quinta-feira, 20 de abril de 2017

Críticas a Moro e MPF: sou jornalista, não antipetista de aluguel


Podem espernear à vontade; quanto mais babam de rancor, mais colaboram para que as verdades se clarifiquem. Eis a utilidade dos idiotas

Já disse, e reitero, que não tenho receio de robôs de Internet ou de movimentos sociais ou políticos que só existem no Facebook, por mais que se esforcem para expropriar a história escrita pelo conjunto dos brasileiros.
Na verdade, quanto mais tentam organizar a baixaria, mais o tiro sai pela culatra, como se verá em breve. Então podem babar à vontade.
Minhas críticas à Lava Jato não datam de ontem. Nem começaram a ser feitas, como querem algumas lorpas, quando a investigação chegou ao PSDB ou “à direita”. Isso é de uma bobagem abismal. Até porque o Partido dos Trabalhadores tinha várias direitas como… aliadas!!!
Meu critério sempre esteve e estará ancorado nas leis que regem a democracia brasileira. E mudemos aquelas que não são boas. Também há regras para isso.
É evidente que reconheço a importância da Lava Jato, que elucida a espantosa corrupção que estava em curso no país. O que não aceito, para lembrar o cineasta Bernardo Bertolucci, em entrevista concedida ao jornalista Wagner Carelli, na histórica revista “BRAVO!”, é que se institua o fascismo sob o pretexto de caçar tarados. Na frase dele, que cito de memória: “O fascismo começa (ou ‘pode começar’, não estou certo) caçando tarados”.
Obviamente, Bertolucci não é um defensor de molestadores. Só está lembrando que é preciso coibir as transgressões, mas sem transgredir os limites de uma sociedade civilizada.
Moro
Há certa direita xucra que não se conforma com o fato de eu ter criticado aqui o juiz Sergio Moro por ter decidido, ao arrepio da lei, que o ex-presidente Lula tem de estar presente a todos os depoimentos das 86 (e não 87) testemunhas de defesa arroladas por seus advogados.
Fazer o quê? Ou os meus leitores, ouvintes e telespectadores se conformam com o fato de que jamais defenderei procedimentos ilegais, ainda que contra pessoas das quais não gosto, ou podem mudar de blogueiro, de colunista, de radialista, de comentarista de TV.
Todos os especialistas em direito, o que não sou,  afirmaram a mesma coisa. Alguns gostam do PT menos do que eu. Mas e daí?
Olhem aqui: a minha profissão não é ser antipetista!!! Sou jornalista. Um jornalista liberal, fracamente conservador — o conservadorismo que preserva instituições democráticas.
É verdade! Durante muitos anos, bati no PT quase sozinho. Em Sérgio Cabral, então, era sozinho mesmo. E eles tinham todo o poder. Os companheiros nunca me intimidaram.
Acordando as bestas
Já lamentei aqui a fraqueza dos liberais no Brasil. Infelizmente. Boa parte dos que dizem professar essa convicção é composta apenas de reacionários disfarçados. O movimento em favor do impeachment fez com que essa gente rompesse o silêncio. E algumas bestas fascistoides passaram a falar. Algumas ganharam até fama. Já há quem aposte em fama e fortuna.
Emergiram, então, uns fascistoidezinhos vulgares, de uma ignorância assombrosa, dedicados a patrulhar e a achincalhar nas redes quaisquer pessoas que discordem dos seus pressupostos.
Para essas bestas, pouco importa que Lula possa ser vítima de uma arbitrariedade. Pois é… Para mim, importa, sim! Eu não pergunto a ideologia do injustiçado antes de defendê-lo. Moro não tem o direito de obrigar o ex-presidente a fazer o que a lei não obriga. Ou a deixar de fazer o que a lei não proíbe.
“Mas é o Lula, Reinaldo! É a esquerda. É o Apedeuta. São os esquerdopatas”!!! Pois é. Exijo apenas a lei para todas essas pessoas.
MPF
Da mesma sorte, não me peçam que tolere um vídeo inescrupuloso, ilegal e autoritário gravado por três procuradores da República, que se dão o direito de atacar a política e os políticos, de forma genérica, pretextando a existência de uma ameaça a Lava Jato — ameaça que não existe.
Qualquer liberal razoável deveria aplaudir o texto que tramita no Senado e que pune abuso de autoridade. Em vez disso, o que vejo são expressões da direita de joelhos diante da Lava Jato. E por mero oportunismo. Afinal, para essas mentes um tanto confusas, simplistas, equivocadas, se Moro, Dallagnol e outros bravos se dedicam ao achincalhe de todos os políticos, então o que vem por aí é “renovação”…
Não, senhores! Eu quero um combate sem quartel à roubalheira, mas repudio as iniciativas que agridem as leis, a exemplo do que fizeram Sergio Moro e o MPF.
Comigo é assim. E é só assim.
“Reinaldo, e quem decide ser antipetista profissional para ganhar uns trocos? O que você acha?” Bem, meus caros, não têm o meu respeito, mas isso é com eles.
Sei de mim. Não cobro nem para falar bem nem para falar mal.
Não sou antipetista de aluguel. Até porque, como notam os atentos, os que alugam a sua opinião podem tratar, num dia, esse político ou aquele como uns bananas. No outro dia, tão logo pinga a grana no caixa, o desafeto vira salvador da pátria.
Já revi opiniões, sim, ao longo de quase 12 anos de blog. E os leitores sempre ficaram sabendo os motivos. Mas os princípios seguem os mesmos.
A opinião não é uma prostituta.
O direito não é um gigolô.
A verdade não faz michê.

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