segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

BPI: Moçambique "vai ser obrigado a falhar" pagamento da prestação da dívida


O gabinete de estudos económicos do banco BPI considerou hoje que Moçambique vai ser "obrigado a falhar" o pagamento da prestação de Janeiro da emissão de dívida pública de 727 milhões de dólares realizada no ano passado.
"É provável que a ajuda financeira do FMI não chegue a tempo do pagamento desta tranche em Janeiro, nem que se tenha conhecimento das conclusões da auditoria às três empresas detidas pelo Estado e, por isso, o Governo se veja obrigado a falhar esse pagamento", disse à Lusa a analista do BPI que segue a economia nacional.

"O Ministério das Finanças de Moçambique tinha alertado que a situação actual do país não lhes permitia cumprir com as obrigações financeiras em vigor, pelo que solicitaram junto dos credores uma renegociação de parte da dívida pública externa", disse Vânia Duarte, não se mostrando surpreendida com as notícias sobre a análise da JP Morgan e a consequente subida das taxas de juro exigidas pelos investidores para transaccionarem os títulos de dívida pública.
"A 'yield' [taxa de juro] da nova emissão da EMATUM [Empresa Moçambicana de Atum] reagiu negativamente a esta notícia, aproximando-se do máximo que tinha sido registado no início de Novembro, aquando da publicação do documento que foi apresentado aos credores para iniciar a discussão da reestruturação", explicou Vânia Duarte.
Os credores, afirmou, "não parecem disponíveis para aceitar a proposta de reestruturação apresentada, pelo menos até que o FMI avance com um programa de ajuda a Moçambique e que a auditoria actualmente a decorrer esteja terminada e se conheçam as respectivas conclusões".
A agência de informação financeira Bloomberg noticiou esta manhã que os analistas do JP Morgan consideram que Moçambique vai falhar o pagamento da prestação de 59,8 milhões de dólares prevista para Janeiro, o que levou a uma subida significativa das taxas de juro que os investidores exigem para transacionar títulos de dívida pública desta nação africana.
Lusa – 09.01.2017

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