Tenho observado amiúde o crescimento de projectos de proteção da rapariga contra a gravidez precoce em todo o país. Ao que me parece, esse crescimento é apenas quantitativo, perdendo pela qualidade.
Ora, existem projectos que usam métodos anticoncepcionais como estratégia para evitar a gravidez em raparigas e adolescentes, por forma a manté-las na escola. Os métodos passam por anéis vaginais, injetáveis, adesivos, implantes, DIUs, pílulas..., etecetera.
A minha pergunta é: essa estratégia é boa? Ensinar uma adolescente a fazer implante ou a tomar pílula para não conceber é a estratégia mais correcta? Não estaríamos aqui a estimular a sexualidade infantil sem proteção? Não estaríamos aqui a incentivar as adolescentes ao sexo intergeracional, transacional e concomitante? Não estaríamos aqui a encorajar para a multiplicação de doenças sexualmente transmissíveis, como o Aga-I-Vê? Será esse um método sustentável a médio e longo prazo? Não seria melhor investirmos na comunicação para a mudança de atitude?
Há grupos de activistas capacitados que passam nos bairros a aconselharem e a referirem as pessoas para os centros de saúde para escolherem o método anticoncepcional que acharem melhor para si. Nos centros de saúde da cidade de Nampula (por exemplo, o 25 de Setembro) as filas para implantes têm aumentado a cada dia. Algumas das "implantadas" são adolescentes. De acordo os especialistas dessa estratégia, estão a ser "implantadas" para não engravidarem e para não abandonarem a escola. O problema é que, nos próximos anos, essas adolescentes continuarão - sim - nas escolas, mas seropositivas, porque não foram ensinadas a se protegerem. Foram ensinadas a evitarem à gravidez, mas não a doenças. E aí iremos pedir outros financiamentos para tratá-las. E assim continua o círculo vicioso: uns investem na infecção, outros no tratamento.
Num momento em que "o nosso maior valor é a (dí)vida, devíamos discutir melhor essas estratégias. Vamos debater isso abertamente. Se continuarmos assim não haverá futuras gerações para verem Moçambique a chegar da sua volta.
- Co'licença!™
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