPDQGR VREUH RV GHVHQvolvimentos que se registam nos diversos sectores de actuação do Estado. Esta VHVVmRp QDWXUDOPHQWH DJXDUGDGDFRPJUDQGHH[SHFWDWLYD IDFHDRVGHVDÀRV que se colocam ao País. Em nome de todos os deputados da Bancada Parlamentar da FRELIMO, reitero a nossa prontidão e total disponibilidade para, com responsabilidade particiSDUPRVQRGHEDWHGHWRGDVDVPDWpULDVDJHQGDGDVSDUDDSUHVHQWH6HVVmR SULYLOHJLDQGRVHPSUHRGLiORJRFRQVWUXWLYRHDEXVFDGHFRQVHQVRV Excelências, Registamos, com apreço, a participação de Sua Excelência o Presidente FILIPE JACINTO NYUSIQD~OWLPDVHVVmRGD$VVHPEOHLD*HUDOGDV1Do}HV8QLGDV HP6HWHPEUR VREROHPD´2V2EMHFWLYRVGH'HVHQYROYLPHQWR6XVWHQWiYHO 8P Impulso Universal para Transformar o Nosso Mundo”. 1HVWHHYHQWRPXQGLDO R3UHVLGHQWH1\XVLIULVRXTXH´pQRVVDFRQYLFomRTXH a transformação do Mundo que se pretende com os Objectivos de DesenvolYLPHQWR6XVWHQWiYHOSUHVVXS}HXPDDOWHUDomRHVWUXWXUDOGRVSDGU}HVGHFRQcepção e implementação das nossas agendas nacionais de desenvolvimento de FXUWR PpGLRHORQJRSUD]RV µ 4XHUHPRVGHL[DUDTXLXPDVDXGDomRD6XD([FHOrQFLD(QJ $QWyQLR*XWHUUHV SHODVXDHOHLomRSDUDRFDUJRGH6HFUHWiULR *HUDOGDV1Do}HV8QLGDV DXJXUDQdo-lhe sucessos nesta nova missão. Congratulamos Sua Excelência JOAQUIM ALBERTO CHISSANO, antigo 3UHVLGHQWHGD5HS~EOLFDGH0RoDPELTXHH3UHVLGHQWH+RQRUiULRGD)5(/,02 SHODUHFHQWHRXWRUJDGR*UDQGH&RODUGD2UGHPGH7LPRU /HVWH HPUHFRQKHcimento do papel do Povo moçambicano e do empenho pessoal do camarada Presidente Chissano na luta pela libertação do Povo timorense. Parabéns Povo moçambicano! Parabéns Presidente Chissano! &RQWLQXDPRVDDFRPSDQKDUFRPSUHRFXSDomRRVFRQÁLWRVTXH HPYiULRVSRQWRVGHÉIULFD (XURSDHQR0pGLR2ULHQWHFRQWLQXDPDFHLIDUYLGDVKXPDQDV e a provocar instabilidade nos países, fazendo milhares de deslocados e refuJLDGRV $SHODPRVDWRGRVRVHQYROYLGRVSDUDTXHVHHQFRQWUHUiSLGDVROXomR GHVWHVFRQÁLWRV GHPRGRTXHVHUHVWDEHOHoDDSD] DVHJXUDQoDHWUDQTXLOLGDGH a nível mundial. 4XHUHPRV LJXDOPHQWH PDQLIHVWDUDQRVVDVROLGDULHGDGHDRVSDtVHVDWLQJLGRV por fenómenos naturais extremos, com destaque para as chuvas intensas que provocaram a morte de centenas de pessoas no Haiti. Senhora Presidente da Assembleia da República, Respeitados pares, Excelências, $)5(/,02pR3DUWLGRGDVWUDQVIRUPDo}HVTXHFRQFUHWL]DDVXDOLQKDSROtWLFD com base na vontade do Povo. Atenta às transformações que ocorrem na sociedade moçambicana e às aspirações do Povo, e cumprindo com o preconizado QRVVHXV(VWDWXWRV D)5(/,02HVWiHQYROYLGDQRVSUHSDUDWLYRVSDUDDUHDOLzação do seu 11º Congresso, convocado para os dias 26 de Setembro a 02 de Outubro de 2017. &RPRFRUROiULRGRWUDEDOKRLQLFLDGRQDVVXDV&pOXODVHTXHDEUDQJHX VXFHVsivamente, os Círculos, Zonas, Distritos e Províncias, a FRELIMO realizou, de D GH2XWXEUR D &RQIHUrQFLD1DFLRQDOGH4XDGURV GXUDQWHDTXDOH VREROHPD´8QLGDGH 3D]H'HVHQYROYLPHQWRµ FHUFDGHWUrVPLOGHOHJDGRVH convidados se empenharam no estudo e enriquecimento do Projecto de Teses ao 11º Congresso. Naquilo que se constituiu num verdadeiro