Pioneiro e recordista em vendas de seus trabalhos discográficos de mão em mão, nos mercados municpais, principais avenidas, shoppings e inclusive na fronteira do Ressano Garcia, há sensivelmente 10 anos, Ivo Mahel decide, desta vez, invadir o mercado internacional, para promover e vender o álbum ‘Mohamed’ nas ruas de Joanesburgo, maior cidade sul-africana, e Soweto.
O plano de seguir viagem à terra do rand, surge meses depois de o nosso intelocutor ter escalado a cidade de Xai-Xai para mais uma missão de venda de CD’s. Ora, a crise económica que fustiga o país, agudizando a fraca afluência nos espectáculos  de artistas nacionais, a desvalorização por parte de promotores e, acima de tudo, a falta de cultura da compra de obras originais, são os três motivos fortes que obrigam Mahel a imigrar para aquele país vizinho para trabalhar durante um ano.
“Decido invadir o mercado sul-africano quando, definitivamente, concluo que o nosso está difícil. quero dizer, nos últimos tempos vemos pessoas mais preocupadas em garantir, pelo menos, a sustentabilidade da família. E a música é um produto de terceira ou quarta necessidade”, acredita.
Nesta senda, Mahel tocou na questão dos critérios de selecção de artistas para espectáculos, afirmando categoticamete que assiste-se um círculo fechado e viciado, visto que não há rotação dos nomes que sobem os palcos, facto que na sua óptica provoca uma espécie de inversão da pirâmide já que “os piores são os melhores e mais patrocinados e os melhores, simplesmente postos de lado”.
Ivo Mahel a vender o seu álbum no Game, cidade de Maputo.
Contudo, Mahel é da opinião que a desvalorização dos artistas moçambicanos já passou dos limites, facto que contribui directamente para sua ausência em grandes eventos como o Zouk.
“Não quero participar em espectáculos em que não me sinta economicamente valorizado, esqueça. É preciso que o artista moçambicano ganhe muito bem porque mesmo que tenhamos uma figura de cartaz internacional, eu estou ali para fazer  equilíbrio”, defendeu indo mais longe ainda ao afirmar que a sua agenda está fechada para grandes eventos porque promotores como Bang, Julinho (Big Brother) e Minó dos Santos não conseguem respeitar o seu cachet. “Se souberem que não vão respeitar o meu cachet, não adianta me contactar”, avisou.
“A última vez que particpei num mega show, Bang pagou-me 10 mil meticais. Isto é uma ofensa, mas porque  eu precisava comprar livros, aceitei”, revelou com desdém o detentor de discos de prata, platina e ouro.
Questionado a quantas anda o seu cachet, sem hesitar, o embaixador das 21 marcas da Bruber respondeu que subiu dos 50 para 75 mil, alegando que o custo de vida está, também, cada vez mais a disparar.
Quanto aos eventos privados, os clientes poderão pagar 25 mil meticais, 50% do valor que cobra neste tipo de eventos, porém, sublinha que a condição para pagar a metade é apresentar o seu CD.
Importa salientar que a viagem para África do Sul está condicionada pelo estágio do artista na Ordem dos Advogados e pelo seu mestrado ainda em curso.
“Amo muito o meu país, mas muitas vezes deixo de gostar por causa da vulnerabilidade da pirataria, a forma como promotores tratam-nos e como  empresários investem em artistas desafinados”.