Quando
a política fica suja, o vencedor às vezes é o mais sujo, e não o mais
coerente. A bíblia Sagrada fala que o povo de
Israel, a dado passo da sua caminhada para a terra prometida, sentindo cansaço
e fome da viagem começou a ter saudades das cebolas do Egipto. Nampula saiu do
Egipto (escravidão da Frelimo) em 2013, numa altura em que a Renamo havia
boicotado as eleições municipais daquele ano. Hoje a história se repete, não
por boas razões. A caminhada para a terra prometida (administração da oposição)
foi interrompida quando os agentes do faraó assassinaram, em pleno dia da paz,
o edil de transição, Mahamud Amurane. Assim, os munícipes de Nampula são
novamente chamados a escolherem entre regressar a escravidão faraónica ou
avançar, trepar as montanhas e galgar os rios, rumo a terra prometida. Desta
vez, a Renamo se faz presente na sua esplendorosa demonstração de patriotismo,
republicanismo, heroicidade e nobreza cívica de todas quantas virtudes esta
formação política tem produzido.
Em 2013 os nampulenses tomaram uma
decisão heróica e anti-ditatorial que constituiu um retumbante triunfo moral
para os irredutíveis batalhadores e apóstolos dos sagrados princípios da
Democracia que, hoje como ontem, trabalham, sem cessar, pela liberdade de um
povo traiçoeiramente despojado de todas as garantias de Liberdade, a tanto
custo alcançadas e espoliado no património nacional. Amurane foi morto pela Frelimo
que tenta, a todo o custo, marginalizar qualquer macua que tenha consciência da
grandeza e importância politico-económico-social deste povo. E o MDM,
inocentemente, vai apanhando pela tabela porque os agentes do faraó tudo farão
para tirar dividendos políticos de uma acção que eles próprios orquestraram. Os
moçambicanos conhecem os seus assassinos! Os mesmos que pela noite assassinam e
durante o dia se sentam na cadeira de juiz, de procurador e de polícia em busca
de esclarecimento de próprios crimes.
A fé ardente e a maravilhosa bravura
postas na humilhação do candidato da Frelimo, corajosa e ruidosamente eclodida
nas ruas de Nampula, em 2013, demonstraram à sociedade, que por todos os
títulos, a vitória material sempre pertenceria a oposição, se factores
imprevistos não tivessem favorecido a ignóbil matilha defensora da ditadura
doméstica. Todas as almas embrutecidas pela Frelimo se inteiraram de que, no
Norte de Moçambique, existe um povo ardosamente amante de Liberdade, que a
cultiva com fervor e que a defende até à morte. E, neste momento trágico em que
muitos sangram nos hospitais, asfixiam nas cadeias, definham-se no exílio, ou
morrem fuzilados nas ruas ou nas matas, tão somente porque um reduzido número
de bandidos balalaicados utilizaram as armas que de boa fé lhes foram
entregues, para fim bem diverso, e, a ferro e fogo, impõem a mais troçulenta
violência, dentro do mais revoltante regime de tirania – a Frelimo, Moçambique
olha para os Nampulenses com esperança.
Ninguém deseja (salvo a Frelimo) que
eles regressem ao Egipto onde os canhões que, por cobarde e jesuítica cilada,
foram cair nas mãos dos inimigos da República, falam mais alto do que a voz do
povo que delirantemente clama por Democracia e Liberdade. Sem embargo, as
eleições de 24 de Janeiro representam o melhor momento para uma nova batalha.
Os assassinos do Amurane e ladrões do voto tudo farão para provocar uma segunda
volta. Estejais atentos, Renamo e MDM e, serenamente, embora abrasados pelo
mesmo idealismo e pela mesma fé nos destinos da República, preparai-vos para a
grande e decisiva batalha: matar a saudade das cebolas do Egipto derrotando a
Frelimo. Acima dos interesses individuais e de facção, colocai o interesse da
República, fazei das vossas almas, retemperadas pela adversidade a que a
Frelimo vos sujeita, o berço sagrado onde embaleis o vosso ideal.
Esquecei agravos e retaliações! Foi de
moçambicanos o sangue daqueles que de 1975 a 1992 se bateram pela Democracia;
foi de moçambicanos o sangue desses outros que, de 2012 a 2016 baquearam em
defesa dum ideal sagrado e imperecível, porque consubstancia já a própria
pátria e é, como ela, imortal. Foi de moçambicanos, o sangue que Amurane verteu
por amor ao povo e a um ideal de uma sociedade justa, livre da corrupção. As
almas de moçambicanos vitimados pela Frelimo, vindos de todos os cantos do
pais, na morte se encontraram, já que, por vezes, a vida os dividira. Mas a
morte foi a glória! A morte foi a redenção! A morte foi o grande exemplo que
vos legaram. Saibais segui-los! Do Além vos gritam: nunca mais para o Egipto.
Com a Renamo ou com o MDM chagareis a terra prometida. Do além vos impelem para
a redenção de uma pátria oprimida e vexada, para a Libertação de um povo em
cujo seio viveram, para a vingança clamorosa que exigem as suas mortes e as de
Matsangaissa, Simango, Gwenjere, Joana Simeão, Gil Cistac, Pondeca, heróis de
lenda que às mãos dos sicários vieram a cair. Nampulenses, do alto das
montanhas, a alma de Amurane olha por vós e diz: não tenhais saudades do
Egipto, vencei a Frelimo, para sempre e sereis felizes.
Recebido por e-mail
Sem comentários:
Enviar um comentário