terça-feira, 17 de abril de 2018

Ministério Público abre inquérito a divulgação de vídeos dos interrogatórios

José Sócrates, o principal arguido na Operação Marquês
Apesar de o processo já não estar em Segredo de Justiça, o MP considera que está em causa um crime de desobediência
O Ministério Público anunciou esta terça-feira que instaurou um inquérito para investigar a divulgação dos vídeos dos interrogatórios no âmbito do processo 'Operação Marquês', considerando que a "divulgação destes registos está proibida".
"Embora o processo em causa já não se encontre em Segredo de Justiça, a divulgação destes registos está proibida, nos termos do art.º 88º n.º 2 do Código de Processo Penal, incorrendo, quem assim proceder, num crime de desobediência (artigo 348.º do Código Penal)", refere o Ministério Público numa resposta a uma questão da Lusa.
O Ministério Público acrescentou que instaurou um inquérito para "investigar os referidos factos".
A estação de televisão SIC divulgou nos últimos dois dias gravações dos interrogatórios ao ex-primeiro-ministro José Sócrates e outras testemunhas no processo 'Operação Marquês', bem como uma longa reportagem sobre os meandros do escândalo político e económico que abalou o país e que aguarda julgamento.
O antigo primeiro-ministro José Sócrates e os restantes arguidos da 'Operação Marquês' têm até dia 3 de setembro para pedir a abertura de instrução do processo, por decisão do juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC).
Há seis meses, o Departamento Central de Investigação Criminal (DCIAP) acusou 28 arguidos, entre os quais o ex-primeiro-ministro, de vários crimes económico-financeiros, nomeadamente corrupção e branqueamento de capitais.
A defesa de José Sócrates criticou na passada semana o Ministério Público por ainda não ter apresentado uma acusação "verdadeira e formal" contra o ex-primeiro-ministro, volvidos quase cinco anos após o início do processo 'Operação Marquês'.
Em comunicado então divulgado, o advogado do antigo primeiro-ministro, Pedro Delille, lembrou que fez a 12 de abril precisamente seis meses que o Departamento de Investigação e Ação Penal (DCIAP) considerou ultimados os procedimentos de notificação da acusação que apresentou no processo 'Operação Marquês', com a entrega ou disponibilização aos arguidos e aos assistentes dos "abundantes meios de prova em que afirmava basear as gravíssimas imputações feitas" a José Sócrates.
O inquérito 'Operação Marquês' tem 28 arguidos acusados - 18 pessoas e nove empresas - e está relacionada com a prática de quase duas centenas de crimes de natureza económico-financeira.
José Sócrates, que chegou a estar preso preventivamente durante 10 meses e depois em prisão domiciliária, está acusado de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada.
Entre outros pontos, a acusação sustenta que Sócrates recebeu cerca de 34 milhões de euros, entre 2006 e 2015, a troco de favorecimentos a interesses do ex-banqueiro Ricardo Salgado no Grupo Espírito Santos (GES) e na PT, bem como por garantir a concessão de financiamento da Caixa Geral de Depósitos ao empreendimento Vale do Lobo, no Algarve, e por favorecer negócios do Grupo Lena.
Além de Sócrates, estão acusados o empresário Carlos Santos Silva, amigo de longa data e alegado `testa de ferro´ do antigo líder do PS, o ex-presidente do BES Ricardo Salgado, os antigos administradores da PT Henrique Granadeiro e Zeinal Bava e o ex-ministro e antigo administrador da CGD Armando Vara, entre outros.
A acusação deduziu também um pedido de indemnização cível a favor do Estado de 58 milhões de euros a pagar por José Sócrates, Ricardo Salgado, Carlos Santos Silva, Armando Vara, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava e outros acusados.
Avelino Graca · 
Trabalha na Empresa Estado
Diz o MP que abriu um inquérito pela divulgação de videos sobre a Operação Marquês?.Não me parece que haja cridibilidade no dito inquérito,olhando que estes videos só poderam ser vistos qorque alguém com ligações à Justiça os forneceu à SIC.A minha opinião vale o que vale,mas eu não acredito nesse inquérito.
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Lisa Thompson
A nossa Justiça no seu pior, podemos equiparar aos brasileiros. Uma vergonha e a verdade é que não se pode acusar sem provas. Há 5 anos que assistimos a esta palhaçada. E se fosse consigo? E se de repente formos acusados de algo sem provas?
Carlos Melo Bento · 
Trata-se de um precedente muito delicado que contribui para apagar o prestígio do estado com o que ninguém ganha, antes pelo contrário...
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Jorge Mp · 
Muitos inquéritos abrem estes gajos do 'Mistério' Público. A bruxa da escola politécnica anda a fazer o quê?
Enrique Bunbury · 
isto e uma vergonha, quer seja culpado ou nao. isto e simplesmente inaceitavel, coloca a justica portuguesa ao nivel da camorra siciliana.
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