sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Homens da Renamo no comício da Frelimo

Mabote: 

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TREZE homens da Renamo, pertencentes ao contingente deste partido estacionado na floresta de Ribye, no distrito de Mabote, em Inhambane, participaram na semana passada, numa reunião dos militantes e simpatizantes da Frelimo, orientada por uma brigada provincial, no quadro de acompanhamento e assistência dos órgãos de base.

De acordo com o membro do Comité Central da Frelimo, Gildo Fortunato Muaga, no comício, os homens armados da Renamo, vestidos à civil, não se juntaram à população que em ambiente de festa, dava vivas à Frelimo e ao Presidente Filipe Jacinto Nyusi. Pelo contrário, subdividiram-se em dois grupos, fixando-se debaixo de duas árvores, a uma distância de vinte metros do local do encontro, suficientemente próxima, porém, para poderem escutar a mensagem que era transmitida pelo chefe da brigada provincial, para a população, bem como as inquietações que eram apresentadas pelos residentes daquela povoação da localidade de Nzimane.
Segundo Gildo Muaga, no encontro a população manifestou-se preocupada pela permanência, na zona, dos homens armados da Renamo, embora aparentemente já integrados naquele meio, já que se movimentam livremente e alguns com as respectivas esposas, localmente desposadas.
“Apesar deste facto, constituem ainda uma ameaça à segurança pública, porque em estado de embriaguez, eles falam da preparação de um plano de distúrbios a partir da cidade de Maputo”, disse um dos residentes locais, que interveio no comício.
De acordo com Gildo Muaga, durante a reunião da Frelimo, os homens da Renamo não fizeram nenhuma intervenção, “mas estavam a 20 metros do local, onde estávamos”.
No final do encontro, segundo aquele responsável da Frelimo, o comandante do grupo, identificado apenas por Mazembe, “foi saudar e despedir-se dos elementos da Policia da República de Moçambique, que protegiam o local do encontro”.
Entretanto, nas suas intervenções, os residentes de Ribye manifestaram, durante o encontro, a sua indignação pela demora que se verifica na desmobilização daqueles homens, que continuam a viver na floresta em condições extremamente desumanas, e a movimentarem-se, muitas vezes, pelas aldeias, a pedir comida e água.
“Muitas vezes acabam retirando à força, os alimentos que encontram nas nossas casas”, denunciou um dos elementos da população presente no encontro.
Em resposta a estas denúncias, a brigada da Frelimo explicou, ainda na presença do grupo da Renamo, que a demora que se verifica na desmilitarização e reintegração social daqueles homens, prende-se com a vontade do seu líder, Afonso Dhlakama, que não quer apresentar a lista dos efectivos abrangidos por este processo.
“Nós explicamos e eles ouviram isso, que o Governo da Frelimo já fez tudo para lhes tirar do mato e passarem a beneficiar-se do Fundo instituído no ano passado, à luz do acordo de cessação das hostilidades militares, assinado no dia 05 de Setembro, pelo antigo Presidente da República, Armando Guebuza e pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, mas que isso não está a ser possível por culpa de Dhlakama”, disse Muaga.
Gildo Muaga disse ainda que o Governo de Mabote, apercebendo-se das dificuldades de alimentação com as quais os homens da Renamo vivem naquela região, e compreendendo que se trata de moçambicanos instrumentalizados para se revoltarem contra os seus próprios irmãos, tem estado a ajudá-los em comida, “para continuarem vivos”.
“No mesmo dia, tivemos outro encontro na sede da localidade de Nzimane e aqui chegaram também outros três homens da Renamo em estado deplorável e débil, idos da região de Changalimue, limite das províncias de Inhambane e de Gaza. Estavam esfomeados e receberam apoio popular em comida para sobreviverem. Portanto, verificamos em Mabote que o senhor Afonso Dhlakama, está a castigar pessoas. Aqueles irmãos, não têm nenhuma informação do que está a acontecer e do estão à espera. Eles vivem no mato sem futuro nem esperança”, deplorou Gildo Muaga, também deputado da Assembleia da República, pela bancada parlamentar da Frelimo.
Segundo ele, o semblante dos 13 homens que participaram no comício de Ribye, era de total desespero e cansaço de uma vida desconfortante e sem fim à vista.
NOTÍCIAS – 27.02.2015

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