momento de festa do reencontro da grande família FRELIMO, os quadros e militantes debateram com profundidade, abertura e frontalidade, questões importantes da vida do Partido e do País, o que resultou na formulação de cinco teses, nomeadamente: Tese 1: Unidade Nacional, Paz, Democracia e Reconciliação Nacional Tese 2: Organização e Funcionamento do Partido FRELIMO Tese 3: Desenvolvimento Económico e Social Tese 4 (VWDGR 'HVFHQWUDOL]DomRHeWLFD*RYHUQDWLYD Tese 5: Cooperação Regional e Internacional 1DVXD 6HVVmR([WUDRUGLQiULD R&RPLWp&HQWUDOGR3DUWLGR DSURYRXHVWDV cinco Teses e procedeu à revisão das Directivas para as Eleições Internas e de Delegados ao Congresso e respectivo Código de Conduta, criando as condições para que o processo de preparação do Congresso possa prosseguir, em simultâ- neo com a eleição dos Órgãos do Partido e dos delegados nos diversos escalões. (VWHVHUiPDLVXPPRPHQWRGHH[HUFtFLRGDGHPRFUDFLDLQWHUQD XPGRVSULQFtSLRVTXHJXLDPRIXQFLRQDPHQWRGD)5(/,02 GHVGHDVXDIXQGDomR 4XDQWRV outros partidos realizam Congressos e eleições internas, em Moçambique? 6yD)5(/,02 (VWDpD)5(/,02GH0RQGODQH GH6DPRUD GH&KLVVDQR GH *XHEX]DH KRMH GH1\XVL Caros compatriotas, “A Vitória Prepara-se; a Vitória Organiza-se”! Exortamos a todos os quadros, militantes e simpatizantes da FRELIMO, e o Povo em geral, a participarem activamente no debate das Teses, dando as suas contribuições para que do 11º Congresso saiam as linhas centrais que deverão orientar RGHVHQYROYLPHQWRGR3DtVHD*RYHUQDomRGD)5(/,02QRVSUy[LPRVDQRV HP resposta às grandes questões nacionais e às expectativas do Povo moçambicano. Senhora Presidente da Assembleia da República, Excelências, Excelências, Assinalou-se, no passado dia 12 de Outubro, o Dia do Professor, data em que o País inteiro homenageia os homens e mulheres que se dedicam a transmitir conhecimento e valores às crianças, aos jovens e adultos que lhes abrem o acesso à FLrQFLDHDWpFQLFDHRVPROGDPSDUD FRPRVHXVDEHU VHODQoDUHPQRGHVDÀRGH promoção do desenvolvimento de Moçambique. Comemorou-se, igualmente, a 13 de Outubro, a implantação do movimento sindical em Moçambique, abrindo espaço para os trabalhadores moçambicanos, organizados nos seus sindicatos, participarem na criação de cada vez melhores condições de trabalho e lutem por uma remuneração justa, cientes da importância da sua contribuição para o desenvolvimento socioeconómico do País. $RVSURIHVVRUHVHDWRGRVRVWUDEDOKDGRUHVPRoDPELFDQRV HPJHUDO DQRVVDYpQLD e o nosso profundo respeito. $ GH2XWXEUR DVQRVVDVFULDQoDV DV ´)ORUHVTXH1XQFD0XUFKDPµ YmRFHOHEUDUPDLV XP DQLYHUViULR GD 2UJDQL]DomR &RQWLQXDGRUHV GH0RoDPELTXH $ todas as crianças renovamos o nosso compromisso de tudo fazer para que o vosso sorriso nunca murche e a vossa alegria nunca desapareça. A FRELIMO continuaUi SRULVVR DOXWDUSDUDTXHD3D]HP0RoDPELTXHVHMDXPDUHDOLGDGH SDUDTXH na família, na comunidade, na escola, nos hospitais e em todas as instituições, sejam tratados com