terça-feira, 20 de março de 2018

Tão somente, a pergunta que não cala é: até quando o sangue vai continuar a irrigar Moçambique?

VAHANLE OBTÉM MAIORIA NA INTERCALAR DE NAMPULA
Segundo o apuramento intermédio da 2ª volta da eleição intercalar do Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Nampula, Paulo Vahanle o candidato da RENAMO alcançou 58,53% dos votos validamente expressos, contra 41,46% de votos alcançados por Amisse Cololo, candidato do partido Frelimo. Vahanle que na 1ª volta da intercalar posicionou-se no segundo lugar, atràs de Amisse Cololo que não conseguiu alcançar a fasquia de 50+1%, derrotou nesta 2ª volta o seu oponente suportado pelo partido governamental, conquistando assim a presidência do Conselho Municipal de Nampula, em substituição do finado Mahamudo Amurane, barbaramente assassinado por esquadrões da morte. Com uma participação 32% do eleitorado nampulense nesta 2ª volta, contra os 25% da primeira, pode-se depreender que esta 2ª volta mobilizou maior numero do eleitorado desejoso de mudança. Citadinos nampulenses sairam as ruas para celebrarem à medida que os resultados iam sendo divulgados pela contagem paralela. Munícipes no geral, incluindo membros da RENAMO e de outros partidos da oposição, entre eles o Movimento Democrático de Moçambique, associaram-se as comemorações da vitória de Vahanle. Foi uma noite de intensa celebração da vitória. Pela manha do dia seguinte a mancha caiu sobre a cidade, com a policia de segurança e de Intervenção Rápida a descarregarem sua fúria sobre os munícipes que animadamente comemoravam a vitória de Vahanle. Foi um acto desnecessário, mas demonstrativa das afinidades indisfarçáveis de algumas elites no seio da polícia que ao invés de proteger o povo, o alveja. Na incursão policial houve feridos e fala-se até de um morto. Algum defensor do povo tem orgulho por isso? Actos como estes, merecem uma investigaçãos de instâncias competentes do Estado e até de independentes, dirigindo interrogatórios a ministros e comandantes e até pressionando-os pela publicação de nomes dos envolvidos, que até aqui têm sido protegidos e seus nomes mantidos em segredo. E o mais caricato é que estes acontecimentos ocorrem numa altura em que os ecos do discurso do Presidente Nyusi na cerimónia de graduação da polícia na ACIPOL, desencorajando a violência policial contra indefesos ainda se faziam sentir. Isso só pode significar que a bicefaleia continua na condução dos destinos deste país, onde o corta fitas discursa e os decisores põem em marcha seus projectos no país. Foram intolerantes e agrediram com bastões, gás lacrimogênio e balas reais os pacatos cidadãos que festejavam a vitória do seu candidato vencedor. Mais nada! Será que era preciso autorização para comemorar? O estranho é que quando as claques de futebol, apoiando o Benfica, do Porto ou do Sporting, bloqueiam a avenida 25 de Setembro em Maputo, comemorando as vitórias das suas equipas, realizam desfiles autom¬óveis aos buzinões, sem que nunhum policia os impeça. Estamos a falar de futebol internacional. E c¬á na nossa casa quando os Mambas ou uma equipa qualquer com uma massa de adeptos vence, assistimos igualmente a manifestações de apoio e alegria e muito barrulho. Essas comemorações nunca foram violentadas alegadamente por precisarem de autorização. E muitas vezes nestas celebrações existem excessos que deviam ser intoleráveis. Tudo isso nunca foi impedido pela pol¬icia, mas, a celebração da vitória de Paulo Vahanle teve um custo: Sangue. Ficamos de algum modo encorajados com o reconhecimento vindo do partido Frelimo através de figuras destacadas deste partido, que saudaram a vitória do candidato Paulo Vahanle sobre o candidato apoiado pelo partido no poder. Tão somente, a pergunta que não cala é: até quando o sangue vai continuar a irrigar Moçambique?

