sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

O voo tem uma duração de perto de três horas, mas o Boeing 777-300 ER, avião usado na rota Luanda-Cidade do Cabo, na África do Sul, está configurado sobretudo para voos de longo curso.

O voo tem uma duração de perto de três horas, mas o Boeing 777-300 ER, avião usado na rota Luanda-Cidade do Cabo, na África do Sul, está configurado sobretudo para voos de longo curso. O aproveitamento recomendável de média de voo seria de 13 horas, no conjunto das operações dos voos regulares da empresa. Porque é que a TAAG – Linhas Aéreas de Angola faz mau uso destes aviões, torna mais dispendiosa a sua manutenção e diminui o seu tempo de vida? O que é que a TAAG e o país ganham com isso?
Maka Angola tem registado a insatisfação de vários pilotos e especialistas do sector.
Para “corrigir o que está mal”, recentemente, o presidente João Lourenço nomeou um Conselho de Administração com angolanos enfermos. Os expatriados William Rex Boutler (administrador para a Área Comercial), Patrick J. Rotsaert (administrador para a Área de Operações de Voo), Vipula Mathanga Gunatilleka (administrador para a Área Financeira) e Eric Zinu Kameni (administrador para a Área de Manutenção) são os que gozam de boa saúde no Conselho de Administração e constituem aparentes mais-valias em termos de competência técnica e pergaminhos de boa gestão.
Então, porque é que a TAAG está num desnorte? Esses mesmos expatriados já lá estão, nos referidos cargos, há alguns anos. Foram apenas reconduzidos.
A má gestão dos aviões e das rotas
Voltemos ao aproveitamento dos melhores aviões da TAAG, o Boeing 777-300 ER com capacidade para 293 passageiros, e cuja frota de seis aviões já tem uma média de quatro ou cinco anos de serviço. Os especialistas afirmam que os voos deveriam ter uma média ideal de 13 horas, no conjunto da programação dos voos realizados. Essa média observaria a ocorrência de 1.6 ciclos (o processo que comporta descolagem, pressurização, despressurização e aterragem), como objectivo para assegurar a média recomendada para a exploração comercial mais lucrativa e rentável dos aviões.
Conforme explicam os pilotos, os custos de manutenção aeronáutica têm maior incidência sobre os ciclos que se efectuam no avião.
Em oito horas de ida e volta à Cidade do Cabo, o 777-300 ER faz dois ciclos e fica parado cerca de quatro horas, à espera de passageiros, para além do tempo de rotação. O mesmo acontece com as seis horas de ida e volta à Joanesburgo.
Nas duas rotas, por opção comercial da TAAG, os aviões 777-300 ER permanecem quatro a seis horas em terra, à espera de passageiros com destino a São Paulo (Brasil) e Lisboa. “Não é o passageiro que espera. O avião é que espera”, afirma um técnico.
“Os aviões são feitos para estarem no ar, e assim darem maior rendimento e terem maior utilidade”, descreve um piloto classificado pelos parâmetros da Boeing como um dos melhores em Angola, mas que prefere o anonimato para evitar represálias.
“Com o seu uso em rotas de curta e média duração, está-se a desgastar os aviões, a causar-lhes grande stress. Isto torna mais elevados os custos de manutenção. Por isso vemos muita degradação nos aviões, e não temos capacidade de manutenção local”, reclama o piloto.