respeito, com amor e muito carinho, para que cresçam alegres e sem medo. Excelências Os dias 15, 16 e 17 de Outubro são celebrados, a nível mundial, respectivamente como os dias da Mulher Rural, da Alimentação e do combate à Pobreza. Em MooDPELTXH HVWHSHUtRGRFRLQFLGHFRPRODQoDPHQWRGD&DPSDQKD$JUiULD 3DUDDFDPSDQKDTXHVHLQLFLD SUHYr VHXPDpSRFDFKXYRVDPHOKRUTXHQDFDPpanha passada. Apelamos, por isso, aos produtores e cada um de nós que assumamos que, de enxada na mão, punho na charrua de tracção animal e braços QRYRODQWHGRWUDFWRU GHYHPRVID]HUGD&DPSDQKD$JUiULD PDLVXPD plataforma de avanço, na luta contra a fome, elevando cada vez mais os níveis GHSURGXomRHGHSURGXWLYLGDGH GHVVHPRGRFRQWULEXLQGRQRJUDQGHGHVDÀRGH UHGXomRGDGHSHQGrQFLDDTXHRQRVVR3DtVDLQGDHVWiVXMHLWR Senhora Presidente da Assembleia da República, Senhor Primeiro-Ministro, Distintos convidados, Estimados Pares, Excelências, Permitam-nos que, em nome de todos os Deputados da FRELIMO, enderecemos XPDSDODYUDGHDSUHoRjVDOWDVLQGLYLGXDOLGDGHVFLYLV GLSORPiWLFDV MXGLFLDLV PLlitares e religiosas que nos honram com a sua presença nesta sessão solene de DEHUWXUDGD,96HVVmR2UGLQiULDGD$VVHPEOHLDGD5HS~EOLFD $YRVVDSUHVHQoD testemunha o interesse pelas actividades desta Magna Casa do Povo e esperamos receber de vós apoio para o bom andamento dos nossos trabalhos. ([RUWDPRVDRVSDUFHLURVGH0RoDPELTXHDFRQWLQXDUHPDFRQÀDUQDOLGHUDQoDGR País, na pessoa de Sua Excelência o Presidente FILIPE JACINTO NYUSI, eleito HPVXIUiJLRXQLYHUVDO GLUHFWRHSHVVRDOSHOR3RYR DDFUHGLWDUHPQDFDSDFLGDGH GR*RYHUQRGH0RoDPELTXHHGRVPRoDPELFDQRVSDUDVROXFLRQDUDVVXDVGLIHrenças, no quadro da Constituição e das Leis do País, e a pautarem pelo respeito aos princípios vertidos na Convenção de Viena. À Dra. Verónica Nataniel Macamo Ndlovo, nossa Presidente, queremos reiterar D QRVVD SURQWLGmR H WRWDO FRPSURPLVVR SDUD DSRLi OD QD FULDomRGDV FRQGLo}HV QHFHVViULDVSDUDDERDFRQGXomRGRVWUDEDOKRVGHVWD&DVD $FUHGLWDPRVTXHDVXD KDELWXDOVHUHQLGDGH ÀUPH]DHHVStULWRGHFRQVWUXomRGHFRQVHQVRVYDLSUHYDOHFHU em todos os momentos. Força Senhora Presidente! ([RUWDPRVDWRGRVRVFROHJDVGHSXWDGRVSDUDTXHH[HUFLWHPRVDGLVFLSOLQD pWLFDH UHVSHLWRP~WXR GHPRGRDFULDUPRVXPDPELHQWHVmRHQWUHQyVHDGLJQLÀFDUPRV o mandato que recebemos do Povo. Em nome da Bancada Parlamentar da FRELIMO, faço votos para que esta Sessão 2UGLQiULDGD$VVHPEOHLDGD5HS~EOLFDGHFRUUDQXPFOLPDGHGLiORJRDEHUWR FRUdialidade, decoro, civismo, e fraternidade. UNIDADE, PAZ E DESENVOLVIMENTO FRELIMO, A FORÇA DA MUDANÇA! Muito obrigada a todos, pela atenção! Maputo, 19 de Outubro de 2016 Savana 21-10-2016 EVENTOS 8 PUBLICIDADE Contextualização 1DVHQGDGDFRQWUDFomRGHHPSUpVWLPRVSDUDD(0$780 3UR,QGLFRVH0$0 DGtYLGDS~EOLFDPRoDPELFDQDFUHVFHX GH IRUPD VLJQLÀFDWLYD WHQGR FRORFDGR R SDtV QXPD FULVH FDUDFWHUL]DGD SHOD VXVSHQVmR FROHFWLYD GH ÀQDQFLDPHQWRV SHOR* DJUDYDPHQWRGDLQÁDomR GHVYDORUL]DomRGRPHWLFDOIDFHjVPRHGDVHVWUDQJHLUDV (VWHFHQiULRWHYHXPLPSDFWRQHJDWLYRQDHVWUXWXUDRUoDPHQWDOHÀQDQFHLUDGRSDtV