sábado, 17 de fevereiro de 2018

Congresso recebe com frieza anúncio da direção de Rio

Congresso recebe com frieza anúncio da direção de Rio

TIAGO MIRANDA

Sala estava ao rubro depois do discurso de Montenegro... e esfriou com os nomes da nova direção. Rio puxa para o topo muitos amigos e só uma grande surpresa: a ex-bastonária da Ordem dos Advogados

Foi provavelmente uma das maiores amplitudes térmicas a que um congresso do PSD assistiu. A sala do Centro de Congressos de Lisboa estava ao rubro depois do discurso em que Luís Montenegro se assumiu como futura alternativa a Rui Rio. O costume nestes casos é a liderança lançar um barão para fazer sombra ao discurso do crítico. Mas, em vez disso, subiu ao palco o próprio Rio, para anunciar os nomes da futura direção. E a sala esmoreceu. Nalguns momentos, gelou.
De todos os nomes referidos por Rio, os mais aplaudidos foram Santana, que encabeça a lista de unidade ao conselho nacional, e José Matos Correia, secretário-geral da era Passos Coelho, que ocupa o quarto lugar nessa mesma lista. Ou seja, dois nomes que não representam a futura liderança... De resto, a reação foi frouxa e até fria.
Como vice-presidentes, Rio tinha uma grande surpresa - que o Expresso já havia antecipado: Elina Fraga, ex-bastonária da Ordem dos Advogados e figura muito crítica das políticas de justiça de Passos Coelho e Paula Teixeira da Cruz. Os restantes vice-presidentes já eram esperados: David Justino, Castro Almeida, Morais Sarmento, Salvador Malheiro e Isabel Meirelles. Feliciano Barreiras Duarte confirmou-se como secretário-geral. Este é o elenco da futura comissão permanente do PSD.
A comissão política nacional terá como vogais Coelho Lima, António Carvalho Martins, Maló de Abreu, António Topa, Cláudia André, João Cunha e Silva, Manuel Teixeira, Maria da Graça Carvalho, Ofélia Ramos e Rui Rocha.

REVOLTA NO APARELHO

Uma lista onde salta à vista a quantidade de amigos de longa data de Rui Rio, alguns afastados das lides partidárias há algum tempo, e vários elementos do núcleo-duro da sua candidatura às diretas. Apenas Salvador Malheiro, António Topa (ambos da distrital de Aveiro, que foi crucial na vitória de Rio) e Rui Rocha (líder de outra distrital essencial para Rio, Leiria) podem ser identificados como representantes do aparelho partidário.
A distância do novo líder em relação à máquina do partido - até em relação à máquina da sua campanha - está a provocar uma revolta entre os homens do aparelho que se sentem preteridos. É o caso de Pedro Alves, líder da distrital de Viseu, que já disse que considera que o seu distrito "não se sente representado". João Moura, de Santarém, é outra voz da revolta de quem puxou por Rio e não se sente recompensado com lugares.

A PARTE FÁCIL E A PARTE DIFÍCIL DA LISTA CONJUNTA

O descontentamento de muitos representantes das estruturas ficou patente quando, durante o discurso de Luís Montenegro, este exortou o novo líder a que "não deixe que a direção se transforme no grupo dos amigos do Rui Rio". O vibrante aplauso que se ouviu pela sala deu conta do mal-estar que atravessa parte do aparelho.
Quando subiu ao palco para anunciar as listas, Rio reconheceu que a proposta para o conselho nacional, que foi feita a meias com Santana Lopes, teve por base um acordo entre ambos que "não foi difícil" alcançar, mas que "foi menos fácil" de concretizar. "Menos fácil foi conseguir encaixar tantos nomes onde só cabiam poucos", admitiu o novo líder, agradecendo aos operacionais que ajudaram a coser a manta: "Pedro Pinto, João Montenegro, Salvador Malheiro e Bruno Coimbra fizeram esforço titânico para chegar à lista a que chegámos", disse Rio. O esforço não contentou a todos.

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