O desgaste é maior na rota Luanda-São Paulo-Rio de Janeiro. O Boeing 777-300 ER, depois de uma escala em São Paulo (onde desembarcam perto de 90 porcento dos passageiros), faz um voo de 40 minutos até ao Rio de Janeiro. “É extremamente prejudicial para o avião porque gasta dois ciclos numa distância tão curta. Os aviões modernos já não são por horas de voo, mas por ciclos. A ligação entre São Paulo e Rio e vice-versa normalmente serve para transportar uma dúzia de passageiros, mais ou menos”, lamenta um segundo piloto.
“A TAAG não tem muitas rotas. Os aviões não devem andar vazios, como acontecia. Desde Outubro, a TAAG está a praticar preços muito abaixo do valor comercial, para atrair passageiros do Brasil, da África do Sul e de Moçambique”, justifica um alto funcionário da empresa.
Como ilustração, um voo São Paulo-Joanesburgo com escala em Luanda tem o custo médio de 600 dólares, o mesmo valor (de referência cambial) de uma passagem que os angolanos pagam para três horas de voo de Luanda a Joanesburgo.
Desde então, os voos da TAAG entre São Paulo e Luanda têm estado lotados com brasileiros que viajam em turismo para a África do Sul e Moçambique, com escala em Luanda. “Mesmo assim, alguns voos têm uma ocupação muito reduzida, apesar do enorme incentivo das tarifas praticadas, com preços abaixo do valor do mercado”, protesta a fonte.
Essa política contribui sobremaneira para o turismo na África do Sul e em Moçambique, bem como no Brasil, mas de nada vale para o turismo em Angola. É um pesadelo para os brasileiros terem visto para Angola, não temos infra-estruturas adequadas de turismo e temos milhares de turistas que apenas passam pelo Aeroporto Internacional de Luanda. Isso é má política.
Lista negra
Uma das razões para o uso de aviões de longo curso em rotas de médio curso tem a ver com o facto de a TAAG permanecer no anexo B da lista negra das transportadoras aéreas impedidas de voar para a Europa. Alguns aviões da TAAG, como os 777-300 ER, beneficiam de um regime de excepção para voarem para Portugal, o único destino permitido na Europa.
É a manutenção de Angola nesta lista que tem causado limitações na expansão e exploração de outras rotas comerciais de longo curso, bem como os relevantes acordos de parceria com outras transportadoras aéreas. Os prejuízos financeiros e de imagem do país permanecem bastante altos.
Continua a não haver o debate interno para a erradicação das eventuais inconformidades que travam as melhorias necessárias para se tirar a TAAG e outras companhias angolanas da lista negra europeia.
Ao invés de se corrigir o que está mal, os dirigentes responsáveis pela TAAG continuam a fingir que estão a melhorar o que está bem.
O voo tem uma duração de perto de três horas, mas o Boeing 777-300 ER, avião usado na rota Luanda-Cidade do Cabo, na África do Sul, está configurado sobre
makaangola.org
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Michel P. de Almeida Parabéns ao Maka Angola. Aqui de Salvador da Bahia eu acompanho a evolução dessa empresa aérea, à primeira vista emergente, pública (o que não deveria ser em sua totalidade, pelo menos) e ainda com resquício do tempo colonial, aquando DTA, ainda em sigla referente à IATA.