Finalmente terminou a maratona eleitoral de Nampula e o grande vencedor foi o povo de Nampulense, que demonstrou cidadania e espírito pacífico. O povo afluiu às urnas e, desta vez a participação subiu, o que foi deveras excelente para dar outra via ao processo. Nas vésperas da eleição, muitas denúncias circularam em Nampula, por um lado dizia-se que havia um movimento intenso de autocarros Nagi com pessoas que saiam dos distritos para a cidade. E a prória RENAMO denunciou o facto. Também denunciou-se a presença de um aparato policial incomum, mobilizado para aquele município, alegadamente para votar em Cololo e criar agitação e intimidação. Para além da denúncia de que existia um plano para assassinarem o candidato da RENAMO. E muitos outros factos foram aventados, o que aguçou o olho e ouvido vigilante dos munícipes de Nampula. Finalmente, no dia 14 a eleição aconteceu num clima de tranquilidade e muita vigilância. Algumas pessoas foram detectadas com listas de eleitores fantasmas, como se diz, a favor de Cololo, candidato da Frelimo. O civismo daquele povo superou as espectativas. A eleição foi tranquila e naquela noite os resultados começaram a aparecer e o Vahanle vencia o escrutínio. O povo saiu à rua para manifestar-se alegremente. E como é no pano branco que a nódoa é saliente, assim, no dia seguinte, em meio aos festejos, a polícia disparou e dispersou os que comemoravam a vitória. Foi assim que jovens foram feridos desnecessariamente. Opinião unânime é de que houve excesso de zelo. E houve! Acerca da vitória de Vahanle houve muitas reações, mas vamos realçar as que seguem: Ivone Soares Chefe da Bancada Parlamentar da RENAMO e Presidente da Liga Juvenil daquela formação política no seu perfil de facebook que agradecia aos munícipes e felicitava a Paulo Vahanle pela vitória que considerou como uma vitória merecida, construída na base de sacrifício, humildade e respeito por outro. Disse Ivone Soares que Paulo Vahanle não tinha descanso, houvesse chuva ou calor, estava nos bairros a pedir o voto, isto foi notório mesmo na primeira volta, parabéns Paulo Vahanle, pela lição de humildade e respeito. Por sua vez, Tomás Salomão, chefe da brigada central que assiste Nampula, reconheceu que os resultados mostram a vontade dos eleitores e por isso devem ser respeitados. Assim, o partido Frelimo saudou o candidato da RENAMO, Paulo Vahanle, pela vitória na segunda volta da eleição intercalar de Nampula, tendo em conta os resultados preliminares. Na base destes resultados o partido Frelimo diz que agora irá tirar lições para se preparar para os próximos desafios eleitorais. De realçar que Vahanle venceu o escrutínio com 58,53% de votos, contra 41,46% alcançados por Amisse Cololo, candidato da Frelimo.


O porta-voz da RENAMO, José Manteigas Gabriel visitou semana finda alguma imprensa nacional e internacional com suas sedes na cidade de Maputo. Numa acção visando enaltecer as relações existentes entre a RENAMO e a imprensa, Manteigas deixou claro em vários órgãos de comunicação social “que a RENAMO é um actor político indispensável na sociedade moçambicana e que a relação existente deve ser de parceria” Manteigas, reiterou que suas visitas de cortesia aos órgãos de comunicação social revestem-se do desejo de conhecer seu funcionamento e Estatuto Editorial. O porta voz da RENAMO disse ainda ter manifestado o descontentamento do partido junto da imprensa pública, nomeadamente Rá- dio Moçambique e a Televisão de Moçambique pelo facto destes órgãos promoverem debates e entrevistas onde é referenciado o partido RENAMO e seu Presidente sem que estes estejam presentes, violando assim o princípio da lei de imprensa, referente ao contraditório. No balanço realizado, Manteigas manifestou-se satisfeito pelos resultados alcançados nestas visitas, tendo afirmado que houve ganhos, visto que os órgãos em referência prometem corrigir seus procedimentos, tendo garantido que a RENAMO continuará a fazer parte das oportunidades existentes. Manteigas prometeu que estes contactos vieram para ficar, visto que os órgãos de informação são parceiros e não inimigos.

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