traduzindo-se no agravamento do custo de vida dos mo- çambicanos, bem como menor disponibilidade de recursos ÀQDQFHLURVSDUDLPSOHPHQWDUSROtWLFDVGHGHVHQYROYLPHQWR HPSDUWLFXODUDVRULHQWDGDVSDUDRVVHFWRUHVVRFLDLV 6D~GH (GXFDomR ÉJXDHVDQHDPHQWR 3URWHFomR6RFLDO HWF 3DUD ID]HU IDFHDRVHIHLWRVDFLPDPHQFLRQDGRV R*RYHUQR OHYRX j DSURYDomR SHOD$VVHPEOHLD GD 5HS~EOLFD R 2UoDPHQWRGR(VWDGR5HFWLÀFDWLYR 2(5 22UoDPHQWR5HFWL- ÀFDWLYRLQFOXL D H[HFXomR GH FRUWHV QDV GHVSHVDV S~EOLFDV seleccionadas. Aliado a isso, o governo central priorizou algumas medidas que resumem-se em: i) promover acções visando o aumenWR GD SURGXomR H SURGXWLYLGDGH DJUiULD GLYHUVLÀFDomR H alargamento da base produtiva com maior enfoque para as ]RQDVUXUDLV LL SURPRYHUDFo}HVQDViUHDVGDDJULFXOWXUD energia, infra-estruturas e turismo de forma a tirar ganhos nos potenciais que o país possui; iii) apostar no aumento da produção, exportação e na melhoria do ambiente de negócios, com vista a estimular maior participação do sector privado na melhoria da economia do país. &RQWXGR FRPYLVWDDGLVFXWLURLPSDFWRGDGtYLGDS~EOLFD HDVHVWUDWpJLDVHPFXUVRSDUDDUHGXomRGRVVHXVHIHLWRVQD vida dos cidadãos da Província de Maputo, foi realizado no GLD GH$JRVWRXPHQFRQWURWpFQLFRSHOD5HGH3URYLQFLDO GH0RQLWRULDGH$VVXQWRV&DQGHQWHVGH*RYHUQDomR SDUDR diagnóstico da situação económica e social dos Distritos da província de Maputo e elaboração de recomendações para a VROXomRGRVSUREOHPDVLGHQWLÀFDGRV Participaram do debate 40 pessoas (17 mulheres e 23 homens) membros das Plataformas Distritais de Namaacha, Boane, Moamba, Manhiça, Magude, Matola e Marracuene e WpFQLFRVGD6RFLHGDGH$EHUWD Síntese da análise Económica e Social dos Distritos da Província de Maputo &RPEDVHQDDQiOLVHGLDJQRVWLFDGD IRLLGHQWLÀFDGDDVHJXLQte situação vivida nos Distritos da Província de Maputo: ‡6XELGDVLJQLÀFDWLYDGHSUHoRVQRVDUPD]pQVGHYHQGDGH produtos a grosso e consequente aumento dos custos de venda a retalho; ‡$VHPSUHVDVGR UDPR DJUR ²SHFXiULRGHVSHGHP WUDEDOKDGRUHVSRUQmRWHUHPUHQGLPHQWRVXÀFLHQWHSDUDSDJDU VDOiULRV ‡ 5HGXomR GR SRGHU GH FRPSUD GH SURGXWRV GH SULPHLUD necessidade por parte dos cidadãos; ‡5HGXomRGHFOLHQWHODQRVHFWRUKRWHOHLURHSUHVVmRSDUDR encerramento das instâncias turísticas; ‡$EDQGRQRGRVSDFLHQWHVDR7$59SRUIDOWDGHDOLPHQWD- ção; ‡5HGXomRGRQ~PHURGHUHIHLo}HVGLiULDVDRQtYHOGRVDJUHSíntese Análise do Impacto da Dívida Pública e da Crise Económica na Província de Maputo Sociedade Aberta $6RFLHGDGH$EHUWD 6$ pXPD2UJDQL]DomRGH6RFLHGDGH&LYLOPRoDPELFDQD que se dedica à pesquisa e promoção de modelos de desenvolvimento local, FRPJUDQGHHQIRTXHSDUDDViUHDVGH*RYHUQDomR/RFDOHUHQGDFRPXQLWiULD &RQWDFWRV $Y .RÀ$QQDQ %DLUURGD0DWROD% 1ž 0DWROD &HO Tel: 21.783.405, Fax: 21783134, www.sociedade-aberta.org, s_aberta@yahoo.com.br gados familiares; ‡5HGXomRGDFDSDFLGDGHGHHVFRDPHQWRGRVSURGXWRVSURGXzidos localmente; ‡$XPHQWRGDFULPLQDOLGDGHHYXOQHUDELOLGDGHVRFLDOQR'LVtrito da Matola; ‡ (QFHUUDPHQWR GH YiULRV HVWDEHOHFLPHQWRV