Comparando-se ao tamanho dos territórios brasileiros, acho despendioso a insistência nesse erro de opções por frotas. É como se um Boeing 777-300 tivesse de fazer uma rota de distância similar entre Curitiba a Manaus ou Belém às aeronaves que partem de Luanda a Joanesburgo ou Cidade do Cabo. Em uma geografia de África Austral essencialmente regional e sem necessidade do fraco aproveitamento de longo alcance.

No fundo, referindo-se às demais limitações da empresa, onde somente opera para Portugal, não é estranho da parte do governo de Angola ficar exclusivamente dedicado à terceirização de serviços com a Air France, British Airways, Emirates e outros afins para que ambas as empresas ganhem lucros com isso? Semana passada eu achei estranho, da parte da TAAG, a exclusão da rota Luanda-Pequim, esse com grande potencial e procura entre o fluxo desses dois povos.

Creio que essa opção da empresa seja a canalização de Brasil e Portugal aos países da África Austral mais São Tomé e Príncipe.

Grande abraço! Saudações!
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Domingos Amândio Meu caro, os angolanos não têm mais as mesmas possibilidades de aquisição de divisas (dólares e euros) para viajarem para china a Negócios. Desde que o país foi inserido também na lista negra do sistema financeiro dos Estados Unidos, sendo os bancos coorespondes proibidos de manterem relações cambiais com Angola, os investimentos sumiram, a liquidez desapareceu, e tornou-se IMPOSSÍVEL VIAJAR.
Jay Guilherme Pois é...
Domingos Amândio Como se pode entender que um país que pretende crescer tem uma Burocracia terrível nos postos consulares para onde os estrangeiros se dirigem para adquirir vistos? E, obviamente, África do Sul, para onde os brasileiros podem viajar sem a necessidade de adquirir um visto ordinário, e outros distinos similares na África, têm aproveitado a procura e tornando o turismo mais lucrativo. Fazer turismo em Angola com as atuais políticas do governo que temos é simplesmente desanimador, práticamente impossível. Além da corrupção (pois quando o estrangeiro vem para Angola todos querem rouba-los de alguma maneira, seja na alfândega, a própria polícia que confisca câmeras fotográficas nas ruas, as pessoas que ao apreceberem-se da presença de estrangeiros sobem os preços de tudo), as infraestruturas de maneira geral são horríveis. Não é possível fazer turismo de negócios, de eventos ou qualquer outro num país tão desorganizado como Angola. A TAAG é apenas mais um exemplo, um espelho nítido da qualidade da governação que temos há 42 anos. É o reflexo do MPLA.
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Henrique Carvalho Dos Santos Grande análise concordo plenamente, e outra a Rota Luanda Joanesburgo ou Luanda Cidade do Cabo e vice versa da para fazer num 737 800 em vez de serem usados na rota doméstica e mais o problema da TAAG é por ser uma fonte de vaidade e desperdício que me da economicamente o Estado é talvez no Mundo uma única em que a acções e detida exclusivamente do governo, a quem pensa ser piloto sem formação de Gestão pode dirigir companhias aéreas tem uma péssima gestão, não acreditam que faz voos em fitas de 35 min no Boeing 737 800 em voos domésticos, compram aeronaves á pronto pagamento quando deveriam fazer em formas comerciais mais rentáveis, é como se diz o que é do Estado é tão bom como Mel...
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Reply3dEdited
Gaspar Paulo O 777-300 fazer ou não Joburg e Cape Town só depende do número de passageiros. Se o número destes cobrirem os custos, não há ciclos ou horas de voo que impeçam que económicamente isso se faça. Pelo que sei, a capacidade destas aeronaves têm sido bem aproveitadas nestas rotas com os passageiros em trânsito. Temos visto outras companhias fazerem o mesmo. A SAA, no tempo das vacas gordas, vinha à Luanda com o A340-500. Ultimamente, muitas companhias (incluindo a Emirates) têm variado os tipos de aeronaves (B777, B767, B787, A330, B737) de acordo com o número de passageiros que arrecadam.
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Antoni Manuel Lopes Lopes Prezado isto é que a taag tem feito em função do volume de passageiros provenientes de capetown para outros distinos transito como Brasil e tem resultado voo cheio...O makaangola nao está informado e publica e critica algo que nem se quer tem noção...
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Ed Corbett Desde quando o EK opera B767, B787, A330 ou B737?

EK atualmente apenas opera A380 e B777.
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Gaspar Paulo Ed Corbett, não falei só da SAA. Incluí todas as outras companhias. A Ethiopian, por exemplo, usa 3 tipos para o voo para Luanda de acordo com o número de passageiros: B767, B787 e o B737.
David Quinto Antonio Precisa é diversificar a frota. Só têm 737-800 e 777-300. Não há forma de fazer leasing de um desses 777-300 em troca de aeronaves mais pequenas Como o Embraer ERJ-190? Para os voos domésticos e regionais e inclusão de rotas como Victoria Falls e etc...
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Nelson Fogaça Melhorem as condições de turismo em Angola, e incentivem os serviços relacionados, e os voôs serão sempre plenos... gente curiosa para conhecer e retornar a Angola tem , o que carece é de infraestrutura e preços atraentes !
Miguel Gouveia Angola não tem condições nem vocação para receber turistas e é muito complicado obter vistos. Todos os turistas preferem Moçambique e Africa do Sul.
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Lourenço Mendes os malandros que o jlo se referiu estao mesmo a trabalhar com ele.
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Mateus Abel Mussunda Mussunda Entaõ o slogan de melhorar o que sta bom e corrigir o que sta mal, tem de ir ja emediatamente para taag. Nós precisamos de sair ja desta lista negra da europa....
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Fernando Barros Barros Onde está a meritocracia???????????
Continuamos a arruinar o erário público com gestores caros e incompetentes é melhor alugar o país aos japoneses que estes ao menos são sérios.
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Dénis Rodrigues Em Cabo Verde a nossa TACV foi entregue a Gestao da Icelander para rotas internacionais...
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João DeSena Mudam de presidente mas a merda vai continuar sempre porque serão sempre incompetentes, ai ai os que vos tem safado são os Tugas
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José Tavira É nisso que dá quando um grupo reduzido de cafusos pensa que são os Deuses na terra chamada Angola

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