segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Nampula, entre regressar ao Egipto e chegar à Terra Prometida

Quando a política fica suja, o vencedor às vezes é o mais sujo, e não o mais coerente. A bíblia Sagrada fala que o povo de Israel, a dado passo da sua caminhada para a terra prometida, sentindo cansaço e fome da viagem começou a ter saudades das cebolas do Egipto. Nampula saiu do Egipto (escravidão da Frelimo) em 2013, numa altura em que a Renamo havia boicotado as eleições municipais daquele ano. Hoje a história se repete, não por boas razões. A caminhada para a terra prometida (administração da oposição) foi interrompida quando os agentes do faraó assassinaram, em pleno dia da paz, o edil de transição, Mahamud Amurane. Assim, os munícipes de Nampula são novamente chamados a escolherem entre regressar a escravidão faraónica ou avançar, trepar as montanhas e galgar os rios, rumo a terra prometida. Desta vez, a Renamo se faz presente na sua esplendorosa demonstração de patriotismo, republicanismo, heroicidade e nobreza cívica de todas quantas virtudes esta formação política tem produzido.


Em 2013 os nampulenses tomaram uma decisão heróica e anti-ditatorial que constituiu um retumbante triunfo moral para os irredutíveis batalhadores e apóstolos dos sagrados princípios da Democracia que, hoje como ontem, trabalham, sem cessar, pela liberdade de um povo traiçoeiramente despojado de todas as garantias de Liberdade, a tanto custo alcançadas e espoliado no património nacional. Amurane foi morto pela Frelimo que tenta, a todo o custo, marginalizar qualquer macua que tenha consciência da grandeza e importância politico-económico-social deste povo. E o MDM, inocentemente, vai apanhando pela tabela porque os agentes do faraó tudo farão para tirar dividendos políticos de uma acção que eles próprios orquestraram. Os moçambicanos conhecem os seus assassinos! Os mesmos que pela noite assassinam e durante o dia se sentam na cadeira de juiz, de procurador e de polícia em busca de esclarecimento de próprios crimes.


A fé ardente e a maravilhosa bravura postas na humilhação do candidato da Frelimo, corajosa e ruidosamente eclodida nas ruas de Nampula, em 2013, demonstraram à sociedade, que por todos os títulos, a vitória material sempre pertenceria a oposição, se factores imprevistos não tivessem favorecido a ignóbil matilha defensora da ditadura doméstica. Todas as almas embrutecidas pela Frelimo se inteiraram de que, no Norte de Moçambique, existe um povo ardosamente amante de Liberdade, que a cultiva com fervor e que a defende até à morte. E, neste momento trágico em que muitos sangram nos hospitais, asfixiam nas cadeias, definham-se no exílio, ou morrem fuzilados nas ruas ou nas matas, tão somente porque um reduzido número de bandidos balalaicados utilizaram as armas que de boa fé lhes foram entregues, para fim bem diverso, e, a ferro e fogo, impõem a mais troçulenta violência, dentro do mais revoltante regime de tirania – a Frelimo, Moçambique olha para os Nampulenses com esperança.


Ninguém deseja (salvo a Frelimo) que eles regressem ao Egipto onde os canhões que, por cobarde e jesuítica cilada, foram cair nas mãos dos inimigos da República, falam mais alto do que a voz do povo que delirantemente clama por Democracia e Liberdade. Sem embargo, as eleições de 24 de Janeiro representam o melhor momento para uma nova batalha. Os assassinos do Amurane e ladrões do voto tudo farão para provocar uma segunda volta. Estejais atentos, Renamo e MDM e, serenamente, embora abrasados pelo mesmo idealismo e pela mesma fé nos destinos da República, preparai-vos para a grande e decisiva batalha: matar a saudade das cebolas do Egipto derrotando a Frelimo. Acima dos interesses individuais e de facção, colocai o interesse da República, fazei das vossas almas, retemperadas pela adversidade a que a Frelimo vos sujeita, o berço sagrado onde embaleis o vosso ideal.


Esquecei agravos e retaliações! Foi de moçambicanos o sangue daqueles que de 1975 a 1992 se bateram pela Democracia; foi de moçambicanos o sangue desses outros que, de 2012 a 2016 baquearam em defesa dum ideal sagrado e imperecível, porque consubstancia já a própria pátria e é, como ela, imortal. Foi de moçambicanos, o sangue que Amurane verteu por amor ao povo e a um ideal de uma sociedade justa, livre da corrupção. As almas de moçambicanos vitimados pela Frelimo, vindos de todos os cantos do pais, na morte se encontraram, já que, por vezes, a vida os dividira. Mas a morte foi a glória! A morte foi a redenção! A morte foi o grande exemplo que vos legaram. Saibais segui-los! Do Além vos gritam: nunca mais para o Egipto. Com a Renamo ou com o MDM chagareis a terra prometida. Do além vos impelem para a redenção de uma pátria oprimida e vexada, para a Libertação de um povo em cujo seio viveram, para a vingança clamorosa que exigem as suas mortes e as de Matsangaissa, Simango, Gwenjere, Joana Simeão, Gil Cistac, Pondeca, heróis de lenda que às mãos dos sicários vieram a cair. Nampulenses, do alto das montanhas, a alma de Amurane olha por vós e diz: não tenhais saudades do Egipto, vencei a Frelimo, para sempre e sereis felizes.

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