FRPHUFLDLV WXrísticos, etc) resultando na fraca recolha de receitas para o Estado; ‡)UDFDFDSDFLGDGHGHUHDFomRGRV*RYHUQRVIDFHDVSUHRFXpações do cidadão no que diz respeito a criação de infra- -estruturas; ‡&RUWHVGDVGHVSHVDVS~EOLFDV ‡$XPHQWRGRtQGLFHGHGHVHPSUHJR ‡$XPHQWRGDLQFHUWH]DVREUHRIXWXUR Recomendações e passos a seguir &RPEDVHQDDQiOLVHGLDJQRVWLFDGDDFLPDH[SRVWD IRUDPHODERUDGDVDVVHJXLQWHVUHFRPHQGDo}HVSDUDR*RYHUQR ‡5HDOL]DUDXGLWRULDLQWHUQDHH[WHUQDSDUDRDSXUDPHQWRGDV responsabilidades relativas ao endividamento do país e publicar os resultados da auditoria em forma de prestação de contas ao povo moçambicano; ‡$FFLRQDUPHFDQLVPRVOHJDLV MXQWR jV DXWRULGDGHV MXGLFLDLV nacionais e internacionais e assegurar a reversão dos bens DGTXLULGRVSHODVHPSUHVDVUHVSRQViYHLVSHODGtYLGDDIDYRU do Estado; ‡5HQWDELOL]DURVEDUFRVHRXWURVEHQVDGTXLULGRVFRPRYDORU da dívida; ‡,QFHQWLYDURVHPSUHViULRVDDXPHQWDUDSURGXomRHSURGXWLYLGDGH DJUR SHFXiULD DWUDYpV GD FRQFHVVmR GH FUpGLWRV H redução de taxas aduaneiras; ‡$FHOHUDURSURFHVVRGRGLiORJRSROtWLFRSDUDSHUPLWLUDWUDQsacção inter - provincial de pessoas e bens; ‡3URPRYHUDLQVWDODomRGDVLQG~VWULDVWUDQVIRUPDGRUDVHGH manufacturação nos distritos; ‡5HGX]LUDVWD[DVGHLPSRUWDomRH,QWHUGLWDUDLPSRUWDomRGRV produtos produzidos no país; ‡,QFHQWLYDUDEHUWXUDGHSHTXHQDV PpGLDVHJUDQGHVHPSUHsas; ‡&RQVWUXLUGLTXHVHUHSUHVDVSDUDDFXPXODomRGHiJXDGHIRUPD D IDFLOLWDU D SUiWLFD GD DJULFXOWXUD UHGX]LQGR DVVLP D necessidade de compra de produtos agrícolas; ‡&RQVWUXLUVLORVSDUDRDUPD]HQDPHQWRGDFROKHLWDGDpSRFD nos distritos. Savana 21-10-2016 EVENTOS 9 PUBLICIDADE Savana 21-10-2016 EVENTOS 10 PUBLICIDADE $XODVFRPPpWRGRVPRGHUQRV VHPSUHTXHQHFHVVirio) Salas em perfeitas condições Parque de estacionamento de viaturas, amplo e com segurança Professores com formação fora do país 0XLWDH[SHULHQFLDQRHQVLQRDIXQFLRQiULRV HVWXGDQWHVXQLYHUVLWiULRV WpFQLFRVVXSHULRUHV Excelente localização na cidade de Maputo Serviços adicionais: 7UDGXo}HVRÀFLDLVGH,QJOrV 3RUWXJXrV )UDQFrVH interpretações em conferências Contacte-nos na Paróquia de Santa Ana da Munhuana 6LWDQD$Y 0DJXLJXDQD SRUGHWUiVGR+RVSLWDO6DQta Filomena…em direcção à Av. de Angola Cell: 84 47 21 963 Flor English Training CURSO COMPLETO DE INGLÊS 6HUYLoRVGHWUDGXo}HVRÀFLDLVH interpretações de línguas Savana 21-10-2016 EVENTOS 11 PUBLICIDADE Savana 21-10-2016 EVENTOS 12 Uma exposição sobre paternidade responsável e participação de homens nos cuidados domésticos em Moçambique e na Suécia Exposição de Artes Visuais Maputo • Nampula • Quelimane Abertura: 20.10.2016 • 15h30 Duração: 20—28.10.2016 Museu de Etnologia - Nampula PAIS COM AMOR Organizadores: Parceiros: MUNICÍPIO DE QUELIMANE Embassy of Sweden in Maputo | #PaisComAmor designed by: Vasco Manhiça de e V M iç Av. Eduardo Mondlane 1107 (39), CP: 364 - Cidade de Nampula O Presidente da República, Filipe Nyusi, instou os operadores turísticos a apostarem na qualidade com vista a melhorar os indicadores do sector do