domingo, 15 de abril de 2018

Para muitos dos seus apoiantes, foi Trump quem ultrapassou uma linha vermelha


Direita radical norte-americana dá sinais de desgaste no apoio ao Presidente, o que pode ter consequências negativas para o Partido Republicano nas eleições de Novembro.
A direita radical é contra intervenções militares no estrangeiro
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A direita radical é contra intervenções militares no estrangeiro LUSA/NEIL HALL
Depois de ter chegado à Casa Branca com a promessa de construir um muro na fronteira com o México, e de deixar para outros países o papel de polícia do mundo, o Presidente Donald Trump começa a sentir os primeiros olhares desconfiados dos seus apoiantes mais fervorosos.
O ataque com mísseis Tomahawk contra uma base aérea síria, em Abril do ano passado, já tinha irritado muitos dos que acreditaram na promessa de uma "America First" – ou na versão dessa promessa com que mais se identificaram, que passa pela saída dos EUA de qualquer cenário de guerra.
Depois disso, já este ano, Trump sentiu-se forçado a despejar uma torrente de tweets sobre imigração em cima dos seus apoiantes, depois das notícias sobre uma "caravana" de cidadãos da Guatemala e das Honduras que se dirigiam para a fronteira dos EUA – muitos apoiantes ficaram impacientes e começaram a perguntar onde estava o tal muro prometido pelo candidato Trump.
Essa aparente onda de desilusão – que ainda não se generalizou, mas que será difícil de travar se o muro não for mesmo construído e se Trump continuar a congratular-se com ataques contra países distantes – cresceu mais um pouco este fim-de-semana, depois de uma nova operação contra alvos na Síria.
Nos últimos dias, uma das mais influentes vozes da direita radical norte-americana, Ann Coulter, publicou e partilhou vários tweets que lembram a Trump as suas promessas eleitorais – ou, por outras palavras, a razão que levou milhões de norte-americanos descontentes com "o sistema" a votarem nele.
"É preciso que alguém lembre ao Trump que ele foi eleito para pôr a América em primeiro lugar e para pôr fim a intermináveis e desnecessárias guerras, e não para agir como se fosse a força aérea do ISIS", lê-se num dos tweets. Noutro, há um recado para Trump sobre as eleições para o Congresso, em Novembro, em que o Partido Republicano terá dificuldades para manter a maioria na Câmara dos Representantes: "Que grande ideia teve ao minar e desmoralizar a sua base de apoio mesmo antes das eleições intercalares, Trump."
Para outro dos mais conhecidos apoiantes do Presidente norte-americano, o radialista Alex Jones, o Donald Trump da campanha eleitoral está morto e enterrado, depois do ataque contra a Síria: "Estragaram o Trump. Se ele me voltar a ligar, vou dizer-lhe que tenho vergonha dele", disse o radialista, que promoveu a candidatura de Trump junto dos seus ouvintes.
Quinze meses depois de Trump ter chegado à Casa Branca, os seus apoiantes na direita radical criticam-no por ainda não ter conseguido cumprir a promessa de construir um muro na fronteira com o México e, mais recentemente, por ter levado para a sua equipa o "falcão" John Bolton – um dos representantes da ala neoconservadora que prevaleceu na Administração de George W. Bush, e que é um dos inimigos de estimação de grande parte da direita que apoia Donald Trump.

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