quarta-feira, 21 de março de 2018

Partidos admitem consensos no debate sobre revisão constitucional em Moçambique


Chefes das três bancadas com assento na Assembleia da República de Moçambique admitiram haver consensos no debate sobre a revisão pontual da Constituição, para o aprofundamento da descentralização.
ANTÓNIO SILVA/LUSA
Autor
  • Agência Lusa
Os chefes das três bancadas com assento na Assembleia da República (AR) de Moçambique admitiram esta quarta-feira haver consensos no debate sobre a revisão pontual da Constituição, para o aprofundamento da descentralização. Em declarações aos jornalistas, à margem da sessão plenária da AR, a chefe da bancada da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Margarida Talapa, afirmou que deverá ser possível “alcançar consensos”.
A dirigente do partido no poder referiu que os entendimentos poderão “facilitar o trabalho que todo o povo moçambicano está à espera que esta casa realize, aprovando em definitivo a revisão da Constituição”. Por seu turno, Ivone Soares, chefe da bancada da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), referiu que o seu partido defende a nomeação dos administradores distritais pelos governadores provinciais e uma delimitação clara entre as competências destes e dos futuros secretários de Estado nas províncias.
“Seria desejável que este governador, que passa a ser eleito, tivesse o poder de nomear os administradores distritais”, na área da respetiva província, “e pudesse ter competências muito bem claras e definidas para evitar qualquer tipo de choque com outra figura que represente o Estado na província”, assinalou. O vice-chefe da bancada do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), José Lobo, disse que as chefias das três bancadas chegaram a consenso sobre a eleição de autarcas a partir do cabeça de lista de partido ou grupo de cidadãos às assembleias municipais.
Caso a plenária aprove esse modo de designação dos autarcas, afasta-se a possibilidade contestada em vários círculos políticos e da sociedade civil de nomeação de qualquer membro da lista mais votada. “Os passos que foram dados são positivos, espero que o povo moçambicano compreenda porque o fator principal é o alcance da paz”, frisou José Lobo. A proposta de revisão pontual da Constituição sobre a descentralização foi submetida em fevereiro pelo chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e resulta de entendimentos alcançados com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, no âmbito dos esforços visando a paz no país.
Neste momento, o documento está a ser analisado pelas bancadas parlamentares e comissões de trabalho da AR que vão submeter os resultados do seu trabalho à plenária para um debate e aprovação final. A proposta prevê que os governadores provinciais e administradores distritais deixem de ser nomeados pelo poder central para passarem a ser eleitos. Pretende-se que o novo modelo de eleição de autarcas seja aplicado já nas eleições autárquicas de 10 de outubro, que a eleição dos governadores aconteça nas eleições gerais de 2019, enquanto a escolha dos administradores de distrito fica remetida para a votação geral seguinte, em 2024.

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