quinta-feira, 22 de março de 2018

População abandona aldeia por medo de ataques armados

População abandona aldeia por medo de ataques armados

Várias famílias da aldeia Manilha, no distrito da Mocímboa da Praia, abandonaram temporariamente as suas casas e fugiram para as matas depois de, alegadamente, terem visto, esta quarta-feira, homens armados que vêm protagonizando ataques na província de Cabo Delgado, a circularem nas margens do rio Quinhevo.
O Administrador do distrito, Rodrigo Parruque, não aceitou gravar entrevista, mas confirmou ter recebido a informação do pânico vivido pelos habitantes de Manilha.
 A situação criou um ambiente de medo no seio da população e, devido ao clima de insegurança, o governador da província, Júlio Parruque e a sua comitiva, tiveram de viajar em carros militares blindados para participar nas cerimónias do dia mundial de Florestas, que tiveram lugar no distrito da Mocímboa da Praia.

Ataques em Cabo Delgado Governo desiste da propaganda de guerra e remete-se ao silêncio

A Rádio Moçambique noticiou, há dias, que homens armados – que se supõe que estejam ligados àqueles que têm vindo a realizar ataques desde 4 de Outubro do ano passado em Cabo Delgado – atacaram, na segunda-feira, 12 de Março, a aldeia de Chitolo, no distrito de Mocímboa da Praia. 
A informação foi tornada pública depois de ter havido uma relativa acalmia, que já estava a ser usada pelo Governo para passar a imagem de que os “terroristas” (como lhes chamou) estavam enfraquecidos. Depois do ataque do dia 12, o Governo decidiu não mais falar sobre o assunto. Na terça-feira, durante o balanço das operações policiais, ouvimos o porta-voz da Polícia no Comando-Geral, Inácio Dina, mas este não aceitou falar sobre o assunto. “Os factos que foram narrados desde 2017 constituem matéria bastante para a produção de informação. 
Tudo quanto foi seguindo em relação a Mocímboa da Praia, Palma e Nangade, nós deixamos à responsabilidade das Redacções dos órgãos de comunicação social. É informação que qualquer órgão pode deixar passar”, disse Inácio Dina, quando foi solicitado pelo “Canalmoz” para se pronunciar sobre o ataque de 12 de Março. E acrescentou: “O que temos a referir é que as Forças de Defesa e Segurança continuam em Cabo Delgado nos pontos de referência, a garantirem a ordem e segurança públicas.
Ataques, como tais, em momento oportuno nós havemos de sistematizar e dar a informação desde o período em que se despoletou”. O que se sabe do ataque de 12 de Março é que os homens armados (chamados “terroristas” pelo Governo) “mataram uma pessoa, queimaram cinquenta casas e saquearam bens da população”. Segundo a Rádio Moçambique, as Forças da Defesa e Segurança já estão na aldeia de Chitolo, que fica localizada a cerca de vinte quilómetros da sede da localidade de Unango, onde ocorreu o primeiro ataque dos homens armados a uma unidade policial e da Força de Protecção de Recursos Naturais, no dia 4 de Outubro do ano passado.

Os “terroristas” já fizeram vítimas em Nangade, Mocímboa da Praia e Palma. Há quem diz que, a medir pelo número de pontos já atacados, os “terroristas” estão a baralhar as Forças de Defesa e Segurança. Recentemente, ouvimos o ministro do Interior, Jaime Basílio Monteiro, para tentar perceber se a Polícia não está a perder controlo da situação. 
O ministro disse que está tudo controlado e que os últimos ataques não foram ataques dignos desse nome, mas roubo aos residentes por parte de elementos do grupo, que luta pela sobrevivência, “porque está fragilizado”. Este era o discurso do Governo durante o período de relativa acalmia. (André Mulungo)
CANALMOZ – 22.03.2018

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