turismo, que, apesar de representarem um crescimento assinalável em relação aos dos anos anteriores, ainda estão longe de corresponder às potencialidades que Moçambique oferece. De acordo com o estadista, que falava sexta-feira passada, na cidade de Maputo, na abertura da IV edição da Feira Internacional do Turismo “Descubra Moçambique”, a aposta na qualidade deve ser uma característica diferenciadora, pois só assim é que se poderá assegurar um bom futuro para este sector. A par da qualidade, que deve estar centrada no atendimento pessoal, serviços públicos e nas infra- -estruturas turísticas e de apoio, é necessário, segundo o Presidente da República, que se aposte também no dinamismo empresarial e na sustentabilidade e conservação ambiental. “O sector do turismo gera sinergias com outros sectores económicos, desempenhando o papel de uma excelente ponte entre diversos sectores dada a sua transversalidade”, notou Filipe Nyusi, numa clara alusão à necessidade de uma forte aposta neste sector. “O turismo afigura-se como uma actividade económica estratégica que permite criar empregos, gerar rendimentos e obtenção de impostos, assegurando o uso racional dos recursos naturais esgotáveis”, acrescentou. Em relação à feira, o Presidente da República disse, na ocasião, que a mesma se apresenta como uma incontornável montra de potenciaOperadores incentivados a dinamizar turismo nacional lidades turísticas que o nosso País oferece e uma forma de comparar as ofertas de vários provedores de serviços turísticos num único espa- ço. O Chefe de Estado aproveitou a ocasião para falar do Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo 2016-2025, que tem como objectivo “transformar Moçambique num destino mais vibrante, dinâmico e exótico de África até 2025”. A Feira Internacional de Turismo conta com a parceria da operadora de telefonia móvel mcel-Moçambique Celular, que associou o seu nome a esta iniciativa por acreditar no papel que este sector pode desempenhar na promoção da imagem do País além-fronteiras. Para Jonas Alberto, representante da mcel, “a feira apresenta-se como uma plataforma que permite aos operadores turísticos, e não só, darem a conhecer ao público os seus estabelecimentos e serviços”. A Feira Internacional de Turismo “Descubra Moçambique” é um evento anual que visa divulgar as potencialidades turísticas do País e colocá-lo na rota dos destinos preferenciais do mundo. Organizada pelo Governo mo- çambicano, através do Ministério da Cultura e Turismo e o Instituto Nacional do Turismo, em parceria com o sector privado, pretende-se que a iniciativa sirva igualmente para a promoção da cultura e gastronomia nacionais. Esta edição conta com a participação de cerca de 150 expositores nacionais e estrangeiros, 14 hotéis, 40 agentes de turismo, dois Países (África do Sul e Swazilândia), para além de diversos operadores turísticos.

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